Abstract:
O que nos ensina o Cinema em processos de Educação Ambiental? A Odisseia
sem-terra de empreender a gravação das histórias de vida de assentados rurais de
projetos de reforma agrária para pensar o seu mundo em sua dinâmica e fluidez.
Traçando uma composição que parte das perspectivas de William Pollack e
Alistair Thomson e que se soma às posições em relação à história, processos de
subjetivação, tempo e memória de Michael Foucault, Gilles Deleuze e Felix
Guattari, a fim de olhar para as histórias não como objetos empoeirados, largados
no fundo de uma tumba inerte, mas para o modo como tais fatos e sujeitos se
tornam as coisas que são. À beira da pista, correndo na contramão, reformando
casas, circulando entre espaços, interrompendo fluxos, propondo vazamentos, corpos cariados, quase monstros, saltimbancos, heróis tortos, dançarinos
mascarados de um carnaval qualquer, denunciam que o marginal, o sem eira nem
beira que reside à beira da pista, é também uma totalidade enquadrante. Essa
inferência permite pôr em discussão as relações entre a prática de Educação
Ambiental, a coleta de lembranças e o engendramento dos modos de subjetivação,
discutindo posições teóricas alternativas em Educação Ambiental, que a ensinam
como fabular, inventar ficções, ser poética, rir, roncar surdo, fazer cinema.
What does cinema teach us in Environmental Education processes? The landless
odyssey of undertaking the recording of peasants’ life stories - while land reform
projects are being carried out - in order to think about their world in its dynamics
and fluidity. How to write a composition that starts with William Pollack’s and
Alistair Thomson’s views and includes Michel Foucault’s, Gilles Deleuze’s and
Felix Guattari’s thoughts on history, subjectivation processes, time and memory in
order to look at those stories as facts and subjects which have become what they
are now, rather than objects full of dust which were thrown into an inert tomb. On
the edge of the road, running on the wrong side of the street, redoing houses,
strolling around, disrupting flows and creating leakage, decayed bodies, almost
monsters, saltimbancos, crooked heroes, masqueraded dancers from some carnival
reporting that the criminal, the homeless, the ones who live on the edge of the road
are also part of the whole. This inference enables us to talk about the relations
among the Environmental Education practice, the collection of memories and the
production of subjectivation ways by discussing alternative theoretical views in
Environmental Education which teach Environmental Education itself how to
create fables, make up fiction, be poetic, laugh, play the drums and make movies.