Abstract:
No alvorecer do século XXI, novos ares movimentam a literatura brasileira, em expressões artísticas e literárias que aliam a estética aos valores éticos, influenciadas por movimentos sociais. Nesse sentido, projetos literários construídos por vozes subalternizadas passam a ocupar o espaço de autoria com maior intensidade. Assim, escritores/as periféricos/as, negros e negras, imprimem na literatura visões de mundo não hegemônicas e contradiscursos de resistência, antirracistas e antipatriarcais. Nessa conjuntura, que já avançava a segunda década do século XXI, é publicada a obra poética Terra fértil, de Jenyffer Nascimento, em um contexto histórico e literário que se relaciona à escrita marginal/periférica, bem como à afro-feminina. Desse modo, o exame proposto neste trabalho tem como cerne a análise da poética contida em Terra fértil, na perspectiva do estudo acerca da presença de teor testemunhal. O testemunho na literatura constitui uma escritura que se relaciona a contextos políticos e sociais violentos e opressores, cujo surgimento ocorre após a Segunda Guerra Mundial, a partir dos relatos dos sobreviventes do Holocausto. Dessa maneira, a análise dos conceitos referentes às literaturas com as quais a obra poética dialoga, tem por alicerce os textos teóricos de Regina Dalcastagnè (2012), Heloísa Buarque de Hollanda (2014), Conceição Evaristo (2003; 2009; 2020), Ana Rita Santiago (2012). Para investigação dos traços testemunhais nos poemas, buscamos os conceitos elaborados por Márcio Seligmann-Silva (2003; 2005; 2009; 2010), Jaime Ginzburg (2015), Marcelo Ferraz (2022), bem como para o embasamento dos aspectos sociológicos, as teóricas Lélia Gonzalez (2020), Djamila Ribeiro (2018), entre outros autores e autoras que contribuirão à consecução do exame proposto.
At the beginning of the 21st century, new appearances pushed about brazilian literature, in artistic and literary expressions that combine aesthetics with ethical values, influenced by social movements. In this sense, literary projects built by subaltern voices start to occupy the place of authorship with greater intensity. Thus, writers from the neighborhood periphery, black men, and women, print non-hegemonic worldviews and resistance, anti-racist and anti-patriarchal counter-discourses in poetry. At this conjuncture, which was already advancing into the second decade of the 21st century, the poetic effort Terra fértil, by Jenyffer Nascimento, is published in a historical and literary background that relates to marginal/peripheral writing, as well as to afro-female literature. As a result, the examination proposed in this work has the core of the analysis the poetics contained in Terra fértil, in the perspective of the study about the presence of testimonial content. The testimony in literature constitutes a deed that relates to violent and oppressive political and social situations, whose emergence occurs after the Second World War, from the reports of Holocaust survivors. In this way, the analysis of the concepts referring to the literatures with which the dialogs of the poetic work are based on the theoretical texts of Regina Dalcastagnè (2012), Heloísa Buarque de Hollanda (2014), Conceição Evaristo (2003; 2009; 2020), Ana Rita Santiago (2012). To investigate the testimonial traits in the poems, we sought the concepts elaborated by Márcio Seligmann-Silva (2003; 2005; 2009; 2010), Jaime Ginzburg (2015), Marcelo Ferraz (2022), as well as for the basis of the sociological aspects, the theoretical Lélia Gonzalez (2020), Djamila Ribeiro (2018), among other authors who will contribute to the achievement of the wished-for assessment.
