Abstract:
A Educação Ambiental nas famílias é direcionada para o microssistema familiar, considerando que este é um ambiente de cuidado, educação e desenvolvimento humano. A família pode se constituir como educadora ambiental, a partir do exercício da parentalidade, ou seja, por atitudes e conhecimentos que direcionam os caminhos e a interação familiar entre pais e filhos. O presente trabalho, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA/FURG), na linha de pesquisa Ensino e Formação de Educadores (as), tem por objetivo identificar quais são as práticas parentais e os saberes ambientais de famílias que compõem a comunidade de duas escolas do município de Rio Grande/RS e, com isso, potencializar o entendimento das famílias enquanto educadoras ambientais. Quando pensamos nos pais como educadores no contexto familiar, esquecemos muitas vezes que os saberes e as práticas não são inatos e que podem necessitar de apoio e suporte social - familiar ou estatal -, para contribuir no desenvolvimento saudável e a socialização das crianças como parte indissociável do ambiente. Entendemos que o termo ambiente inclui o ser humano e suas relações, pois somos seres indissociáveis da natureza e são as nossas práticas sociais as grandes responsáveis por muitos problemas socioambientais e logo, somos também responsáveis pela busca de soluções. A pesquisa foi qualitativa e teve como metodologia a Inserção Ecológica, utilizando como estratégias para o fomento de dados o grupo focal e o diário de campo. Para a análise dos dados foi utilizada a Grounded-Theory, ou Teoria Fundamentada nos Dados. Nos resultados, são apresentadas três categorias: Teorias Implícitas das Famílias, Responsabilidade Socioambiental e Descaso Socioambiental, identificadas a partir de uma relação entre as falas dos participantes da pesquisa e de referenciais e conceitos teóricos da Educação Ambiental. Os resultados apontam, então, que as famílias possuem saberes e práticas que as direcionam para uma possibilidade de promover respeito e cuidado das crianças e adolescentes ao ambiente onde vivem, seja este natural ou simbólico, através da participação, humanização, concepção sistêmica do ambiente e ética ambiental. Além disso, apontam também a existência de práticas parentais que acabam por promover a manutenção da crise ambiental e social em que nos encontramos, enquanto sociedade, através da individualização e da violência intrafamiliar. Estes resultados nos traduzem as possibilidades do exercício da parentalidade, mostram que os pais ou responsáveis exercem o papel de educadores ambientais e também a disponibilidade das famílias ao diálogo, à reflexão e à troca de saberes sobre a contínua tarefa de educar os filhos para atuação e transformação do mundo em que vivemos.
The Environmental Education in the families is directed to the microsystem of the family, considering that this is an environment of care, education and human development. The family can be constituted as an environmental educator, starting from the practice of parenthood, that is, by attitudes and knowledge that guide the paths and the familys interaction between parents and children. The present study, linked to the Postgraduate Program in Environmental Education (PPGEA / FURG), in the line of Education and Training of Educators, aims to identify which are the parental practices and environmental knowledge of families that make up the community of two schools in the city of Rio Grande / RS and, with this, improve the understanding of families as environmental educators. When we think of parents as educators in the family context, we often forget that knowledge and practices are not innate and may need social support and assistance - familial or by the state, to contribute to the healthy development and socialization of children as an inseparable part of the environment. We understand that the term environment includes human beings and their relationships, because we are inseparable from nature and our social practices are responsible for many socio-environmental problems and therefore, we are also responsible for searching the solutions. The research was qualitative and had as methodology the Ecological Insertion, using as strategies the focal group and the field diary to insert data. The Grounded-Theory was used to analyze the data. In the results three categories are presented: Implicit Families Theories, Socio-environmental Responsibility and Social and Environmental Negligence, identified from a connection between the research participants speeches and of references and theoretical concepts of Environmental Education. The results indicate that families have knowledge and practices that direct them to the possibility of promoting respect and care of the children and adolescents to the environment where they live, be it natural or symbolic, through participation, humanization, systemic design of the environment and environmental ethics. In addition, they point to the existence of parental practices that end up encouraging the maintenance of the environmental and social crisis in which we find ourselves, as a society, through individualization and intrafamily violence. These results show us the possibilities of exercising parenting, they show that parents or other caregivers play the role of environmental educators and the families' availability to dialogue, reflection and exchange of knowledge about the ongoing task of educating the children to act and transform the world in which we live.