Abstract:
As infecções causadas por micobactérias não tuberculosas (MNT) caracterizam-se por
serem oportunistas e de tratamento complexo. Reconhece-se que a identificação do perfil de
suscetibilidade aos antimicrobianos da cepa causadora da infecção é fundamental para a escolha
do esquema terapêutico adequado. Nesse cenário, testes de suscetibilidade aos antimicrobianos
(TSA) colorimétricos vem se mostrando promissores por possibilitarem uma leitura mais fácil
e precisa dos resultados. O objetivo do presente estudo foi avaliar o cloreto de 2,3,5-trifenil
tetrazólio (TTC) como indicador colorimétrico de viabilidade celular para a determinação do
perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos em cepas de MNT. Para isso, determinou-se o
perfil de 34 cepas do complexo Mycobacterium abscessus (CMAB) frente a claritromicina,
amicacina, ciprofloxacina, cefoxitina, doxiciclina, moxifloxacina e trimetoprimasulfametoxazol; de 13 cepas do complexo M. avium (CMA) frente a amicacina e claritromicina;
e de 7 cepas de M. kansasii frente a claritromicina e rifampicina. As cepas incluídas no estudo
estavam armazenadas no Laboratório de Micobactérias da Universidade Federal do Rio Grande
e foram submetidas aos ensaios de microdiluição seriada em caldo com TTC e sem TTC
(padrão-ouro, com leitura realizada através da visualização da turbidez). Pelo método padrãoouro, as cepas de MNT apresentaram diferentes perfis de suscetibilidade aos antimicrobianos.
Ressalta-se que a maioria das cepas de CMAB apresentaram perfil resistente ou intermediário
para os antimicrobianos testados, exceto para amicacina (97,1% das cepas foram sensíveis). Por
outro lado, apenas uma cepa de CMA e uma de M. kansasii foram resistentes a claritromicina
e rifampicina, respectivamente. Para a maioria das cepas de MNT houve concordância entre o
ensaio com o TTC e o ensaio padrão-ouro: para ensaios com CMAB, concordância essencial
entre 91% e 100% e concordância categórica entre 76% e 100%; para ensaios com CMA,
concordância essencial entre 92% e 100% e concordância categórica entre 84% e 100%; e para
ensaios com M. kansasii, concordância essencial de 100% e concordância categórica entre 85%
e 100%. Além disso, o ensaio com o TTC possibilitou uma visualização e interpretação mais
segura e sensível dos resultados. Portanto, trata-se de uma potencial alternativa de TSA para
ser utilizada em laboratórios que realizam o diagnóstico de micobacterioses.
Infections caused by nontuberculous mycobacteria (NTM) are characterized by being
opportunistic and requiring complex treatment. It is recognized that the identification of the
antimicrobial susceptibility profile of the strain causing the infection is essential for choosing
the appropriate therapeutic regimen. In this scenario, colorimetric antimicrobial susceptibility
testing (AST) have shown to be promising because they allow an easier and more accurate
reading of the results. The aim of the present study was to evaluate 2,3,5-triphenyl tetrazolium
chloride (TTC) as a colorimetric indicator of cell viability to determine the antimicrobial
susceptibility profile of NTM strains. For this, it was determined the profile of 34 strains of the
Mycobacterium abscessus complex (MABC) against clarithromycin, amikacin, ciprofloxacin,
cefoxitin, doxycycline, moxifloxacin, and trimethoprim-sulfamethoxazole; of 13 strains of M.
avium complex (MAC) against amikacin and clarithromycin; and 7 strains of M. kansasii
against clarithromycin and rifampicin. The strains included in the study were stored at the
Mycobacterial Laboratory of the Federal University of Rio Grande and were submitted to broth
serial microdilution assays with TTC and without TTC (gold standard, with reading performed
through the turbidity visualization). By the gold standard method, the NTM strains showed
different susceptibility profiles to antimicrobials. It is noteworthy that most MABC strains
showed a resistant or intermediate profile for the antimicrobials tested, except for amikacin
(97.1% of the strains were susceptible). On the other hand, only one strain of MAC and one of
M. kansasii were resistant to clarithromycin and rifampicin, respectively. For most NTM strains
there was agreement between the TTC assay and the gold standard assay: for MABC assays,
essential agreement between 91% and 100% and categorical agreement between 76% and
100%; for MAC assays, essential agreement between 92% and 100% and categorical agreement
between 84% and 100%; and for M. kansasii assays, essential agreement of 100% and
categorical agreement between 85% and 100%. In addition, the TTC assay allowed for a safer
and sensitive visualization and interpretation of the results. Therefore, it is a potential
alternative of AST to be used in laboratories that perform the diagnosis of mycobacteriosis.