Abstract:
O avanço da idade impõe desafios significativos à morbimortalidade, impactando
diretamente os serviços de saúde, que enfrentam uma alta demanda de atendimento. Além
das doenças comuns associadas ao envelhecimento, as limitações de mobilidade que
resultam em quedas representam um desafio substancial. Dentro dessas limitações a
redução da mobilidade, do equilíbrio e o medo de cair são fatores diretamente
relacionados tanto à ocorrência quanto às consequências das quedas. O objetivo deste
estudo foi avaliar o efeito de um programa de exercícios domiciliares, baseado no
protocolo de Otago, no medo de cair, equilíbrio e mobilidade em idosos no contexto da
Atenção Primária à Saúde (APS). No primeiro artigo foi apresentada a metodologia do
Ensaio Clínico Randomizado de dois braços, com um período de intervenção de 12
semanas, em idosos com 70 anos ou mais, residentes em áreas cobertas por equipes de
Estratégia Saúde da Família em um município de médio porte. Em que os participantes
eram capazes de ler e entender instruções, além de possuir liberação médica para realizar
exercícios físicos. Ainda, os participantes foram randomizados aleatoriamente para dois
grupos: Grupo Controle (GC) e Programa de Exercícios de Otago (PEO). Os do grupo
PEO foram acompanhados com visitas mensais de um fisioterapeuta, que forneceu
orientações sobre exercícios domiciliares, além de ligações telefônicas da equipe de
pesquisa. Ao final de 12 semanas, os parâmetros de medo de cair, equilíbrio e mobilidade
foram medidos em ambos os grupos. Os resultados, apresentados no segundo artigo,
demonstraram uma redução significativa no medo de cair (FES-I-Brasil) no grupo PEO
ITT e PEO PP, com diferenças médias de 2,1 e 2,3 pontos, respectivamente (p<0,000).
No GC, houve uma piora no Timed Up and Go (TUG), com um aumento de 1 segundo
(p=0,028) após a intervenção. Na Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), ambos os grupos
PEO ITT e PP apresentaram um aumento médio de pelo menos 1 ponto após avaliação
final. A análise estratificada por sexo mostrou que as mulheres obtiveram melhores
resultados tanto no medo de cair (FES-I-Brasil) quanto no equilíbrio (EEB), enquanto na
mobilidade (TUG), as mulheres do GC apresentaram o pior desempenho. Concluindo, o
programa de exercícios domiciliares baseado no protocolo de Otago mostrou-se factível
e de baixo custo para a APS, apresentando efeito na redução do medo de cair e melhoria
no equilíbrio, especialmente em mulheres idosas. Essa abordagem pode ser implementada
pelas equipes da APS, viáveis ao modelo das equipes Multiprofissionais da APS (e-
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MULTI). Contudo, recomenda-se a realização de estudos adicionais com períodos de
intervenção mais longos para avaliar a mobilidade e aumentar a adesão masculina ao
programa.
The progression of age poses significant challenges to morbimortality, directly impacting
healthcare services that face a high demand for care. Beyond common age-related
illnesses, mobility limitations leading to falls represent a substantial challenge. Within
these mobility limitations, reduced mobility, impaired balance, and the fear of falling are
factors directly linked to both the occurrence and consequences of falls. The aim of this
study was to assess the effect of a home-based exercise program, based on the Otago
protocol, on the fear of falling, balance, and mobility in the aged within the context of
Primary Health Care (APS). The first article outlined the methodology of a two-armed
Randomized Clinical Trial with a 12-week intervention period, in older people aged 70
or over, living in areas covered by Primare Care Family Centers in a medium-sized
municipality. Participants were required to be capable of reading and understanding
instructions, as well as having medical clearance for physical exercise. Participants were
randomly assigned to two groups: Control Group (CG) and Otago Exercise Program
(OEP). Those in the OEP group received monthly visits from a physiotherapist, providing
guidance on home exercises, along with phone calls from the research team. At the end
of 12 weeks, fear of falling, balance, and mobility parameters were measured in both
groups. The results, presented in the second article, demonstrated a significant reduction
in the fear of falling (FES-I-Brazil) in the OEP Intention-to-Treat (ITT) and Per-Protocol
(PP) groups, with mean differences of 2.1 and 2.3 points, respectively (p<0.000). The CG
experienced a deterioration in the Timed Up and Go (TUG) test, with an increase of 1
second (p=0.028) after the intervention. In the Berg Balance Scale (BBS), both OEP ITT
and PP groups showed an average increase of at least 1 point. Sex-stratified analysis
revealed that women achieved better results in both fear of falling (FES-I-Brazil) and
balance (BBS), while in mobility (TUG), women in the CG exhibited the poorest
performance. In conclusion, the home-based exercise program based on the Otago
protocol proved to be feasible and cost-effective for APS, showing efficacy in reducing
the fear of falling and improving balance, particularly in aged women. This approach can
be implemented by multidisciplinary APS, viable using the e-MULTI model. However,
additional studies with longer intervention periods are recommended to assess mobility
and enhance male adherence to the program.