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A maioria dos indivíduos infectados com o vírus SARS-CoV-2 não necessitou de
hospitalização, no entanto, algumas pessoas desenvolveram sintomas prolongados. Esse
evento que ficou conhecido como COVID longa ou sintomas pós-COVID-19, e foi
observado que ter morbidades ou multimorbidade prévias, predispôs desfechos ruins da
COVID-19. Neste sentido, o presente estudo objetivou avaliar a associação entre
COVID longa, morbidades e multimorbidade em adultos e idosos após seis a nove
meses da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 no municípiode Rio Grande, RS. Tratou-se
de um estudo transversal, realizado em uma amostra com idade igual ou superior a 18
anos, com diagnóstico de COVID-19 por meio do teste de RT-PCR no período de
dezembro de 2020 a março de 2021, sintomáticos e residentes na zona urbana do
município de Rio Grande, RS, Brasil. Foi utilizado o desfecho COVID longa, avaliado a
partir da resposta afirmativa para pelo menos um dos 18 sintomas remanescentes
investigados, que foram categorizados em sintomas osteomusculares, neurológicos,
respiratórios, sensoriais e digestórios de COVID longa. As morbidades foram avaliadas
a partir da presença de pelo menos uma das 11 doenças autorreferidas investigadas. Os
dados foram analisados por meio do pacote estatístico Stata 15.0. Para avaliar a relação
entre COVID longa, morbidades e multimorbidade, foram realizadas análises brutas e
ajustadas por meio da regressão de Poisson. Todas as associações com IC95% sem
sobreposição entre as categorias foram consideradas estatisticamente significativas. Das
2.919 pessoas entrevistadas, 48,3% tinham pelo menos um sintoma de COVID longa, e
45,0% apresentavam uma morbidade preexistente. Destacou-se a ansiedade (26,3%),
hipertensão arterial (25,3%) e depressão (19,4%) as morbidades mais prevalentes.
Foram observadas altas taxas de sintomas neurológicos de COVID longas entre
indivíduos com depressão (40,8%; IC95% 36,8-44,9) e osteoporose (41,6%; IC95%
33,2-50,5) prévias, e sintomas osteomusculares entre aqueles com osteoporose (45,6%;
IC95% 37,0-54,5). Indivíduos com depressão possuíam relação com COVID longa
(RP=1,17 IC95% 1,05-1,30), sintomas neurológicos (RP=1,44 IC95% 1,20-1,68) e
sintomas osteomusculares (RP=1,31 IC95% 1,09-1,57). Aqueles com ansiedade
possuíam relação com COVID longa (RP=1,33 IC95% 1,21-1,47), sintomas digestórios
(RP=1,92 IC95% 1,00-3,69), sintomas sensoriais (RP=1.38 (IC95% 1,12-1,70),
sintomas respiratórios (RP=1,44 IC95% 1,24-1,69), sintomas neurológicos (RP=1,44
IC95% 1,24-1,69) e sintomas osteomusculares (RP=1,42 IC95% 1,20-1,68). Com
relação a multimorbidade e sintomas de COVID longa, 17,8% dos apresentavam duas
morbidades prévias e 22,6% três ou mais. Indivíduos com duas morbidades possuíam
relação com COVID longa (RP=1,22 IC95% 1,07-1,39) e sintomas osteomusculares
(RP=1,36 IC95% 1,09-1,70). Ter três ou mais morbidades possuía relação com COVID
longa (RP=1,40 IC95% 1,24-1,57), sintomas digestórios (RP=4,34 IC95% 1,94-9,70),
sintomas sensoriais (RP=1,40 IC95% 1,08-1,82), sintomas respiratórios (RP=2,09
IC95% 1,57-2,78) e sintomas neurológicos (RP=1,60 IC95% 1,33-1,94). Indivíduos
com duas e três morbidades ou mais possuíam 1,22 (IC95% 1,07-1,39) e 1,40 (IC95%
1,24-1,57) respectivamente vezes maior probabilidade de desenvolver COVID longa.
Aqueles com duas morbidades possuíam 1,36 (IC95% 1,09-1,70) vezes maior
probabilidade e com três ou mais morbidades possuíam 1,75 (IC95% 1,44-2,13) vezes
maior probabilidade de desenvolver sintomas osteomusculares. Os achados desta
pesquisa reforçam a maior vulnerabilidade de indivíduos com morbidades e
multimorbidade para COVID longa, e a importância deconsiderar que as morbidades e
multimorbidade sejam acompanhadas e incluídas em planos estratégicos de saúde da
população, em especial naqueles infectados pelo SARS-CoV-2. |
pt_BR |
dc.description.abstract |
Most individuals infected with the SARS-CoV-2 virus did not require hospitalization,
however, some people did develop prolonged symptoms. This event that became known
as long COVID or post-COVID-19 symptoms, and it was observed that having previous
morbidities or multimorbidity predisposed poor outcomes of COVID-19. In this sense,
the present study aimed to evaluate the association between long COVID, morbidities
and multimorbidity in adults and the elderly after six to nine months of infection with
the SARS-CoV-2 virus in the city of Rio Grande, RS. This was a cross-sectional study,
carried out in a sample aged 18 years or over, diagnosed with COVID-19 through the
RT-PCR test in the period from December 2020 to March 2021, symptomatic and
residing in the urban area of the municipality of Rio Grande, RS, Brazil. The long
COVID outcome was used, assessed from the affirmative response to at least one of the
18 remaining symptoms investigated, which were categorized into musculoskeletal,
neurological, respiratory, sensory and digestive symptoms of long COVID. Morbidities
were assessed based on the presence of at least one of the 11 self-reported diseases
investigated. Data were analyzed using the Stata 15.0 statistical package. To assess the
relationship between long COVID, morbidities and multimorbidity, crude and adjusted
analyzes were performed using Poisson regression. All associations with 95%CI
without overlap between categories were considered statistically significant. Of the
2,919 people interviewed, 48.3% had at least one long-term COVID symptom, and
45.0% had pre-existing morbidity. Anxiety (26.3%), hypertension (25.3%) and
depression (19.4%) stood out as the most prevalent morbidities. High rates of
neurological symptoms were observed among individuals with previous depression
(40.8%; 95%CI 36.8-44.9) and osteoporosis (41.6%; 95%CI 33.2-50.5), and symptoms
musculoskeletal disorders among those with osteoporosis (45.6%; 95%CI 37.0-54.5).
Individuals with depression were related to long COVID (RP=1.17 95% CI 1.05-1.30),
neurological symptoms (RP=1.44 95% CI 1.20-1.68) and musculoskeletal symptoms
(RP=1 .31 95%CI 1.09-1.57). Those with anxiety were related to long COVID
(RP=1.33 IC95% 1.21-1.47), digestive symptoms (RP=1.92 IC95% 1.00-3.69), sensory
symptoms (RP=1.38 (95%CI 1.12-1.70), respiratory symptoms (RP=1.44 95%CI 1.24-
1.69), neurological symptoms (RP=1.44 95%CI 1.24-1.69) and musculoskeletal
symptoms (PR=1.42 95% CI 1.20-1.68). Regarding multimorbidity and symptoms of
long COVID, 17.8% of those had two previous morbidities and 22.6% had three or
more. Individuals with two morbidities were related to long COVID (RP=1.22 CI95%
1.07-1.39) and musculoskeletal symptoms (RP=1.36 CI95% 1.09-1.70). Having three or
more morbidities was related to Long COVID (RP=1.40 95% CI 1.24-1.57), digestive
symptoms (RP=4.34 95% CI 1.94-9.70), sensory symptoms (RP=1.40 95% CI 1, 08-
1.82), respiratory symptoms (RP=2.09 95% CI 1.57-2.78) and neurological symptoms
(RP=1.60 95% CI 1.33-1.94). Individuals with two and three morbidities or more were
1.22 (95%CI 1.07-1.39) and 1.40 (95%CI 1.24-1.57) respectively times more likely to
develop long COVID. Those with two morbidities were 1.36 (95%CI 1.09-1.70) times
more likely and those with three or more morbidities were 1.75 (95%CI 1.44-2.13)
times more likely to develop musculoskeletal symptoms . The findings of this research
reinforce the greater vulnerability of individuals with morbidities and multimorbidity to
long COVID, and the importance of considering that morbidities and multimorbidity are
monitored and included in strategic health plans for the population, especially in those
infected with SARS-CoV-2. |
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