IE - Mestrado em Educação Ambiental (Dissertações)
URI permanente para esta coleçãohttps://rihomolog.furg.br/handle/1/2067
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- ItemBarra de Pelotas (RS): uma análise da constituição e resistência da comunidade-território tradicional pesqueira a partir da Educação Ambiental Crítica(2023) Fonseca, Fabiane Fagundes da; Barcellos, Sérgio BottonEsta dissertação de mestrado buscou compreender, a partir da lente analítica da Educação Ambiental Crítica, como se configurou a comunidade-território tradicional de pesca da Barra de Pelotas. As temáticas Educação Ambiental Crítica, territórios tradicionais, pesca artesanal e conflitos ambientais estiveram na centralidade das discussões traçadas ao longo da pesquisa, com base em autores(as) do campo do pensamento crítico. A pesquisa foi desenvolvida a partir da abordagem qualitativa, envolvendo diversos instrumentos de coleta de dados, os quais posteriormente foram analisados a partir da técnica de análise de conteúdo e apresentados ao longo dos três capítulos do texto. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 20 moradores(as) da Barra de Pelotas, envolvendo encontros individuais e coletivos, três saídas ao “mar” com pescadores(as) artesanais, análise de documentos e publicações sobre a comunidade e o território, bem como observação participante da comunidade e de uma audiência pública sobre uma demanda local. Nesse trabalho a pesca artesanal é entendida enquanto um modo de vida tradicional, resguardado por legislações nacionais e internacionais, de maneira que o modo de vida desses sujeitos é intrínseco aos seus territórios tradicionais. Tais territórios envolvem a dimensão física e simbólica do espaço, e apresentam significação própria no contexto da pesca artesanal, envolvendo sociabilidades com a natureza específicas da cultura pesqueira, que aportam diversos saberes ambientais construídos na vida cotidiana nesses territórios. A Educação Ambiental Crítica, a partir da teoria dos conflitos ambientais, contribuiu para entender como um ambiente de importância ambiental do município de Pelotas dialeticamente se configurou em uma comunidade-território tradicional de pesca. Através do trabalho identificou-se que a constituição da comunidade-território pesqueira da Barra de Pelotas ocorreu em virtude da pesca artesanal enquanto modo de vida há mais de 50 anos, cuja composição atual expressa a permanência dos filhos e filhas da pesca artesanal na atividade como fonte de vida e cultura. Através do olhar crítico foi possível perceber que a Educação Ambiental se manifesta desde a gênese desse território, seja pela relação ser humano-natureza, onde são produzidos saberes ambientais pesqueiros próprios da lida com o pescado, com as águas e com a costa, seja através da luta pela garantia de acesso e direito ao seu território, com a instalação de água encanada, energia elétrica e transporte escolar. Por meio dos resultados dessa pesquisa percebeu-se que a comunidade vive, historicamente, com um processo de invisibilização dos seus aspectos de tradicionalidade, sendo retratada publicamente como “ocupação irregular” e “zona de risco”, fatores que contribuem para que sofra com falta de assistência do Estado garantidor de direitos em alguns aspectos, conforme mencionado pelos (as) moradores (as).
- ItemEducação ambiental crítica nos processos de transição para agricultura de base agroecológica em Morro Redondo (RS)(2024-01-31) Lorandi, Sabrina; Barcellos, Sérgio BottonA partir deste trabalho o objetivo foi compreender como ocorrem os processos de transição para agricultura de base agroecológica entre agricultores (as) familiares da Organização de Controle Social Renascer de Morro Redondo (RS), considerando a rede de vivências, saberes, pessoas e instituições que compõem esse cenário em diálogo com a educação ambiental crítica em um espaço não formal. A pesquisa é qualitativa e a coleta de dados foi feita por meio de observação participante em nove reuniões da OCS, e entrevistas narrativas com cada família do grupo (FLICK, 2009). Os dados foram analisados através de análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Os resultados indicam a formação de uma rede comunitária constituída por pessoas, instituições e experiências, que contribuem para a permanência das famílias no processo de transição e pode ser compreendida como uma comunidade aprendente (BRANDÃO, 2005b). Quanto aos princípios, identificamos o compromisso social com a alimentação saudável e a relação ética de comercialização, além da busca por autonomia, emancipação social, conquistas coletivas e valorização. A relação das famílias com o ambiente indica um sentimento de pertencimento, responsabilidade e cuidado. Percebe-se que a construção de um saber ambiental (LEFF, 2015) é intrínseca ao processo de transição e envolve o exercício da práxis e a interrelação de saberes tradicionais, científicos e empíricos. Identificamos processos de aprendizagens coletivas nas dinâmicas da OCS, a exemplo da visita de pares, onde constroem um processo educativo e de valorização simbólica. A partir da leitura e preenchimento coletivo de documentos durante os encontros, o grupo exerceu a colaboração e autoavaliação de seus processos, assim como, a reflexão crítica sobre questões socioambientais locais. Dentre as questões socioambientais identificadas, as famílias apontam as dificuldades cotidianas relacionadas a baixa renda, assim como, o avanço da soja na região que, acompanhado de desmatamento e uso de agrotóxicos, constitui uma ameaça à integridade dos agroecossistemas de base agroecológica. Diante disso, as famílias buscam justiça ambiental, através de responsabilidade compartilhada sobre o ambiente e seus recursos (LOUREIRO; LAYRARGUES, 2013). Ademais, as famílias indicam a necessidade de uma política de subsídio para sua permanência no campo com qualidade de vida e percebem os impactos do desmantelamento de políticas públicas no seu cotidiano, como cortes orçamentários em mercados institucionais e na Emater. Compreendemos que os encontros da OCS Renascer constituem espaços não formais onde ocorrem discussões relacionadas com a educação ambiental crítica, através de um processo dialógico, que estimula o pensamento crítico e a criação coletiva de alternativas de enfrentamento das questões socioambientais (CARVALHO, 2012). A OCS em si também pode ser compreendida como uma comunidade aprendente (BRANDÃO, 2005b), na qual, através de um processo dialógico e reflexivo, aprendem e ensinam. Concluímos que a transição é um processo multidimensional de aprendizado contínuo, que dialoga com a educação ambiental crítica, no qual os sujeitos e os coletivos constroem compreensões sobre o socioambiente, criam princípios que orientam suas práticas cotidianas e buscam produzir um modo de viver que expresse suas crenças e valores, em busca de autonomia e transformação da própria realidade.
- ItemMovimentos sociais e as juventudes rurais no Brasil: uma análise a partir da Educação Ambiental Crítica.(2021) Pádua, Jacqueline de Freitas; Barcellos, Sérgio BottonNeste trabalho buscamos compreender como a discussão das questões socioambientais, a partir da Educação Ambiental Crítica, está contida nas pautas socioambientais das juventudes rurais dos movimentos sociais campesinos brasileiros. Trazemos uma discussão sobre o contexto sociopolítico atual acerca da temática socioambiental e das juventudes rurais dos movimentos sociais no Brasil, utilizando de maneira central dos conceitos de juventude rural como sujeito político, dos autores Castro (2009; 2016), Weisheimer (2005) e Carneiro (1998); de ruralidade brasileira a partir de Wanderley (2014) e Brandenburg (2005) e de Educação Ambiental Crítica, auxiliados pelos autores Layrargues (2020) e Loureiro (2013). Através de uma metodologia qualitativa, utilizamos da análise de conteúdo para categorizar as pautas socioambientais contidas nas pautas e posicionamentos dos(as) jovens que militam nos movimentos sociais rurais. As fontes de pesquisa foram os dados secundários disponíveis nos sites, em documentos e canais do YouTube dos movimentos sociais estudados. Nosso olhar sobre as juventudes foi guiado pela ideia de que esses sujeitos, nos últimos anos no país, têm se caracterizado como atores políticos em relação às diversas questões socioambientais, inclusive a questão agrária, em meio a complexidade da ruralidade brasileira, onde também estão presentes. Partindo da Educação Ambiental Crítica, com o intuito de compreender as denúncias e anúncios que esses(as) jovens vem realizando sobre suas realidades diante da crise ambiental, elaboramos nossas categorias de análise. Acreditamos que as discussões realizadas neste trabalho possam contribuir para a literatura a respeito dessa categoria, agregando à temática da juventude rural a complexidade das questões socioambientais e seus desdobramentos na realidade. Além de permitir explicitar o papel desses(as) jovens no enfrentamento sociopolítico à crise ambiental. As juventudes rurais organizadas demonstraram se auto reconhecer como responsáveis pela continuidade da luta nos movimentos atribuindo a si mesmas a qualidade de força transformadora. Esses(as) sujeitos(as) englobam em suas pautas, de maneira articulada, as questões sociais, políticas, econômicas e ambientais. Essas juventudes demonstraram que, apesar de possuírem elementos em comum, como os dilemas relativos à vida no rural, são diversos entre si e possuem visões próprias sobre seus territórios e suas lutas. Alguns desses(as) jovens, como os militantes do MST, MPA, MMC e PJR, buscam dar foco a pautas como a produção de alimentos saudáveis e agroecológicos como saída para a crise socioambiental degradante que têm se agravado no país. Outros, como os(as) jovens do MAM e MAB, são mais ativos nas disputas por acesso a um território ambientalmente justo e saudável no enfrentamento a grandes empreendimentos e ao agronegócio. Já as juventudes da CONAQ apresentaram ter em suas relações com as questões socioambientais marcadas pelo valor cultural do território característico das comunidades quilombolas.
