Abstract:
A presente pesquisa de cunho qualitativo está vinculada à linha de pesquisa Educação Ambiental: Ensino e Formação de Educadores(as) (EAEFE),do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental-PPGEA/FURG. O estudo foi realizado com três famílias de crianças com histórico de reprovação em classes de alfabetização, as quais estudam na Escola Municipal de Ensino Fundamental Cidade do Rio Grande/CAIC-FURG e, no período da pesquisa, encontravam-se no 2º ano do Ensino Fundamental de Nove Anos. A pesquisa buscou compreender o que as famílias de crianças com histórico de reprovação em classe de alfabetização dizem sobre a escola e os saberes escolares, bem como seus discursos sobre a aprendizagem das crianças e seus discursos acerca da escola CAIC. Este estudo caracteriza-se por uma pesquisa narrativa, tendo como foco a análise dos discursos sobre a escola, por meio de entrevista narrativa (Jovchelovitch & Bauer, 2002), a qual se utiliza da comunicação cotidiana, do contar e escutar histórias. Esta proposta de entrevista narrativa possibilita que os sujeitos da pesquisa possam contar suas histórias, pensamentos e sentimentos acerca da sua vida escolar, por meio de perguntas abertas sobre o tema investigado. A análise dos dados coletados foi realizada por meio da Análise Textual Discursiva (ATD) (Moraes e Galiazzi, 2007), a qual buscou a compreensão dos discursos dos sujeitos da pesquisa. Neste estudo, três foram as categorias que emergiram, denominadas de: as famílias que dizem que “não aprendem” os saberes escolares; as famílias que dizem que “não sabem ensinar” os saberes escolares; e as famílias que dizem quem são os “culpados” por “não aprenderem” os saberes da escola. Nesta última categoria, os sujeitos da pesquisa elencaram, como culpados pelos que “não aprendem” os saberes da escola, a própria criança, a professora e as famílias. Os diálogos com as narrativas dos sujeitos da pesquisa, aliados às interlocuções teóricas com autores como Loureiro, Bernard Charlot, entre outros, possibilitou a compreensão das narrativas, mostrando que os sujeitos da pesquisa apresentam negação ao contexto escolar, no que se refere às relações de ensino e aprendizagem, compreendendo que os mesmos responsabilizam–se enquanto família e principalmente culpam as crianças e os professores pelo “não aprender.” Na contramão dos discursos apontados pelos sujeitos da pesquisa, entendo que estes não são os responsáveis pela não aprendizagem dos saberes escolares, mas sim vítimas de um sistema societário em que impera a desigualdade e a exclusão social. Diante de tais constatações, trago, no presente trabalho as contribuições dos estudos no campo da Educação Ambiental como a possibilidade de transformação social, valorizando as diferentes formas de conhecimento na construção de uma escola com a comunidade e não para a comunidade.
This qualitative research is related to the research theme Environmental Education: Teaching and Teacher Education in the Post-graduate Program in Environmental Education at FURG, Rio Grande, RS, Brazil. This study was carried out with three families whose children have failed their literacy classes at Cidade do Rio Grande/CAIC-FURG, a public elementary school located in Rio Grande, RS. When this research was done, the children were attending the second grade (out of nine grades in elementary school). It aimed at comprehending not only what these families say about school and school knowledge but also their beliefs about their children‟s learning process and their conceptions of their children‟s school. This study has the characteristics of a narrative research whose focus is the analysis of the discourses about school collected in narrative interviews (Jovchelovitch & Bauer, 2002) which make use of everyday communication and story telling. This proposal, based on narrative interviews, enables the subjects of the research to tell their stories, thoughts and feelings regarding their school life when they answer open questions about the theme. Discursive Textual Analysis (DTA) (Moraes and Galiazzi, 2007) was applied to analyze the data so that the subjects‟ discourses could be understood. Three categories emerged from the analysis: families that say they “do not learn” school knowledge; families that say they “do not know how to teach” school knowledge; and families that identify who is “guilty” of “not learning” school knowledge. In the third category, the subjects found the child him/herself, the teacher and the family guilty of the fact that children “do not learn” school knowledge. The dialogues with the subjects‟ narratives intertwined with the theoretical interlocutions proposed by some authors, such as Loureiro and Bernard Charlot, led to the comprehension of the narratives which show that the subjects of this research deny the school context regarding the teaching and learning processes. I understand they take their responsibilities as families but blame their children and the teachers for “the nonlearning situation”. On the contrary, I do not think the children are responsible for not learning the school knowledge; in fact, they are the victims of a societal system in which inequality and social exclusion prevail. Therefore, this study offers some contributions of Environmental Education as a means of social change and a way to value different forms of knowledge in the construction of a school with the community, rather than to the community.
