Abstract:
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) representa uma das principais
causas de morbidade e mortalidade em adultos maiores de 40 anos. Alterações na
biomecânica ventilatória são observadas nestes pacientes. A disfunção diafragmática no
paciente DPOC é incapacitante e está associada à mortalidade. A intolerância ao
exercício também está diretamente relacionada à qualidade de vida e prognóstico destes
pacientes ea alteração da mobilidade diafragmática parece limitar essa tolerância.Esse
estudo teve como objetivo avaliar a mobilidade diafragmática, a gravidade da doença e
a tolerância ao esforço de pacientes DPOC. Trata-se de um estudo transversal de base
hospitalar em pacientes adultos, clinicamente estáveis, com diagnóstico de DPOC de
acordo com as diretrizes GOLD 2019 em diferentes estágios de gravidade da doença
(leve, moderada e grave/muito grave).Foram excluídos os pacientes que apresentaram
exacerbação da doença durante o estudo ou nos dois últimos meses que antecedem o
mesmo, incapaz de realizar qualquer uma das avaliações do estudo por falta de
compreensão ou colaboração e que apresentaram intercorrências clínicas de natureza
cardiorrespiratória e/ou musculoesquelética durante as avaliações.A mobilidade
diafragmática foi avaliada por ultrassonografia, transdutor curvilíneo 1-5Mhz, em
decúbito dorsal a 45°. A medida foi realizada no modo M pelo deslocamento
craniocaudal em cm. O teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi realizado conforme
as diretrizes sugeridas pela American Thoracic Society. O COPD Assessment Test
(CAT) e a escala de Borg modificada foram utilizados para avaliar a qualidade de vida e
o grau de dispneia do paciente, respectivamente. De um total de 69 pacientes, elegíveis
no período de estudo, 3 foram excluídos por falta de dados da espirometria no
prontuário. Sessenta e seis pacientes incluídos, foram categorizados em 3 grupos DPOC
leve (n=16) DPOC moderado (n=30) e DPOC grave/muito grave (n=20). A média de
idade dos pacientes foi de 63,7 ± 9,4 anos, 53% do sexo feminino e o Índice de Massa
Corporal (IMC) médio foi de 27,6 ± 5,5 kg/m². A mobilidade diafragmática não se
correlacionou com a distância percorrida no TC6 (p=0,8), os escores de CAT (p=0,2) e
gravidade da doença (p=0.9), também não se correlacionou com outras variáveis
clínicas e funcionais (frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, saturação
periférica de oxigênio SPO2 e escores de Borg). Em nosso estudo, as medidas de
mobilidade diafragmática parecem incapazes de identificar a gravidade da doença e se
correlacionar com variáveis clínicas e funcionais que podem predizer o risco de piora
dos sintomas e exacerbação da doença. Porém, a utilização de novas técnicas de análise
do comprometimento pulmonar e muscular deve ser aprimorada e poderá contribuir
para fatores associados a complexidade da doença.
Chronic Obstructive Pulmonary Disease (COPD) represents one of the leading
causes of morbidity and mortality in adults over 40 years of age. Changes in the
ventilatory biomechanics are observed in these patients. Diaphragmatic dysfunction in
COPD patients is disabling and associated with mortality. Exercise intolerance is also
directly related to these patients, quality of life and prognosis, and altered diaphragmatic
mobility seems to limit this tolerance. This study aimed to assess diaphragmatic
mobility, disease severity, and exercise tolerance in COPD patients. It is a hospitalbased cross-sectional study in clinically stable adult patients diagnosed with COPD
according to GOLD 2019 guidelines in different stages of disease severity (mild,
moderate, and severe/very severe). Patients who presented disease exacerbation during
the study or within the last two months prior to the study, those who were unable to
perform any of the study assessments due to lack of understanding or cooperation, and
who presented clinical complications of cardiorespiratory and/or musculoskeletal nature
during the assessments were excluded. Diaphragmatic mobility was assessed by
ultrasound, curvilinear transducer (1-5 Mhz), in dorsal decubitus at 45°. The
measurement was performed in M-mode by craniocaudal displacement in cm. The 6-
minute walk test (6MWT) was performed by following the guidelines suggested by the
American Thoracic Society. We used the COPD Assessment Test (CAT) and the
modified Borg scale to assess the patient's quality of life and dyspnea levels,
respectively. Continuous data were reported as either mean and standard deviation or
median and interquartile range, depending on the distribution of the variables. Paired
and unpaired Student's t-tests were used to compare two groups and ANOVA for three
or more groups. Pearson's correlation or Kendall rank correlation test was used to assess
the associations between variables, as appropriate. The significance level used in these
procedures was p<0.05, and we performed the statistical tests in the R Core Team
software. Of 69 eligible patients in the study period, three were excluded due to a lack
of spirometry data in the medical records. Sixty-six patients were categorized into 3
groups: Mild COPD (n=16) Moderate COPD (n=30) and severe/very severe COPD
(n=20). The mean age of the patients was 63.7 ±9.4 years, 53% of them were female,
and the mean Body Mass Index (BMI) was 27.6 ±5.5 kg/m². Diaphragmatic mobility
did not correlate with the distance walked on the 6MWT (p=0.8), CAT scores (p=0.2),
and disease severity (p=0.9); it also did not correlate with other clinical and functional
variables (heart and respiratory rate, blood pressure, peripheral oxygen saturation SpO2
and Borg scores). In our study, diaphragmatic mobility measurements seem unable to
identify disease severity and correlate with clinical and functional variables that may
predict the risk of worsening symptoms and disease exacerbation. However, more
studies are needed.