Abstract:
Este texto toma a Liberdade, uma das bandeiras da Revolução Francesa, como figuras emblemáticas da episteme moderna que sustenta a produção de um determinado sujeito moral. Para isso, examina alguns fragmentos de teses de doutorado defendidas em 2006 no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Com Friedrich Nietzsche e Michel Foucault problematiza o conceito de liberdade, demarcando a guerra como condição de possibilidade para constituição de práticas de liberdade. Interessa-se por mostrar alguns potenciais efeitos desses discursos sobre a educação. Para isso, toma a crítica nietzscheana da liberdade em sua dupla vertente: a liberdade de pensar e a liberdade de querer, ambas inscritas no preconceito fundamental da unidade da consciência. De Foucault serve-se de sua crítica ao Iluminismo com ampla penetração em todo o ideário moderno e fortemente presente na educação. Com sua noção de práticas de liberdade, o artigo problematiza esse emblema moderno como um recurso de pensamento que, longe de funcionar como uma redenção do pensamento ou da vontade, é uma possibilidade diante da construção de nossa vida como obra estética. Com isso, busca evidenciar traços da episteme moderna que, ainda hoje, serve de solo positivo para composição da moral operada pela Educação.
This text takes Liberty, one of the flags of the French Revolution, as an emblematic figure of modern episteme, which gives support to the production of a particular moral subject. For that, it examines parts of doctoral theses presented in 2006 to the Graduate Program in Education Studies of the University of Vale dos Sinos (Unisinos). With Friedrich Nietzsche and Michel Foucault, it problematizes the concept of liberty, establishing war as the condition of possibility for the constitution of practices of freedom. It is concerned with showing some of the potential effects of these discourses upon education, and to such purpose takes the Nietzschean critique of freedom in its twofold character: the freedom to think, and the freedom to wish, both inscribed into the fundamental prejudice of the unity of consciousness. It makes use of Foucault’s critique to the Enlightenment with its deep influence on modern ideals, and also firmly present in education. With his notion of practices of freedom, the article problematizes this modern emblem as a thinking resource that, far from functioning as a redemption of thought or will, is a possibility for the construction of our lives as an aesthetic work. With that, it seeks to reveal aspects of the modern episteme that, to this day, serve as the ground for the composition of the moral operated by education.