Direitos da natureza, extrativismo e litigância climática

Abstract

O Brasil passa, juntamente a outros países da América Latina, por processos de intensificação de atividades de exploração de recursos naturais, com destaque para o extrativismo mineral, que impacta os territórios, as formas de vida tradicionais e o meio ambiente em diferentes escalas. Diante dessa problemática, tem crescido o debate sobre as possibilidades de atuação jurídica voltada a proteger a natureza e os bens comuns. Para enfrentar o tema de forma propositiva, foi organizado o Curso de Verão “Direitos da Natureza, extrativismo e litigância climática”, em janeiro de 2021, a partir da parceria entre o Instituto Preservar, o Instituto Clima e Sociedade, o Instituto de Pesquisa Direitos e Movimentos Sociais, o Comitê de Combate à Megamineração do Rio Grande do Sul (RS), a Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares e a Universidade Federal do Rio Grande - FURG, por meio do Grupo de Pesquisa Direito e Sociedade, do Escritório Modelo de Assessoria Jurídica e do Observatório dos Conflitos Urbanos e Socioambientais do Extremo Sul do Brasil y Este del Uruguay. O objetivo do curso foi possibilitar a estudantes, professores e profissionais de diversas áreas, bem como os(as) advogados(as) e ademais integrantes do sistema de justiça, um espaço de formação capaz de articular o debate do direito socioambiental com elementos concretos de incidência no âmbito jurídico e judicial, em especial, por intermédio da litigância climática estratégica. Considerando o contexto de distanciamento social imposto pela crise sanitária por que passa o mundo e –com dimensões trágicas –o Brasil, os encontros ocorreram por meio de plataforma virtual, com participação de aproximadamente 300 pessoas de todas as regiões do Brasil e de alguns países do subcontinente sul-americano. Com base no êxito dos debates oportunizados pelo Curso de Verão, palestrantes e mediadores foram chamados a escrever suas reflexões, registrar suas pesquisas e compartilhar suas experiências com o intuito de fomentar que o campo jurídico se aproprie adequadamente do ferramental técnico de forma a defender a natureza e a colaborar com a mudança nos rumos da matriz energética brasileira. Para tanto, este livro está organizado em quatro partes, em que estão distribuídos quatorze artigos, que serão brevemente apresentados a seguir. A primeira parte tem como título “Do extrativismo aos direitos da natureza: novos paradigmas em tempos de mudanças climáticas” e busca apresentar algumas dimensões estruturantes do debate. A parte dois do livro tem como título “O Direito Ambiental frente à emergência climática e à mineração” e dedica-se a apresentar elementos do estado da arte da discussão no direito ambiental, de forma crítica e propositiva. A parte três do livro centra-se em discussões sobre “Litigância Climática”, a partir da experiência dos autores com o tema. Por fim, a parte quatro do livro é intitulada “Tecendo as Resistências à Mineração no Brasil” e reúne abordagens interdisciplinares de registro dos conflitos em curso no Brasil. As problemáticas apresentadas, que motivaram a organização deste livro, permitiram reflexões inspiradas que, a partir de uma diversidade de abordagens, espera-se, contribuirão significativamente para o debate acadêmico, técnico, social e político.

Brazil, along with other Latin American countries, is going through processes of intensifying activities for the exploitation of natural resources, with emphasis on mineral extraction, which impacts territories, traditional ways of life and the environment on different scales. Faced with this issue, there has been a growing debate about the possibilities of legal action aimed at protecting nature and common goods. To tackle the issue in a proactive way, the Summer Course “Rights of Nature, extractivism and climate litigation” was organized in January 2021, based on a partnership between the Preservar Institute, the Climate and Society Institute, the Research Institute and Social Movements, the Rio Grande do Sul (RS) Megamining Combat Committee, the National Network of Popular Lawyers and Lawyers and the Federal University of Rio Grande - FURG, through the Law and Society Research Group, from the Modelo Office of Legal Advice and the Observatory of Urban and Socio-environmental Conflicts in the Extreme South of Brazil and Eastern Uruguay. The objective of the course was to provide students, professors and professionals from different areas, as well as lawyers and other members of the justice system, with a training space capable of articulating the debate on socio-environmental law with concrete elements of incidence in the legal and judicial scope, in particular, through strategic climate litigation. Considering the context of social distancing imposed by the health crisis that the world is going through and – with tragic dimensions – Brazil, the meetings took place through a virtual platform, with the participation of approximately 300 people from all regions of Brazil and some countries of the South American subcontinent. Based on the success of the debates made possible by the Summer Course, speakers and mediators were invited to write their reflections, record their research and share their experiences with the aim of encouraging the legal field to properly appropriate the technical tools in order to defend nature and to collaborate with the change in the direction of the Brazilian energy matrix. Therefore, this book is organized into four parts, in which fourteen articles are distributed, which will be briefly presented below. The first part is entitled “From extractivism to the rights of nature: new paradigms in times of climate change” and seeks to present some structuring dimensions of the debate. Part two of the book is entitled “Environmental Law in the face of the climate emergency and mining” and is dedicated to presenting elements of the state of the art of the discussion in environmental law, in a critical and propositional way. Part three of the book focuses on discussions on “Climate Litigation”, based on the authors' experience with the topic. Finally, part four of the book is entitled “Weaving Resistance to Mining in Brazil” and brings together interdisciplinary approaches to recording ongoing conflicts in Brazil. The issues presented, which motivated the organization of this book, allowed inspired reflections that, based on a diversity of approaches, will hopefully contribute significantly to the academic, technical, social and political debate.

Brasil, junto con otros países de América Latina, atraviesa procesos de intensificación de actividades para la explotación de recursos naturales, con énfasis en la extracción de minerales, lo que impacta territorios, modos de vida tradicionales y el medio ambiente en diferentes escalas. Frente a este problema, ha crecido el debate sobre las posibilidades de acción judicial encaminadas a proteger la naturaleza y los bienes comunes. Para abordar el tema de manera proactiva, en enero de 2021 se organizó el Curso de Verano “Derechos de la Naturaleza, extractivismo y litigio climático”, a partir de una alianza entre el Instituto Preservar, el Instituto Clima y Sociedad, el Instituto de Investigación y Movimientos Sociales, el Comité de Combate a la Megaminería de Rio Grande do Sul (RS), la Red Nacional de Abogados y Abogados Populares y la Universidad Federal de Rio Grande - FURG, a través del Grupo de Investigación Derecho y Sociedad, de la Oficina Modelo de Asesoría Jurídica y el Observatorio de y Conflictos Socioambientales en el Extremo Sur de Brasil y el Este de Uruguay. El curso tuvo como objetivo brindar a estudiantes, profesores y profesionales de distintas áreas, así como a abogados y demás integrantes del sistema de justicia, un espacio de formación capaz de articular el debate sobre derecho socioambiental con elementos concretos de incidencia en la alcance legal y judicial, en particular, a través del litigio climático estratégico. Teniendo en cuenta el contexto de distanciamiento social impuesto por la crisis sanitaria que atraviesa el mundo y, con dimensiones trágicas, Brasil, los encuentros se realizaron a través de una plataforma virtual, con la participación de aproximadamente 300 personas de todas las regiones de Brasil y algunos países de el subcontinente sudamericano. A partir del éxito de los debates posibilitados por el Curso de Verano, se invitó a ponentes y mediadores a escribir sus reflexiones, registrar sus investigaciones y compartir sus experiencias con el objetivo de incentivar al campo jurídico a apropiarse adecuadamente de las herramientas técnicas para la defensa de la naturaleza. y colaborar con el cambio de rumbo de la matriz energética brasileña. Por ello, este libro está organizado en cuatro partes, en las que se distribuyen catorce artículos, que se presentarán brevemente a continuación. La primera parte se titula “Del extractivismo a los derechos de la naturaleza: nuevos paradigmas en tiempos de cambio climático” y busca presentar algunas dimensiones estructurantes del debate. La segunda parte del libro se titula “El derecho ambiental frente a la emergencia climática y la minería” y está dedicada a presentar elementos del estado del arte de la discusión en derecho ambiental, de forma crítica y propositiva. La tercera parte del libro se enfoca en discusiones sobre “Litigio Climático”, basado en la experiencia de los autores con el tema. Finalmente, la cuarta parte del libro se titula “Tejiendo resistencia a la minería en Brasil” y reúne enfoques interdisciplinarios para registrar los conflictos en curso en Brasil. Los problemas presentados, que motivaron la organización de este libro, permitieron inspirar reflexiones que, a partir de una diversidad de enfoques, se espera contribuyan significativamente al debate académico, técnico, social y político.

Le Brésil, ainsi que d'autres pays d'Amérique latine, connaît des processus d'intensification des activités d'exploitation des ressources naturelles, en mettant l'accent sur l'extraction minière, qui a un impact sur les territoires, les modes de vie traditionnels et l'environnement à différentes échelles. Face à ce problème, le débat s'est amplifié sur les possibilités d'action judiciaire visant à protéger la nature et les biens communs. Pour aborder la question de manière proactive, le cours d'été "Droits de la Nature, extractivisme et contentieux climatique" a été organisé en janvier 2021, sur la base d'un partenariat entre l'Institut Preservar, l'Institut Climat et Société, l'Institut de Recherche et les Mouvements Sociaux, le Rio Grande do Sul (RS) Megamining Combat Committee, le National Network of Popular Lawyers and Lawyers et l'Université fédérale de Rio Grande - FURG, par l'intermédiaire du Groupe de recherche sur le droit et la société, du Modelo Office of Legal Advice et de l'Observatory of Urban et Conflits socio-environnementaux dans l'extrême sud du Brésil et l'est de l'Uruguay. L'objectif du cours était de fournir aux étudiants, professeurs et professionnels de différents domaines, ainsi qu'aux avocats et autres membres du système judiciaire, un espace de formation capable d'articuler le débat sur le droit socio-environnemental avec des éléments concrets d'incidence dans le portée juridique et judiciaire, notamment à travers le contentieux climatique stratégique. Compte tenu du contexte de distanciation sociale imposé par la crise sanitaire que traverse le monde et - avec des dimensions tragiques - le Brésil, les réunions se sont déroulées via une plateforme virtuelle, avec la participation d'environ 300 personnes de toutes les régions du Brésil et de certains pays du le sous-continent sud-américain. Forts du succès des débats rendus possibles par le Cours d'été, les intervenants et médiateurs ont été invités à écrire leurs réflexions, enregistrer leurs recherches et partager leurs expériences dans le but d'inciter le champ juridique à bien s'approprier les outils techniques afin de défendre la nature et de collaborer au changement de direction de la matrice énergétique brésilienne. Ainsi, ce livre est organisé en quatre parties, dans lesquelles sont répartis quatorze articles, qui seront brièvement présentés ci-dessous. La première partie s'intitule « De l'extractivisme aux droits de la nature : nouveaux paradigmes à l'heure du changement climatique » et vise à présenter quelques dimensions structurantes du débat. La deuxième partie de l'ouvrage s'intitule « Le droit de l'environnement face à l'urgence climatique et à l'exploitation minière » et est consacrée à présenter des éléments de l'état de l'art de la discussion en droit de l'environnement, de manière critique et propositionnelle. La troisième partie du livre se concentre sur des discussions sur le « contentieux climatique », basées sur l'expérience des auteurs sur le sujet. Enfin, la quatrième partie du livre s'intitule « Weaving Resistance to Mining in Brazil » et rassemble des approches interdisciplinaires pour enregistrer les conflits en cours au Brésil. Les enjeux présentés, qui ont motivé l'organisation de cet ouvrage, ont permis des réflexions inspirées qui, fondées sur une diversité d'approches, contribueront, espérons-le, de manière significative au débat académique, technique, social et politique.