Por uma pedagogia antiespecista: experiências em prol de relações biocêntricas entre crianças e animais em escolas da cidade do Rio Grande/RS

Abstract

A negação à ternura se faz presente em muitas instituições sociais. A complexa relação cognitiva-afetiva, principalmente no processo de ensino-aprendizagem, evidencia a fenda ainda maior ao encontro terno com o outro, que não o autoproclamado humano, separação advinda do paradigma antropocêntrico especista herdado pela sociedade ocidental, que consiste em uma suposta supremacia perante aos outros seres em suas mais diversas formas de vida. Considerando a educação como processo dialógico crítico-reflexivo para a libertação, propomos problematizar a influência da conexão afetividade-cognitividade no despertar de novos olhares para as relações com os animais, no percurso de reconhecimento e superação do especismo, e investigar que práticas pedagógicas antiespecistas, com vistas à sacralização da vida, que recuperem e aprofundem a conexão (perdida/banida/exilada) entre cognição e sensibilidade, são possíveis, no presente, nas escolas. Percorre a memória, a narrativa autobiográfica da própria pesquisadora, como fonte e ferramenta metodológica de pesquisaformação, concomitantemente ao método de análise documental e bibliográfico, dialogando com referenciais teóricos importantes como Paulo Freire, Leon Denis, Sônia Felipe, Miguel Arroyo, Luis Carlos Restrepo, Marco Maurizi, na construção e defesa de pedagogias outras, aqui proposta como uma pedagogia antiespecista. O estudo recuperou fatias de um passado de lutas e resistências na defesa de políticas públicas conquistadas pelos direitos animais na cidade do Rio Grande/RS, inscrevendo, a partir das experiências docentes e discentes, outras possibilidades de comprometimento com o outro, como exigência ética ao (re)criar diferentes críticos/reflexivos/ternos olhares, pensamentos, comportamentos, com vistas à transformação, ao desfazer os nós internalizados do especismo, isto é, do preconceito e da estrutura social de exploração, através de uma educação centrada na vida.

Denial to tenderness is very present in many social institutions. The complex cognitiveaffective relationship, especially in the teaching-learning process, highlights a much greater gap in the tender encounter with the other, rather than the self-proclaimed human. This separation comes from the speciesist anthropocentric paradigm inherited by the western society, which consists of an alleged supremacy before the other living beings in their most diverse forms of life. Considering education as a critical-reflexive dialogic process for freedom, this work proposes to problematize the influence of the affectivity-cognitive connection in the arousing of new perspectives towards the relationship with animals in the path of acknowledging and overcoming the speciesism. It also investigates which antispeciesist pedagogical practices, which are based on the sacralization of life, recovers and deepens the (lost/banned/exiled) connection between cognition and sensitivity, are possible nowadays in schools. Going through her memories, the researcher’s autobiographic narrative is a source and a methodological tool of research-training, concomitantly to the method of bibliographic and documental analysis, and dialogues with important theoretical referential such as Paulo Freire, Leon Denis, Sônia Felipe, Miguel Arroyo, Luis Carlos Restrepo, Marco Maurizi in the construction and defense of other pedagogies, proposed here as an antispeciesist pedagogy. This study recollected slices of a past of struggles and resistance on the defense of public policies conquered by the animal rights in Rio Grande/RS, inscribing, from teachers and students’ experiences, other possibilities of commitment with the other as an ethical demand in (re)creating different critical/reflexive/tender eyes, thoughts, behaviors with the objective of transformation when untying the internalized knots of speciesism, that is, the prejudice and social structure of exploration through an education centered in life.