Abstract:
A violência no ambiente familiar é um dos motivos mais citados por crianças e adolescentes em situação de rua para justificar o abandono do lar. O presente estudo visa a investigar como as crianças e adolescentes nesta condição percebem suas famílias. Foram entrevistadas 50 crianças e adolescentes, 27 nas instituições e 23 nas ruas. Apesar das diferenças nas percepções entre institucionalizados e entrevistados nas ruas, os dados revelam que a maioria apresenta sentimentos de afeto e aceitação alternados com indicações de maus tratos e rejeição dos familiares. Desta forma, os resultados sugerem que diferentes significados de família são construídos por estas crianças e adolescentes durante o processo de desenvolvimento. Pode-se constatar oscilações na forma de conceber uma família pensada - ou idealizada, referencial, corpo de regras - e a vivida - a que se desvela na realidade do cotidiano, principalmente no caso das crianças e adolescentes que vivem nas instituições.
Home violence is one of the reasons most frequently mentioned by street children to justify home abandonment. The present research aims to investigate how children under this condition perceive their families. Fifty children from two groups were interviewed: twenty-seven were in the institutions and twenty-three in the streets. Although the perceptions of the two groups of children were different, the results showed that most of them expressed affection and acceptance shifted with maltreatment and rejection toward their families. Therefore, the results suggest that these children along the developmental process construct different meanings of family. There are clear evidences of the oscillation in their conceptions of a thought family - idealized, referential, setting of social norms - and a lived family - the one that comes up in everyday life, mainly in the case of children who live in the institutions.