Abstract:
Esta pesquisa objetivou compreender como acontece a adesão e a implantação da
Gestão de Riscos nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e os resultados
alcançados nesse processo. Para tanto, buscou-se embasamento na Teoria
Institucional e seus pressupostos de legitimidade, isomorfismo e institucionalização,
bem como no referencial teórico sobre a adoção de modelos como a Gestão de Riscos
(GR), com foco na Administração Pública. A investigação foi realizada por meio de
uma abordagem qualitativa, de natureza exploratória, com suporte de entrevistas
semiestruturadas, documentos e observações nas seis IFES do Estado do Rio Grande
do Sul. Os dados foram analisados através da técnica da análise de conteúdo. Os
achados indicam que transcorridos quatro anos da publicação da normativa que
inseriu este tema nas universidades, todos os gestores depositam um significativo
nível de importância para a gestão de riscos e passaram a formalizá-la através das
ações, embora ainda não se observe uma operacionalização do modelo comandado
por uma estrutura própria. A necessidade de atendimento às normas e Órgãos
Federais de Controle e de Auditoria foi identificada como um dos atributos que mais
contribuíram para adesão ao modelo de GR. Estes Órgãos assumem papel relevante
nesse processo, atuando como indutores do isomorfismo coercitivo e,
consequentemente, contribuindo para a homogeneização das práticas realizadas
pelas IFES. Todos os atributos identificados, tanto os que contribuem como os que
inibem à adesão à GR por parte da alta administração, puderam ser resumidos em
dois principais: a Gestão de Vanguarda e a Gestão Crítica. Quanto às motivações e
às limitações para a implantação efetiva da GR, as limitações foram encontradas em
maior número, demonstrando os desafios e as dificuldades que as IFES têm
enfrentado e justificando o processo lento de institucionalização e operacionalização
das ações, constatado em outros estudos, e percebido, na prática, neste. Dentre as
motivações, destaca-se o desenvolvimento da consciência sobre a importância da GR
e o apoio determinante por parte da alta administração, bem como o background da
auditoria interna baseada em risco. Das limitações, pontua-se, para o início do
processo, a falta de conhecimento e profundidade teórica do tema e a falta de uma
cultura organizacional sobre os princípios e as práticas da GR; e para o seu
desenvolvimento destaca-se a falta de mapeamento de processos, e a falta de
pessoal e de uma estrutura organizacional que comporte a GR. De uma lista de ações
que favorecem o envolvimento da instituição na GR preponderou a necessidade do
top down para a efetividade da sua incorporação e a formação de um grupo de
trabalho com pessoas capacitadas e com a presença de um especialista no assunto,
da área acadêmica. A partir dessas constatações, elaborou-se uma proposta de boas
práticas para as IFES que ainda estão iniciando o processo de implantação de um
modelo de GR, levando em conta os seus Planos de Desenvolvimento Institucional -
PDI, as suas estratégias e os seus objetivos definidos nele. Este estudo colabora,
portanto, na compreensão dos atributos de gestão que contribuem ou inibem à adesão
a modelos; dos fatores motivadores e limitadores, e das ações que favorecem o
envolvimento da instituição na implantação da GR; além de elencar um conjunto de
etapas a serem cumpridas para as instituições que ainda não iniciaram seu processo
de implantação da GR.
This research aimed to comprehend how the adherence and the implantation of the
Risk Management happens in the Federal High Education Institutions and the reached
results in this process. For this purpose, it pursued basis in the Institutional Theory and
its legitimacy suppositions, isomorphism, and institutionalization, so as in the
theoretical background about the adoption of models as Risk Management, focusing
on the Public Administration. The investigation was held by means of a qualitative
approach, of an exploratory nature, supported by semi-structured interviews,
documents and observation in six Universities from the State of Rio Grande do Sul.
The findings indicate that four years after the publication of the normative that inserted
this subject in the universities, all the managers deposited a significant level of
importance to the risk management and started to formalize it through actions, even
though it has not been observed a model operationalization commanded by a own
structure yet. The necessity of fulfilling the guidelines and the Federal Audit and
Supervisory Bodies was identified as one of the attributes which contributed the most
to the adherence to the Risk Management model. These Bodies took a relevant role in
this process, acting as inductors of the coercive isomorphism and, consequently,
contributing to the homogenization of the practices arranged by the Universities. All
the identified attributes, both those that contribute and that inhibit the adherence to the
Risk Management by the high administration, could be summarized in two mains: The
Vanguard Management and the Critic Management. About the motivations and the
limitations to the effective implantation of the Risk Management, the limitations were
found at a higher rate, demonstrating the challenges and the difficulties that the
Universities have been facing and justifying the slow process of institutionalization and
operationalization of the actions, verified in other studies, and perceived, in practice,
in this one. Among the motivations, it stands out the development of the consciousness
about the importance of the Risk Management and the decisive anchor on the part of
high administration, so as the internal audit background based in risk. From the
limitations, it is pointed, for the beginning of the process, the lack of knowledge and
theoretical basement on the theme and the lack of a organizational culture on the
principles and practices of the Risk Management; and for it’s development, it stands
out the lack of process mapping and the lack of personnel and of an organizational
structure that comprise the Risk Management. From a list of actions that help the
involvement of the institution in the Risk Management, it taking into account the
necessity of the top down to the effectiveness of its incorporation and the formation of
a work group with trained people and with the presence of a subject matter expert,
from the academic area. As of this, it was possible to make a proposal of good
practices to the Universities that are still beginning the process of implantation of a
Risk Management model, considering their Institutional Development Plans, their
strategies and their goals defined in it. This study collaborates, therefore, in the
comprehension of the management attributes that contribute or inhibit the adherence
to models; of the motivating and limiting factors, and of the actions that help the
involvement of the institution in the Risk Management implantation; beyond allowing
catalogue an amount of steps to be made to the institutions that has not begun the
process of the Risk Management implantation yet.