Percepção e ambiente: aportes para uma epistemologia ecológica

Carvalho, Isabel Cristina de Moura; Steil, Carlos Alberto

Abstract:

 
Neste artigo partimos de uma breve revisão sobre o conceito de percepção na psicologia para chegar às contribuições de Tim Ingold, antropólogo em diálogo com a tradição fenomenológica que têm a psicologia no seu horizonte de interlocução. O conceito de percepção em Ingold ganha os sentidos do habitar e do engajamento do sujeito no mundo.A percepção está relacionada ao mundo vivido e a experiência no seu sentido forte assim como o ambiente será entendido como ambiente-mundo. Nossa escolha por este interlocutor está relacionada a busca, no pensamento contemporâneo, de autores que tem contribuído para delinear o que temos nomeado como epistemologias ecológicas(Carvalho, 2007). Elegemos a expressão epistemologias ecológicas para delimitar uma região do debate teórico-filosófico contemporâneo que compreende autores de diversas origens disciplinares e opções teóricas diferentes, cujo ponto em comum tem sido oferecer conceitos e pistas consistentes para romper com algumas das dualidades modernas — tais como natureza e cultura, indivíduo e sociedade, corpo e mente, artifício e natureza, sujeito e objeto — oferecendo bases conceituais eficazes para uma compreensão das relações com o ambiente desde outro ponto de partida. Desta forma, o que recortamos como epistemologias ecológicas é uma categoria necessariamente plural e remete a um espaço epistêmico cuja potência é abrir horizontes de compreensão diferentes daqueles ordenados pelas dualidades mencionadas e pela externalidade de um sujeito cognoscente humano fora do mundo, da natureza e independente de seus objetos de conhecimento2.
 
This article presents a brief review of the concept of perception in psychology to reach the contributions of Tim Ingold and Thomas Csordas, both anthropologists in dialogue with the phenomenological tradition that have in psychology as horizon of his dialogue. The concept of perception in Ingold wins the senses of dwelling and engagement of the subject in the world. The concept of embodiment proposed by Csordas incorporates the centrality of the body as a condition of the human experience of being in the world. In both cases the perception is related to the world and lived experience in its strong sense as well as the environment will be understood as environment-world. Our choice for these approaches is related to search, in contemporary thought, the authors who have contributed to outline what we have named as ecological epistemologies. We chose the term ecological epistemologies to delimit a region of the contemporary philosophical-theoretical debate that includes authors from various disciplinary backgrounds and different theoretical options, which has been in common concepts and provide consistent clues to break with some of the modern dualities - such as nature and culture, individual and society, mind and body, artifice and nature, subject and object - providing effective conceptual basis for an understanding of the relationship with the environment from another point of departure. Thus, what we identified as ecological epistemologies is necessarily plural and refers to an epistemic space whose potency is open horizons of understanding than those ordered by the dualities mentioned and the externality of a knowing subject outside the human world, and regardless of the nature of its objects knowledge.
 

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