Abstract:
O objetivo central desta dissertação é o estudo de dois livros de contos do escritor
angolano Ondjaki, E se amanhã o medo (2010) e O céu não sabe dançar sozinho
(2014). Para tanto, retomamos as teorias de Jacques Derrida, Homi K. Bhabha e
Nestor García Canclini a respeito da hospitalidade, do hibridismo e do cosmopolitismo,
além das investigações acerca da ligação entre história e memória em Susan Buck-
Morss e Walter Benjamin. Nossa hipótese é de que a obra ondjakiana é movida por
tais conceitos, sendo possível constatar em suas narrativas curtas um lugar
privilegiado para problemas como a alteridade, o estrangeiro, a fronteira, o animal, o
estranhamento e a solidariedade, entre outras. A leitura em particular do conto “A
velha”, na qual se detém o terceiro capítulo, permite observar os modos pelos quais o
escritor luandense tensiona a ideia de uma história nacional oficial, sugerindo em seu
lugar uma história que leve em conta o comum, a diferença e o descontínuo.
The principal objective of this thesis is to study two short story books by Angolan author
Ondjaki, E se amanhã o medo (2010) and O céu não sabe dançar sozinho. To do so,
we take in the theories on hospitality, hybridity and cosmopolitism from Jacques
Derrida, Homi K. Bhabha and Nestor García Canclini, and the investigations by Susan
Buck-Morss and Walter Benjamin on the link between history and memory. Our
hypothesis is that the Ondjakian works are moved by those concepts, and that it is
possible to notice a special place in his writings for problems such as that of otherness,
the foreigner, the border, the animal, the unhomely and solidarity, among others.
Particularly, the analysis of the “A velha” short story – the primary focus of the third
chapter – allows for the observation of the ways in which the Luanda-born writer
questions the idea of an official national history, all the while making the case for a
history that takes the common, the difference and the discontinuous into account.