Abstract:
Introdução: a asma é uma doença heterogênea geralmente caracterizada pela inflamação
das vias áreas. Sendo essa uma das doenças crônicas mais prevalentes entre crianças.
Neste trabalho, buscou-se avaliar o efeito da respiração diafragmática, RD, em desfechos
clínicos e funcionais de crianças e adolescentes com asma crônica.
Metodologia: Ensaio Clínico Randomizado e Controlado, ECR, com crianças e
adolescentes com asma, com idade entre 7 e 18 anos, atendidos no Ambulatório de
Pneumologia Pediátrica do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio
Grande (FURG), Rio Grande – RS. A intervenção teve duração de 08 semanas, nas quais
o grupo experimental foi instruído à prática da RD, enquanto o grupo controle foi
instruído à prática de um exercício respiratório controle (sham). Foram analisados o nível
de controle da asma, a função respiratória, o estresse e a ansiedade, através do teste de
controle da asma (TCA), pico de fluxo expiratório (PFE, % do previsto), análise de
distensão respiratória abdominal e torácica, quantificação dos níveis de cortisol salivar e
escores de ansiedade relatada pela criança (SCAS-C) e pelos pais (SCAS-P),
respectivamente. A avaliação ocorreu em três momentos: no início do estudo (T1), após
4 semanas de intervenção (T2) e após 8 semanas (T3). Os dados contínuos foram
apresentados como médias ± desvio padrão (DP) ou mediana e intervalo interquartil (IIQ).
Para comparação entre os grupos, foi utilizado o teste t de Student e para os dados
assimétricos o teste Mann Whitney. Os dados dicotômicos foram apresentados como
frequências e percentagens, sendo analisados pelo teste do qui-quadrado ou teste exato de
Fisher, conforme apropriado. Em todas as análises, foi utilizado um valor de p menor que
0,05 de um teste bicaudal. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa na Área da Saúde (CEPAS) da FURG (parecer nº 3.482.646) com cadastro no
Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) sob o número RBR-3x8py3n.
Resultados: 34 pacientes foram incluídos e randomizados, sendo 17 em cada grupo. A
média de idade dos participantes foi de 11,3±3,2 anos, com 73,5% do sexo masculino.
Não houve diferenças significativas entre os dois grupos quanto aos dados demográficos,
socioeconômicos e de características basais clínicas. Comparado com o grupo controle, o
grupo RD teve melhor controle de asma (média ± DP da TCA na T3: 23,06 ± 1,62 vs.
20,37 ± 4,31, p = 0,03), menor média de escores de SCAS-P na T2 (54,46 ± 7,62 vs. 62,0
± 7,22, p = 0,01) e T3 (51,13 ± 8,53 vs. 61,25 ± 6,57, p = 0,04) e menor nível de ansiedade
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autorrelatada pelos pacientes em T2 (1 (1 – 2) vs 3 (3 – 4), p=0,01) e T3 (1 (0 – 1) vs 2
(1 – 3), p=0,03). Não houve diferença significativa entre os dois grupos quanto aos valores
de SCAS-C e de PFE na T2 e T3. O uso do aplicativo para a prática do exercício foi
autorrelatado por 97% (33) dos participantes. A maioria dos pacientes (87%) avaliaram o
exercício como bom ou muito bom, não houve diferença na avalição entre os grupos (p=
0,33). Dois pacientes queixaram-se de efeito adverso, um paciente do grupo intervenção
relatou um episódio de respiração curta enquanto tentava realizar o exercício e um
paciente do grupo controle relatou sentir desconforto ao realizar o exercício.
Conclusões: Os resultados sugerem que a respiração diafragmática pode trazer efeitos
benéficos no controle dos sintomas de asma e na diminuição de ansiedade em crianças e
adolescentes com asma.
Background: Asthma is a heterogeneous disease generally characterized by airway
inflammation. This is one of the most prevalent chronic diseases among children. In this
work, we sought to evaluate the effect of diaphragmatic breathing, DB, on clinical and
functional outcomes in children and adolescents with chronic asthma.
Method: Randomized and Controlled Clinical Trial, RCT, with children and adolescents
with asthma, aged between 7 and 18 years old, treated at the Pediatric Pulmonology
Outpatient Clinic of the University Hospital of the Federal University of Rio Grande
(FURG), Rio Grande – RS. The intervention lasted 08 weeks, in which the experimental
group was instructed to practice DB, while the control group was instructed to practice a
control breathing exercise (sham). The level of asthma control, respiratory function, stress
and anxiety were analyzed through the asthma control test (ACT), peak expiratory flow
(PEF, % of predicted), analysis of abdominal and thoracic respiratory distention,
quantification of salivary cortisol levels and child-reported anxiety scores (SCAS-C) and
parent-reported anxiety scores (SCAS-P), respectively. The evaluation took place in three
moments: at the beginning of the study (T1), after 4 weeks of intervention (T2) and after
8 weeks (T3). Continuous data are presented as means ± standard deviation (SD) or
median and interquartile range (IQR). For comparison between groups, Student's t test
was used and for asymmetric data the Mann Whitney test was used. Dichotomous data
were presented as frequencies and percentages and were analyzed using the chi-square
test or Fisher's exact test, as appropriate. In all analyses, a p-value of less than 0.05 from
a two-tailed test was used. The research project was approved by the Committee on Ethics
in Research in the Health Area (CEPAS) of FURG (No. 3.482.646) with registration in
the Brazilian Registry of Clinical Trials (ReBEC) under the number RBR-3x8py3n.
Results: 34 patients were included and randomized, 17 in each group. The mean age of
the participants was 11.3±3.2 years, with 73.5% male. There were no significant
differences between the two groups regarding demographic, socioeconomic, and baseline
clinical characteristics. Compared with the control group, the RD group had better asthma
control (mean ± SD ACT at T3: 23.06 ± 1.62 vs. 20.37 ± 4.31, p = 0.03), lower mean
SCAS-P scores at T2 (54.46 ± 7.62 vs. 62.0 ± 7.22, p = 0.01) and T3 (51.13 ± 8.53 vs.
61.25 ± 6.57 , p = 0.04) and lower level of self-reported anxiety by patients at T2 (1 (1 –
2) vs 3 (3 – 4), p=0.01) and T3 (1 (0 – 1) vs. 2 (1 - 3), p=0.03). There was no significant
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difference between the two groups regarding the values of SCAS-C and PEF at T2 and
T3. The use of the application for exercising was self-reported by 97% (33) of the
participants. Most patients (87%) evaluated the exercise as good or very good, there was
no difference in the evaluation between groups (p= 0.33). Two patients complained of an
adverse effect, one patient in the intervention group reported an episode of shortness of
breath while trying to perform the exercise, and one patient in the control group reported
discomfort while performing the exercise.
Conclusions: The results suggest that diaphragmatic breathing can have beneficial effects
in controlling asthma symptoms and reducing anxiety in children and adolescents with
asthma.