Abstract:
Neste trabalho buscamos compreender como a discussão das questões socioambientais, a partir
da Educação Ambiental Crítica, está contida nas pautas socioambientais das juventudes rurais
dos movimentos sociais campesinos brasileiros. Trazemos uma discussão sobre o contexto
sociopolítico atual acerca da temática socioambiental e das juventudes rurais dos movimentos
sociais no Brasil, utilizando de maneira central dos conceitos de juventude rural como sujeito
político, dos autores Castro (2009; 2016), Weisheimer (2005) e Carneiro (1998); de ruralidade
brasileira a partir de Wanderley (2014) e Brandenburg (2005) e de Educação Ambiental Crítica,
auxiliados pelos autores Layrargues (2020) e Loureiro (2013). Através de uma metodologia
qualitativa, utilizamos da análise de conteúdo para categorizar as pautas socioambientais
contidas nas pautas e posicionamentos dos(as) jovens que militam nos movimentos sociais
rurais. As fontes de pesquisa foram os dados secundários disponíveis nos sites, em documentos
e canais do YouTube dos movimentos sociais estudados. Nosso olhar sobre as juventudes foi
guiado pela ideia de que esses sujeitos, nos últimos anos no país, têm se caracterizado como
atores políticos em relação às diversas questões socioambientais, inclusive a questão agrária,
em meio a complexidade da ruralidade brasileira, onde também estão presentes. Partindo da
Educação Ambiental Crítica, com o intuito de compreender as denúncias e anúncios que
esses(as) jovens vem realizando sobre suas realidades diante da crise ambiental, elaboramos
nossas categorias de análise. Acreditamos que as discussões realizadas neste trabalho possam
contribuir para a literatura a respeito dessa categoria, agregando à temática da juventude rural
a complexidade das questões socioambientais e seus desdobramentos na realidade. Além de
permitir explicitar o papel desses(as) jovens no enfrentamento sociopolítico à crise ambiental.
As juventudes rurais organizadas demonstraram se auto reconhecer como responsáveis pela
continuidade da luta nos movimentos atribuindo a si mesmas a qualidade de força
transformadora. Esses(as) sujeitos(as) englobam em suas pautas, de maneira articulada, as
questões sociais, políticas, econômicas e ambientais. Essas juventudes demonstraram que,
apesar de possuírem elementos em comum, como os dilemas relativos à vida no rural, são
diversos entre si e possuem visões próprias sobre seus territórios e suas lutas. Alguns desses(as)
jovens, como os militantes do MST, MPA, MMC e PJR, buscam dar foco a pautas como a
produção de alimentos saudáveis e agroecológicos como saída para a crise socioambiental
degradante que têm se agravado no país. Outros, como os(as) jovens do MAM e MAB, são
mais ativos nas disputas por acesso a um território ambientalmente justo e saudável no
enfrentamento a grandes empreendimentos e ao agronegócio. Já as juventudes da CONAQ
apresentaram ter em suas relações com as questões socioambientais marcadas pelo valor
cultural do território característico das comunidades quilombolas.
In this work, we seek to understand how the discussion of socio-environmental issues, based
on Critical Environmental Education, is contained in the socio-environmental agendas of rural
youth in Brazilian rural social movements. We present a discussion on the current sociopolitical context about the socio-environmental and rural youth theme of social movements in
Brazil, using centrally the concepts of rural youth as a political subject, by authors Castro (2009;
2016), Weisheimer (2005) and Carneiro (1998); brazilian rurality from Wanderley (2014) and
Brandenburg (2005) and Critical Environmental Education, aided by the authors Layrargues
(2020) and Loureiro (2013). Through a qualitative methodology, we use content analysis to
categorize the socio-environmental agendas contained in the guidelines and positions of young
people who are active in rural social movements. The research sources were secondary data
available on the websites, documents and YouTube channels of the social movements studied.
Our view of youth was guided by the idea that these subjects, in recent years in the country,
have been characterized as political actors in relation to various socio-environmental issues,
including the agrarian issue, amid the complexity of rurality in Brazil, where they are also
present. Based on Critical Environmental Education, in order to understand the complaints and
announcements that these young people have been making about their realities in the face of
the environmental crisis, we developed our analysis categories. We believe that the discussions
carried out in this work can contribute to the literature on this category, adding to the theme of
rural youth the complexity of socio-environmental issues and their consequences in reality. In
addition to making it possible to explain the part of these young people in the socio-political
confrontation of the environmental crisis. The organized rural youths showed self-recognition
as responsible for the continuity of the struggle in the movements, attributing to themselves the
quality of transforming force. These subjects include in their agendas, in an articulated way,
social, political, economic and environmental issues. These youths demonstrated that, despite
having elements in common, such as the dilemmas related to rural life, they are diverse and
have their own views about their territories and their struggles. Some of these young people,
such as the militants of the MST, MPA, MMC and PJR, seek to focus on agendas such as the
production of healthy and agro-ecological foods as a way out of the degrading socioenvironmental crisis that has worsened in the country. Others, such as young people from MAM
and MAB, are more active in the disputes for access to an environmentally fair and healthy
territory in the face of large enterprises and agribusiness. The CONAQ youths, on the other
hand, showed that their relationship with socio-environmental issues was marked by the cultural
value of the territory characteristic of quilombola communities.
En este trabajo, buscamos comprender cómo la discusión de los temas socioambientales, basada
en la Educación Ambiental Crítica, está contenida en las agendas socioambientales de la
juventud rural en los movimientos sociales rurales brasileños. Presentamos una discusión sobre
el contexto sociopolítico actual sobre el tema socioambiental y juventud rural de los
movimientos sociales en Brasil, utilizando de manera central los conceptos de juventud rural
como sujeto político, por los autores Castro (2009; 2016), Weisheimer (2005) y Carneiro
(1998); ruralidad brasileña de Wanderley (2014) y Brandenburg (2005); Educación Ambiental
Crítica, con la ayuda de los autores Layrargues (2020) y Loureiro (2013). A través de una
metodología cualitativa, utilizamos el análisis de contenido para categorizar los lineamientos
socioambientales contenidos en los lineamientos y posiciones de los jóvenes activos en los
movimientos sociales rurales. Las fuentes de investigación fueron datos secundarios
disponibles en los sitios web, documentos y canales de YouTube de los movimientos sociales
estudiados. Nuestra visión de la juventud estuvo guiada por la idea de que estos sujetos, en los
últimos años en el país, se han caracterizado como actores políticos en relación con diversos
temas socioambientales, incluido el agrario, en medio de la complejidad de la ruralidad en
Brasil. Con base en Educación Ambiental Crítica, para comprender las quejas y anuncios que
estos jóvenes vienen haciendo sobre sus realidades frente a la crisis ambiental, desarrollamos
nuestras categorías de análisis. Creemos que las discusiones realizadas en este trabajo pueden
aportar a la literatura sobre esta categoría, sumando al tema de la juventud rural la complejidad
de los temas socioambientales y sus consecuencias en la realidad. Además de permitir explicar
el papel de estos jóvenes en el enfrentamiento sociopolítico de la crisis ambiental. Los jóvenes
campesinos organizados se reconocen como responsables de la continuidad de la lucha en los
movimientos, atribuyéndose la cualidad de fuerza transformadora. Ellos incluyen en sus
agendas, de manera articulada, temas sociales, políticos, económicos y ambientales. Estos
jóvenes demostraron que, a pesar de tener elementos en común, como los dilemas relacionados
con la vida rural, son diversos y tienen visiones propias sobre sus territorios y sus luchas.
Algunos de estos jóvenes, como los militantes del MST, MPA, MMC y PJR, buscan enfocarse
en agendas como la producción de alimentos saludables y agroecológicos como salida a la
degradante crisis socioambiental que se ha agudizado en el país. Otros, como los jóvenes del
MAM y MAB, son más activos en las disputas por el acceso a un territorio ambientalmente
justo y saludable frente a las grandes empresas y la agroindustria. Los jóvenes de la CONAQ,
por su parte, mostraron que su relación con los temas socioambientales estuvo marcada por el
valor cultural del territorio característico de las comunidades quilombolas.