Enegrecendo as páginas da História da Literatura sul-rio-grandense: Negritude e ancestralidade na obra de Maria Helena Vargas da Silveira (1940-2009)

Quadros, Dênis Moura de

Abstract:

 
A obra literária de Maria Helena Vargas da Silveira (1940-2009) é permeada de escrevivências e oralituras tecidas pela negritude, processo de consciência e de resistência, que a escritora gaúcha desvela, na voz poética e narrativa de Helena do Sul. A pergunta central que desencadeou essa tese foi: “Por que, ainda, não conhecemos as obras de Helena do Sul?”. Assim, o objetivo central foi legitimar a inscritura negrofeminina gaúcha a partir da análise da obra literária da autora. Num primeiro momento, buscou-se ferramentas analíticas a fim de apreender melhor a poética da autora afro-gaúcha. Assim, foi possivel ressiginificar o conceito de negritude a partir de intelectuais negras como Lélia Gonzalez (1979; 1982; 1984; 2019), Beatriz Nascimento (1989), Grada Kilomba (2019), entre outras, culminando no conceito da tomada de consciência e de posse dos mecanismos que permitem realocar, ou re(Ôrí)entar, os afrorrizomas que constituem a população negra diaspórica brasileira. Em um segundo momento, os valores civilizatórios Banto e Nagô foram verificados engendrando formas viáveis da leitura da obra de Helena do Sul. Por fim, foi possivel perceber que o Rio Grande do Sul é o ponto de partida e chegada, o centro de uma “encruzilhada” que aloca as dez obras da escritora em dois grandes grupos: o primeiro de movimento centrífugo e horário retoma os Ancestrais históricos e “esbarra” em outras herstórias. O segundo de movimento centrífugo e anti-horário, apreende e remonta as herstórias a partir dos Ancestrais míticos (Orixás, Nkices e Voduns). Assim, percebemos que os temas recorrentes nas dez obras que compõem o corpus dessa pesquisa acabam encontrando-se em um ponto central: o Rio Grande do Sul negro.
 
La obra literaria de Maria Helena Vargas da Silveira (1940-2009) está impregnada de escrevivências y oralituras tejidas por la negritude processo de conciencia y resistencia de la autora gaucha que se desvela, en la voz poética y narrativa, en Helena do Sul. La pregunta central que desencadenó esta tesis fue: "¿Por qué aún no conocemos las obras de Helena do Sul?". Así, el objetivo central era legitimar la inscripción femenina negra a partir del análisis de la obra literaria de la autora. En primer lugar, era necesario pensar en nuevas herramientas analíticas (LORDE, 2009) para comprender mejor la poética de la autora afro-gaucha. Así, redimensionamos el concepto de negritud de intelectuales negros como Lélia González (1979; 1982; 1984; 2019); Beatriz Nascimento (1989); Grada Kilomba (2019) entre otras, culminando en el concepto de conciencia y los mecanismos para reubicar, o re(Ôrí)entar, afrorrizomas que constituyen la población negra de la diáspora brasileña. En segundo lugar, los valores civilizadores Banto y Nagô se verificaron engendrando formas viables de lectura de la obra de Helena do Sul. Finalmente, nos damos cuenta de que Rio Grande do Sul es el punto de partida y de llegada, el centro de una "encrucijada" que asigna las diez obras en dos grandes grupos: La primera del movimiento centrífugo y el tiempo que ocupa los Ancestros históricos, cuyas obras parten de Helena do Sul y "chocan" con otras herstorias; el segundo de movimiento centrífugo y en sentido contrario a las agujas del reloj en el que Helena do Sul se apodera y remonta su historia a partir de los míticos Ancestros (Orixás, Nkices y Voduns). Así, notamos que los temas recurrentes en las diez obras que componen el corpus de esta investigación terminan estando en un punto central: Rio Grande do Sul negro.
 
L’œuvre littéraire de Maria Helena Vargas da Silveira (1940-2009) est imprégnée d’escrevivência et oralitura tissés par la négritud, processus de conscience et de résistance. de l’auteur qui dévoile, dans la voix poétique et narrative, Helena do Sul. La question centrale qui a déclenché cette thèse était : « Pourquoi ne connaissons-nous pas encore les œuvres d’Helena do Sul ? ». Ainsi, l’objectif central était de légitimer l’inscription féminine noire à partir de l’analyse de l’œuvre littéraire de l’auteur. Tout d’abord, il fallait penser à de nouveaux outils analytiques afin de mieux saisir la poétique de l’auteur afro-gaucha. Ainsi, nous avons ressidifié le concept de noirceur d’intellectuels noir tels que Lélia Gonzalez (1979; 1982; 1984; 2019), Beatriz Nascimento (1989), Grada Kilomba (2019) entre autres, culminant dans le concept de conscience et les mécanismes pour relocaliser, ou re(Ôrí)entar, afrorrizomas qui constituent la population noire diasporique brésilienne. Deuxièmement, Banto valeurs civilisatrices et Nagô ont été vérifiés engendrant des formes viables de lecture du travail d’Helena do Sul. Enfin, nous nous rendons compte que Rio Grande do Sul est le point de départ et d’arrivée, le centre d’um “carrefour” qui répartit les dix œuvres en deux grands groupes : le premier du mouvement centrifuge et du temps qui reprend les Ancêtres, dont les œuvres partent d’Helena do Sul et “se heurtent” à d’autres herstoria; le second mouvement centrifuge et dans le sens inverse des aiguilles d’une montre dans lequel Helena do Sul s’empare et remonte son histoire des mythiques Ancêtres (Orixás, Nkices et Voduns). Ainsi, nous avons remarqué que les thèmes récurrents dans les dix œuvres qui composent le corpus de cette recherche finissent par être dans un point central: Rio Grande do Sul noir.
 

Description:

Tese (Doutorado)

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  • ILA - Doutorado em Letras - (Teses)