Abstract:
A dor na coluna vertebral é um sintoma multifatorial com aumento progressivo no
número de casos nas últimas décadas. Com a implementação das medidas restritivas
pela pandemia por Covid-19 pode ter motivado hábitos posturais inadequados e
propiciado a dor nas costas. O objetivo foi investigar a sintomatologia de dor
musculoesquelética na coluna vertebral e sua relação com comportamentos de risco sob
uma perspectiva epidemiológica antes e durante as medidas restritivas na pandemia por
Covid-19 nos municípios de Rio Grande, RS e Criciúma, SC. O delineamento foi
experimental comunitário para averiguar o antes-e-durante a pandemia por Covid-19
(intervenção) nos municípios. O antes foi verificado com dados sobre dor na coluna
vertebral das pesquisas realizadas em Rio Grande, RS (2016) e Criciúma (2019) sem
intervenção (pandemia). O durante foi com dados (2020) nos dois municípios com
intervenção (pandemia). Foram incluídos adultos maiores 18 anos e excluídos
indivíduos institucionalizados em asilos, hospitais, presídios ou com déficit cognitivo,
que tenham dificuldades em responder ao questionário. A amostragem foi probabilística
em dois estágios. A coleta foi através de questionários com perguntas fechadas. O
desfecho foi dor na coluna vertebral. A dor sentida repentinamente ou inferior a três
meses era considerada aguda, se ultrapassasse esse período, crônica. A intensidade da
dor variou entre 0 (nenhuma dor) a 10 (pior dor sentida). As variáveis independentes
abrangeram demográficas, socioeconômicas, comportamentais e de saúde. Como
resultados antes da pandemia: Em Rio Grande, RS a dor crônica na coluna vertebral
(DCC) foi 20,7% (IC 95%: 18,3, 23,0), mais evidente nas mulheres (26,0%), sendo que
31% das pessoas com DCC faltou ao trabalho e 68% visitaram o médico durante um
período de 12 meses. Em Criciúma, a dor aguda foi 39,3% (IC 95%: 35,5% a 43,3%) e
DCC 27,4% (IC 95%: 24,5% a 30,4%). A dor aguda foi maior entre pessoas com
sobrepeso / obesidade e a DCC contribuiu para o absenteísmo e a demanda por serviços
de saúde. Durante a pandemia, a prevalência de dor nas costas nos dois municípios foi
de 22,1% (IC 95%: 20,3 a 23,8%). Indivíduos que trabalhavam remotamente tiveram
2,45 vezes mais chance de sentir dor aguda na região cervical e 79% mais chance de
sentir dor lombar crônica. A intensidade da dor foi em média 1,09 pontos maior durante
o confinamento. A exposição a ambientes ergonomicamente inadequados e jornadas de
trabalho mais longas pode ter um impacto negativo na dor nas costas.
Back pain is a multifactorial symptom with a progressive increase in the number of
cases in recent decades. With the implementation of restrictive measures by the Covid19 pandemic, it may have motivated inadequate postural habits and led to back pain.
The aim was to investigate the symptoms of musculoskeletal pain in the spine and its
relationship with habits and risk behaviors from an epidemiological perspective before
and during restrictive measures in the Covid-19 pandemic in the cities of Rio Grande,
RS and Criciúma, SC. The design was an experimental community to investigate the
before-and-during the Covid-19 pandemic (intervention) in the municipalities. The
before was verified with data about back pain from surveys conducted in Rio Grande,
RS (2016) and Criciúma (2019) no intervention (pandemic). The during was with data
(2020) in the two municipalities with intervention (pandemic). Adults over 18 years of
age were included, and individuals institutionalized in nursing homes, hospitals, prisons
or with cognitive impairment, who have difficulties in answering the questionnaire,
were excluded. Sampling was probabilistic in two stages. The collection was through
questionnaires with closed questions. The outcome was back pain. Pain felt suddenly or
less than three months was considered acute, if it went beyond this period, chronic. Pain
intensity ranged from 0 (no pain) to 10 (worst pain felt). Independent variables included
demographic, socioeconomic, behavioral and health variables. As results before the
pandemic: In Rio Grande, RS, chronic back pain (CBP) was 20.7% (95% CI: 18.3,
23.0), more evident in women (26.0%) , with 31% of people with CBP missing work
and 68% visited the doctor during a period of 12 months. In Criciúma, acute pain was
39.3% (95% CI: 35.5% to 43.3%) and CBP 27.4% (95% CI: 24.5% to 30.4%). Acute
pain was higher among overweight/obese people and chronic pain contributed to
absenteeism and demand for health services. During the pandemic, the prevalence of
back pain in both cities was 22.1% (95% CI: 20.3 to 23.8%). Individuals who worked
remotely were 2.45 times more likely to feel acute pain in the cervical region and 79%
more likely to feel chronic low back pain. Pain intensity was on average 1.09 points
higher during confinement. Exposure to ergonomically inappropriate environments and
longer working hours can have a negative impact on back pain.