Abstract:
Maria O'Neill (1876-1932) é senhora de uma profícua obra literária;
poetisa de renome consagrado ainda em vida, abarca o universo
luso-brasileiro em inúmeras publicações periódicas em que é
colaboradora (LOUSADA e BÓLEO, 2010); o feminino, o feminismo, e
a condição feminina abrem espaço para uma querela que encena
como uma dança entre escrita mordaz, por onde perpassa a ironia e
o sarcasmo.Será especialmente em A Sátira que a autora
apresentará um conjunto de textos contundentes, prementes de
análises de carácter sociológico extravasando o campo literário.
Abrangendo a temática supramencionada, sua poesia e prosa serão
geradoras de uma série de ilustrações com discurso meritório de per
se (BRIAN, 1995). Propomos analisar os parâmetros enunciados de
uma forma breve relevando o humor como veículo privilegiado de
mensagens sociopolíticas controversas. Dado ter esta autora
dedicado à crítica social um espaço singular, sobretudo em A Sátira,
onde pode ombrear com Stuart Carvalhais (1887-1961), decidimos
não abarcar quaisquer outros periódicos nos quais foi também
colaboradora assídua. As mulheres mundanas foram caricaturadas de
modo inigualável pelo traço de Carvalhais, a quem coube ilustrar
muitos dos textos da publicação alvo do nosso estudo, e pela prosa
de O’Neill, encontrando nas vítimas da moda um alvo propício à ironia
e ao sarcasmo expondo ao ridículo a miséria das senhoras de então
que, não sabendo envelhecer, são postas a nu, desprovidas de
interesse quando o luxo é denunciado como adorno supérfluo e vão.
Procuraremos reflectir no modo como o recurso à imagem
caricaturada da mulher como fútil e masculinizada poderá servir ao
objectivo dos detractores do feminismo, ou pelo contrário, assinalar a
profunda desigualdade em que a mulher é historicamente plasmada
face às características inerentes à sua condição biológica. Qual o
papel do homem e qual o papel da mulher na sociedade de então?
Qual o impacto da entrada massiva da mulher no mercado de
trabalho face às estruturas familiares vigentes? (BARRECA, 1991).
Eis algumas das questões a abordar ao longo da nossa comunicação,
procurando evidenciar o modo como se ainda encontra actualizada a matéria em análise sem ter perdido o seu lado hilariante,
preocupantemente, ou não, tragicómica. (MARINGONI, 1996).
Maria O'Neill (1876-1932) has a successful literary work; famous
woman poet, renowned still during her life time, she embraces the
Portuguese-Brazilian universe in several periodicals in which she
collaborated (LOUSADA & BÓLEO, 2010); feminine, feminism and
womanhood will inaugurate a quarrel which simulates a sort of
scathing writing dance, full of irony and sarcasm. It will be particularly
in A Sátira (“Satire”) that she writes a number of damning texts,
pressing sociological analyses,overflowing the literary field; covering
the topic mentioned above her poetry and prose generated a series of
illustrations with a worthy speech of her own (BRIAN, 1995). This
study aims to analyze the parameters set out in a brief mode,
emphasizing humor as a privileged vehicle of controversial socio-
political messages. As this author has devoted to social criticism,
particularly in A Sátira, in partnership with Stuart Carvalhais (1887-
1961), we decided not to embrace any other periodicals in which she
was also a constant collaborator. Worldly-minded women were
caricatured in such a unmatched way by Carvalhais’ trace, who had
illustrated many of the texts published in the work under study, as well
as by O'Neill’s prose, targeting fashion victims with irony and sarcasm,
in order to expose to ridiculous the gloom of those ladies, whom
without knowing how to age well, were laid bare, devoid of interest
when luxury is denounced as a superfluous adornment. We will seek
to reflect on how the use of women caricatured image as masculinized
and futile may serve the purpose of feminism detractors, or rather
mark the deep inequality where women are historically shaped facing
the inherent characteristics of their biological condition. What was the
role of men and women in society of the time? What was the impact of
the massive entry of women into the labor market to the existing family
structures? (BARRECA, 1991). Here are some of the issues we aim to
show how up to now is still the matter under consideration without
having lostits hilarious, disturbingly, or not, tragicomic site
(MARINGONI, 1996).