A Libertação da minha alma sonhadora: experiências vivenciadas com as detentas da penitenciária do Rio Grande

Abstract

Como mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental, da Fundação Universidade Federal de Rio Grande, inserida na linha de pesquisa Educação Ambiental Não Formal, propus-me a um desafio neste momento da minha vida: fazer mestrado. Além disso, desafio maior foi realizar a minha pesquisa, a qual teve como objetivo principal investigar inicialmente os sonhos dos presidiários(as) da Penitenciária Estadual de Rio Grande – PERG. Os sonhos, nesta dissertação, são referenciados como imagens oníricas, ou seja, imagens de felicidade, alegria, liberdade, esperança, expectativas de vida dos participantes da pesquisa. Não se referem aos sonhos adormecidos, da noite, e sim aos sonhos diurnos, despertos, nos quais os sujeitos são protagonistas e constroem suas imagens conforme seus desejos, sentimentos e emoções. Ainda, como objetivos secundários, reflito, neste texto, sobre a existência de alguns princípios da Educação Ambiental nas relações entre os presidiários. Estes princípios são os de cooperação, coletividade e solidariedade. Isso constitui o sonho dos presos e das presas, e contribuem para a vida destes sujeitos institucionalizados, (re) significando suas imagens e imaginações utópicas. Este trabalho, para mim, caracterizou-se ainda como não só mais uma pesquisa de mestrado. Teve um caráter de mudança e transformação da minha pessoa. Entrei em processo de metamorfose cada vez mais ao imergir no tema. Assim, tenho a intenção de explicitar este processo de libertação da minha alma, através da experiência vivida com as detentas da PERG, na atividade de pesquisa. Como referencial científico, o trabalho se debruça nas discussões sobre a Educação Ambiental, a Educação Estética e a Ecologia Onírica. Sobre a atividade de coleta de dados em si, posso dizer que esta fase foi marcada por dois momentos: um, antes da qualificação do projeto de pesquisa, em que fiz entrevistas-piloto com dois presos da PERG, a fim de obter dados iniciais sobre os sonhos dos presidiários; o outro momento evidenciou-se após a qualificação, quando a banca pediu-me para que me inserisse mais profundamente no presídio, dando ênfase assim a uma pesquisa de cunho qualitativo, baseada nos princípios da pesquisa-ação, onde o pesquisador tem um contato mais freqüente com os participantes da mesma. Assim, com o desafio lançado, fui até a PERG e, com a ajuda de algumas funcionárias, formei um grupo de presas, as quais estavam interessadas em discutir temas relacionados às suas vidas. Estes temas geradores das discussões em grupo foram escolhidos pelas próprias participantes da pesquisa, ou seja, não esquematizei nossos encontros a priori, mesmo tendo noção do que elas gostariam de trabalhar, já que nas entrevistas feitas com os presidiários, percebi que os sonhos dos presos são fundamentalmente a volta para casa, a convivência com os filhos e o trabalho justo, que traga recompensa pessoal e um salário capaz de sustentar a família. Enfim, com a realização deste trabalho, gostaria de sensibilizar as pessoas para um novo convívio social, no qual o preconceito e a exclusão sejam problematizados e as pessoas discriminadas sejam aceitas pela sociedade, entendendo-as como seres humanos, que têm sentimentos emoções e sonhos.

Bein enrolledon a Máster degree with the Ambient Education Graduate Program, from the Federal University of Rio Grande (FURG), involved in the research field of non-formal Ambient Education, I have proposed myself to a challenge at this moment of my life: have a master degree. Besides that, the biggest challenge was to fulfill my research, which had as main focus to investigate the dreams of the prisioners at the State Prison of Rio Grande (PERG). The dreams, found in this dissertation, are referred as dreamy images, meaning images of happiness, joy, freedom, hope. These dreams do not refer to asleep dreams, for the night, but they refer to awake dreams, for the day, in which people are the protagonists who build up images according to their desires, feelings and emotions. Yet, as secondary focus, I reflect, in this text, the existence of certain principles of Ambient Education in the relationships among the prisoners. These principles are the ones of cooperation, community and solidarity. In this consists the prisoners’ dream, adding to these institutional fellows, (again) meaning their images and utopian imagination. This work means to me not only a Graduate research. It had a changing and transforming function on my person. Every time I would go immerse into thesubject, I would go through the process of metamorphosis. Thus, I have the desire explaining this freedom processo f my soul, through the experience that I lived with the PERG prisoner women, during the research activity. As a scientific oint of reference, this work goes over the discussions on Ambient Education. Esthetic Education and the Dreamy Ecology. About the information research activity in itself, I could say it was marked in two moments: one, before the selction of the research project, in which I realized pilot-interviews with two PERG prisoners, with the of receiving selection, when the evaluation committee suggested that I participate deeper in the jail, thus giving more emphasis to the qualitative nature of the research, based on the principles of living research with action, where the researcher has a more frequent contact with the participants of the research itself. Thus, with the challenge presented, I went to PERG and, with the help of some employees, created a group of prisoner women, who were interested in discussing themes related to their lives. These themes generated from group discussions were chosen by the prisoner women themselves, meaning that I did not prepare our meetings with a predetermined activity, although I had an idea of what they would like to work with, because on the interviews that took place with the prisoner I realized that the dream of the prisoners are fundamentally the going back home, living with their children e a good job, bringing personal satisfaction and enough earning to support their family. Lastly, with the accomplishment of this work I would like to soften for a new social environment, in which prejudice and exclusion be minimized and these people be accepted by the society, understanding them as human beings, with feelings, emotions and dreams.