Tecnoestresse na docência: sentimentos de professores de matemática da educação básica

Abstract

A crescente utilização das tecnologias digitais tem modificado o modo de viver em diferentes âmbitos da vida social e de trabalho devido à sua disseminação que tem permitido outras maneiras de interação social. Nesse sentido, o uso dessas tecnologias no ambiente de trabalho, nas escolas e em diferentes contextos tornou- se inevitável, porém, elas podem desencadear problemas sociais e físicos. Nesse âmbito, surge o termo “tecnoestresse” que é conceituado por Salanova (2003) como um estado psicológico negativo relacionado ao uso de tecnologias digitais ou com a ameaça que essa pode causar em seu uso futuro e que é constituído por quatro dimensões: fadiga, ansiedade, ineficácia e descrença. Assim, essa pesquisa problematiza o tecnoestresse no contexto da docência e tem como objetivo compreender os sentimentos de professores de Matemática que atuam na educação básica, considerando as implicações das dimensões do tecnoestresse que são percebidas na prática pedagógica. Para entender o campo de estudo, realizou-se um mapeamento de dissertações, teses e artigos sobre o tecnoestresse em professores. Observou-se que no Brasil, as pesquisas acadêmicas e científicas relacionadas ao estudo deste tema são deficitárias, o que reafirma a necessidade de fomentar pesquisas sobre o tecnoestresse no contexto da docência. Por meio de pesquisas e atividades dos programas brasileiros de pós-graduação pode-se contribuir para a promoção de estratégias que visem o bem-estar dos professores na era digital. Os colaboradores deste estudo são cinco professores atuantes da rede pública de ensino do município de Rio Grande, Rio Grande do Sul. Optou-se por produzir os registros do presente estudo por meio de entrevistas individuais com cada um dos cinco participantes. Para compreender as perspectivas acerca do tecnoestresse desse coletivo de professores, utilizou-se a técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Com o operar do método foi possível construir três discursos intitulados: uso das tecnologias digitais no contexto social, dos estudos e do trabalho; tecnologias digitais como potencial pedagógico; desafios do trabalho com tecnologias digitais. A partir da análise destes discursos foram determinadas seis dimensões de enfrentamento do tecnoestresse docente. São elas: tecnoaceitação, tecnorresiliência, tecnocolaboração, tecnoapoio, tecnoformação e tecnoinfraentrutura. Acredita-se que, ao integrar tais dimensões em sua prática docente, os educadores podem garantir uma transição para ambientes de aprendizagem digitalmente habilitados minimizando os efeitos do tecnoestresse em sua saúde física e mental.The increasing use of digital technologies has changed the way of living in different areas of social and work life due to their dissemination, which has allowed other forms of social interaction. In this regard, the use of these technologies in the workplace, in schools and in different contexts has become inevitable, however, they can trigger social and physical problems. From this viewpoint, the term “technostress” emerges, which is conceptualized by Salanova (2003) as a negative psychological state related to the use of digital technologies or the threat that this may cause in their future use, which is made up of four dimensions: fatigue, anxiety, ineffectiveness and disbelief. Therefore, this research problematizes technostress in the context of teaching and aims to understand the feelings of Mathematics teachers who work in basic education, considering the implications of the dimensions of technostress that are perceived in pedagogical practice. To understand the field of study, a mapping of dissertations, theses and articles on technostress in teachers was carried out. It was observed that in Brazil, academic and scientific research related to the study of this topic is deficient, which reaffirms the need to promote research on technostress in the context of teaching. Through research and activities of Brazilian postgraduate programs, it is possible to contribute to the promotion of strategies aimed at the well-being of teachers in the digital era. The collaborators of this study are five teachers working in the public education network in the city of Rio Grande, Rio Grande do Sul. It was decided to produce the records for the present study through individual interviews with each of the five participants. To understand the perspectives regarding the technostress of this group of teachers, the Collective Subject Discourse (CSD) analysis technique was used. Using the method, it was possible to construct three discourses entitled: use of digital technologies in the social, study and work context; digital technologies as pedagogical potential; difficulties working with digital technologies. From the analysis of these speeches, six dimensions of coping with teaching technostress were determined. They are techno-acceptance, techno-resilience, techno-collaboration, techno-support, techno-training and techno-infrastructure. It is believed that, by integrating such dimensions into their teaching practice, educators can ensure a transition to digitally enabled learning environments, minimizing the effects of technostress on teachers' physical and mental health.