Universidade
Federal do Rio Grande
  • Alto contraste


 

Narrativas de crianças dos anos iniciais do ensino fundamental em interface com as questões de gênero: as possíveis revoltas diárias de uma educação física escolar

Imagem de Miniatura

Resumo

Esta dissertação foi produzida no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências, na linha de pesquisa “Discursos, Culturas e Subjetividades na Educação em Ciências”. A pesquisa teve como objetivo problematizar as narrativas de crianças dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de uma escola da rede privada do município de Rio Grande/RS – sobre os atravessamentos possíveis das questões de gênero nas práticas corporais e em suas aulas de Educação Física. O estudo situa-se em uma perspectiva pós-estruturalista e fundamenta-se em teorizações que conceituam gênero como uma construção social, histórica e cultural que inscreve marcas, comportamentos, performances e representações nos corpos das crianças, determinando apenas uma maneira de ser menino ou menina. Nesse viés, buscamos através dos fluxos de uma educação menor, maneiras de fomentar o pensamento e a reflexão das crianças sobre as questões de gênero nas práticas corporais e cotidianas da escola. Para o desenvolvimento deste estudo foi utilizada a investigação narrativa, sendo o material empírico constituído pelos diários narrativos de 51 crianças que fizeram parte do estudo, os quais contam as diferentes formas como elas foram tocadas pelas estratégias adotadas ao longo da pesquisa. Os diários foram organizados em três categorias analíticas: “práticas generificadas no cotidiano das crianças”, “práticas corporais na produção de corpos generificados” e “meninas, mulheres e práticas esportivas”. A partir de cada uma delas, foram estabelecidas discussões possíveis. Trata-se de uma reflexão frente às respostas das crianças, que permitem esperançar e provocam a perceber a urgência na efetivação de espaços que valorizem suas vozes. Para isso, é preciso buscar maneiras de escapar aos modelos, de rastrear caminhos a partir de pistas que vamos encontrando. Por meio das análises, percebemos gênero como uma categoria relacional que atravessa de diferentes formas a vida das crianças, seja nas práticas cotidianas, nos discursos culturais, nas opções de divertimento, nos jogos e esportes, na constituição dos corpos e nos espaços de ocupação. O currículo, seguindo os pressupostos de uma educação maior, imprime no cotidiano escolar uma reprodução de modelos que escapam a essas discussões. No entanto, é preciso atentar ao que os corpos das crianças vêm denunciando: não é possível falar de um corpo que se esgota no biológico e em atributos femininos ou masculinos. É preciso levar em consideração as subjetividades que o constituem por meio da socialização e da interação com a diversidade de realidades e experiências, não através de um sistema normativo que apresenta um único padrão possível. Assim, através das possibilidades de aprendizado insuspeitas, encontramos brechas que escapam a qualquer controle, opondo resistência e criando outras possibilidades de abordar temáticas silenciadas como gênero. Nessa perspectiva, a Educação Física assume um papel importante quando problematiza o corpo, os lugares/espaços, gestos que meninos/as produzem e assegura a equidade de oportunidades a diferentes corpos que pensam, sentem, agem e se constroem através do movimento.
This dissertation was produced in the Graduate Program in Science Education, in the line of research “Discourses, Cultures and Subjectivities in Science Education”. The research aimed to problematize the narratives of children in the Early Years of Elementary Education at a private school in the city of Rio Grande/RS – about the possible crossings of gender issues in body practices and in their Physical Education classes. The study is based on a post- structuralist perspective and is based on theorizations that conceptualize gender as a social, historical and cultural construction that inscribes marks, behaviors, performances and representations on children's bodies, determining just one way of being a boy or girl. girl. In this vein, I seek, through the flows of a minor education, ways to encourage children's thinking and reflection on gender issues in body practices and everyday school life. For the development of this study, narrative investigation was used, with the empirical material consisting of the narrative diaries of 51 children who took part in the study, which tell the different ways in which they were touched by the strategies adopted throughout the research. The diaries were organized into three analytical categories: “gendered practices in children's daily lives”, “corporal practices in the production of gendered bodies” and “girls, women and sports practices”. From each of them, possible discussions were established. It is a reflection on the children's responses, which allow us to hope and provoke us to perceive the urgency of creating spaces that value their voices. For this, it is necessary to look for ways to escape the models, to trace paths from the clues that we find. Through the analyses, we perceive gender as a relational category that crosses children's lives in different ways, whether in everyday practices, in cultural discourses, in entertainment options, in games and sports, in the constitution of bodies and in spaces of occupation. The curriculum, following the presuppositions of a higher education, imprints in the school routine a reproduction of models that escape these discussions. However, it is necessary to pay attention to what the children's bodies have been denouncing: it is not possible to talk about a body that is exhausted in biology and in feminine or masculine attributes. It is necessary to take into account the subjectivities that constitute it through socialization and interaction with the diversity of realities and experiences, not through a normative system that presents a single possible standard. Thus, through unsuspected learning possibilities, we find loopholes that escape any control, opposing resistance and creating other possibilities to address silenced themes such as gender. From this perspective, Physical Education assumes an important role when it problematizes the body, places/spaces, gestures that boys produce and ensures equal opportunities for different bodies that think, feel, act and build themselves through movement.

Descrição

Dissertação (mestrado)

Palavras-chave

Práticas Generificadas, Educação Física escolar, Educação Menor, Crianças, Generified Practices, School Physical Education, Minor Education, Children

Citação

GAUBERT, Júlia Moita. Narrativas de crianças dos anos iniciais do ensino fundamental em interface com as questões de gênero: as possíveis revoltas diárias de uma educação física escolar. 2022. 155f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências, Instituto de Educação, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2022.

Avaliação

Revisão

Suplementado Por

Referenciado Por

Página do item completo