Abstract:
Objetivou-se conhecer como a pessoa com estomia vivência o processo de transição da
dependência de cuidados ao autocuidado à luz da Teoria das Transições de Meleis.
Pesquisa exploratória, descritiva com abordagem qualitativa no Serviço de
Estomaterapia do Hospital Universitário Dr Miguel Riet Corrêa Jr do Rio Grande/ RS/
Brasil com 27 pessoas com estomias definitivas por câncer. Os dados foram coletados
nos mês de janeiro e fevereiro de 2014 por meio de entrevista com roteiro
semiestruturado e submetidos à Análise de Conteúdo apoiada nas ideias da Teoria das
Transições de Afaf I. Meleis. Constatou-se que a natureza da transição situou-se no
processo tipo saúde/doença. A entrada no processo de transição deu-se a partir da
consciência desencadeada pelo diagnóstico de câncer, reforçado pela cirurgia de
estomização. O empenhamento surge ao dedicarem-se a construção do conhecimento
para o autocuidado frente às mudanças na sua vida e na sua nova relação com seu corpo,
mudando a visão de si, do mundo e dos outros. Destacou-se o espaço temporal como
algo dinâmico e variavelmente indeterminável, sendo fundamental para que se
organizem e reflitam acerca do seu novo viver, fortalecendo-se para que a transição
progrida. Verificaram-se como fatores facilitadores do autocuidado a construção de um
significado positivo à estomização, o preparo dessa experiência ainda no pré-operatório,
a estabilidade emocional, a fé e a religiosidade e a sensação de normalidade adquirida a
partir de uma imagem próxima da anterior. Referiram-se, ainda, ao fornecimento de
forma gratuita pelo governo das bolsas coletoras, adjuvantes e acessórios e ao
atendimento da equipe multiprofissional. Como fatores inibidores do processo de
transição encontraram-se a visão distorcida de seu corpo, o despreparo para viver com a
estomia, a instabilidade emocional, a desmotivação com afastamento de atividades
prazerosas, o cuidado excessivo e/ou estendido e até mesmo a superproteção da família,
as complicações como hérnias e prolapsos, a falta de atitudes positivas quanto à vida, a
negação da bolsa coletora, as tentativas frustradas de omitir o uso da bolsa coletora, a
falta do domínio do manuseio dos equipamentos, o afastamento do trabalho e as
dificuldades financeiras. Além destas, o abandono do parceiro, atitudes negativas e
estigmatizantes por parte da família e a baixa qualidade dos materiais fornecidos pelo
governo. Como indicadores de resultados identificaram-se a confiança para realizar
atividades anteriores, aceitação de sua situação, uma visão positiva de sua vida e da
capacidade de compartilhar o seu cuidado com sua família. Considera-se a saída da
transição quando este for capaz de dominar novas competências tanto para o cuidado
físico ao realizar a troca da bolsa coletora quanto readequando sua imagem e
autoconceito. Concluiu-se que o processo de transição da dependência de cuidados ao
autocuidado da pessoa com estomia é complexo e carregado de subjetividades. É
necessário que o enfermeiro estabeleça ações terapêuticas de enfermagem eficazes e
eficientes, contribuindo para a promoção e reabilitação da saúde deste, auxiliando-o na
aquisição de sua autonomia e independência, subsidiando seu autocuidado e bem-estar.
The objective was to know how a person with an ostomy lives the transition process
from being cared by others to being self-cared in light of the Theory of transitions of
Meleis. Exploratory research, descriptive with a qualitative approach in the
Stomatherapy Service of the University Hospital Dr. Miguel Riet Corrêa Jr, in Rio
Grande, Brazil conducted with 27 people with definitive ostomies caused by cancer.
The data was collected in January and February of 2014, through an interview with a
semi-structured script and were submitted to content analysis based in the ideas of the
theory of transitions by Afaf I. Meleis. It was observed that the nature of the transition
stood in the process type health/illness. The beginning of the transition process comes
from the awareness of the cancer diagnosis, reinforced by the stomization surgery.
The effort shows in the dedication demonstrated by the pacients in learning how to selfcare
facing the changes in their lives and in their new relation with their bodies,
changing their way of seeing themselves, the world and others. Time has stood out as
something dynamic and variably not determined, being fundamental so that the pacients
could organize and consider their new way of life, strengthening themselves in order for
the transitions to advance. It was shown as facilitating factors of self-care the
construction of a positive meaning towards the stomization, the preparation for this
experience before the surgery, the emotional stability, faith and religiousness and the
feeling of normality, a feeling built from an image of the self, closer to the one before
the surgery. The free supply of collecting bags, adjuvants, accessories and the health
care by a multi-professional team provided by the brazillian government was referred as
well. As inhibiting factors to the transition process were found : a distorted view of the
body, the unpreparedness to live with an ostomy, the emotional instability, the lack of
motivation caused by the distance from joyous activities, the excessive and/or extended
care and the overprotection by the family, the complications caused by hernias and
prolapses, the lack of a positive attitude towards life, the denial of a collecting bag, the
frustrated attempts of not using the collecting bag, the mishandling of equipment, the
distance from work and the financial difficulties. In addition to these, being left by the
spouse, negative and stigmatizing attitude by the family and the poor quality of the
material supplied by the government. As result indicators, the confidence to perform
previous activities , the acceptance of the situation, a positive view towards life and the
ability of sharing the care with the family were identified. It is considered the end of the
transition when the pacient is capable of perform new tasks relating to the physical care
such as, changing the bags, as much as rearrange its own perception of self. It was
concluded that the transition process of the person with na ostomy from being cared by
others to being self-cared and full of subjectivities. It is necessary for the nurse to
establish effective therapeutic actions in order to help with the reabilitation of the
patient, helping them to become independent and autonomous relating to care and
improving their well being.
Este estudio tuvo como objetivo conocer cómo la persona con estoma experimenta el
proceso de transición de la dependencia a la atención al autocontrol sob la Teoría de
Transiciones de Meleis. Investigación exploratoria, descriptiva con enfoque cualitativo
en el Departamento de Estomaterapia del Hospital Universitario Dr. Miguel Riet Correa
Jr de Río Grande/RS/Brasil, con 27 personas con estomas permanentes por cáncer. Los
datos han sido recolectados en enero y febrero de 2014 a través de entrevista con pauta
semiestructurada y sometidos al análisis de contenido apoyado en las ideas de la Teoría
de las Transiciones de Afaf I. Meleis. Se ha comprobado que la naturaleza de la
transición se estableció en el proceso tipo salud/enfermedad. La entrada en el proceso de
transición se ha logrado a partir de la conciencia provocada por el diagnóstico de cáncer
reforzada por la cirugía de estoma. El compromiso se manifiesta al dedicarse a la
construcción del conocimiento para el cuidado de sí mismo enfrente a los cambios de su
vida y de su nueva relación con su cuerpo, cambiando el punto de vista de uno mismo,
del mundo y de los demás. Se ha destacado el espacio temporal como algo dinámico,
variablemente indeterminable, siendo básico para organizar y reflexionar acerca de su
nueva vida, se haciendo fuerte para que la transición avance. Se han verificados como
factores que facilitan el autocontrol la construcción de un significado positivo a la
estoma, la preparación de esta experiencia incluso antes de la operación quirúrgica, la
estabilidad emocional, la fe y la religiosidad y el sentido de la normalidad adquirida a
partir de una imagen cerca de la anterior. También se han mencionó la provisión
gratuita por el gobierno de bolsas de recogida, complementos y accesorios y la atención
del equipo multidisciplinario. Como factores inhibidores del proceso de transición se
han percibido la visión distorsionada de su cuerpo, sin preparación para vivir con
estoma, la inestabilidad emocional, la falta de motivación con el alejamiento de
actividades placenteras, la atención excesiva y / o prolongada e incluso el exceso de
protección de la familia, las complicaciones como hernias y prolapsos, la falta de
actitudes positivas hacia la vida, la negación de la bolsa de recolección, los intentos
fallidos de omitir el uso de la bolsa de recolección, la falta de dominio del manejo de los
equipos, el receso laboral y las dificultades financieras . Además de estos, el abandono
de la pareja, actitudes negativas y separadoras por parte de la familia y la mala calidad
de los materiales suministrados por el gobierno. Como indicadores de resultados se han
identificado la confianza para realizar las actividades anteriores, la aceptación de su
situación, una visión positiva de su vida y su capacidad de compartir su atención con su
familia. Se considera la salida de transición cuando este fuera capaz de dominar nuevas
habilidades, tanto para la atención física para llevar a cabo el intercambio de la bolsa de
recogida cuanto la adaptación de su imagen y concepto de sí mismo. Se concluyó que la
transición de la dependencia de atención autocontrol de las personas con estoma es
compleja y cargada de subjetividad. Es necesario que el enfermero establezca acciones
terapéuticas eficaces y eficientes de enfermería, contribuyendo para la promoción y
rehabilitación de la salud de este, ayudándolo en la adquisición de su autonomía e
independencia, apoyando el autocontrol y bienestar.