O exercício da parresía por enfermeiros da Atenção Básica no cuidado a mulheres em situação de violência doméstica
Resumo
A violência doméstica contra a mulher consiste em uma manifestação de relações desiguais de poder entre homens e mulheres, fruto da educação machista que a sociedade patriarcal perpetua ao longo dos séculos. No âmbito privado, determina padrões de relacionamento podendo desencadear a violência. As Unidades Básicas de Saúde constituem a porta de entrada para mulheres que sofrem violência doméstica e a equipe de enfermagem, muitas vezes, é que presta os primeiros cuidados à mulher. Acredita-se que os(as) enfermeiros(as) atuam como parresiasta, ou seja, que falam a verdade fornecendo subsídios para que elas transformem suas vidas. Através de seus diálogos, auxiliam-nas a transformar suas realidades, construir estratégias de poder e modificar a situação de violência. Nesse sentido, objetivou-se “Compreender o exercício da parresía por enfermeiros da Atenção Básica no cuidado a mulheres em situação de violência doméstica”. Os objetivos específicos: “Identificar os dispositivos de poder envolvidos na ocorrência da violência doméstica contra a mulher”; “Analisar o exercício da parresía por enfermeiros da Atenção Básica que prestam assistência a mulheres em situação de violência doméstica”; “Analisar as principais dificuldades e facilidades do atendimento e cuidado a mulheres em situação de violência doméstica”; “Descrever os fatores que interferem no exercício da parresía e no cuidado à mulher em situação de violência doméstica” e “Identificar o conhecimento dos enfermeiros atuantes na Atenção Básica acerca da tipificação da violência doméstica contra a mulher”. Participaram 20 enfermeiros atuantes em 13 Unidades Básicas de Saúde do munícipio do Rio Grande/RS. Pesquisa exploratória, descritiva, qualitativa, apoiada nos preceitos foucautianos. Para a coleta de dados empregou-se a técnica de entrevista, realizada entre abril a junho de 2018, cujo conteúdo foi inserido no Software NVivo e tratado à luz da Análise Textual Discursiva. Os resultados indicam que os(as) enfermeiros(as) possuem conhecimento da tipificação da violência; que exercitam a parresía quando assistem mulheres em situação de violência doméstica; que a assimetria nas relações de poder é um dispositivos empregado na ocorrência da violência; que a consulta de enfermagem é um momento oportuno ao exercício da parresía; que os entraves para o exercício da parresía são: confiabilidade nos relatos de violência, necessidade de provas físicas, dependência afetiva, desejo de manter o relacionamento, crença na mudança de comportamento do agressor, manutenção do status social de mulher casada e manipulação do agressor para que a mulher se sinta culpada pela violência sofrida. Não foram encontradas facilidades no atendimento a mulher em situação de violência doméstica. Confirma-se, portanto, a tese que “os(as) enfermeiros(as) atuantes na Atenção Básicas buscam exercer a parresía no cuidado à mulher em situação de violência doméstica através da informação, da busca pela garantia dos direitos da mulher, do estímulo ao exercício de poder e da coragem para denunciar”. Conclui-se que diagnosticar a violência doméstica e agir como parresiasta é uma tarefa árdua que requer conhecimentos objetivos e subjetivos, bem como sensibilidade para interpretar o não dito. A enfermagem é uma profissão que pode gerar transformações sociais uma vez que está sempre engajada em ações de promoção da saúde.
Domestic violence against women is a manifestation of unequal power relations between men and women, the fruit of the chauvinistic education that patriarchal society has perpetuated over the centuries. In the private sphere, it determines relationship patterns that can trigger violence. The Basic Health Units are the gateway to women who suffer domestic violence and the nursing staff often provides the first care to women. Nurses are believed to act as a parasiast, that is, they speak the truth by providing insights for them to transform their lives. Through their dialogues, they help them transform their realities, build power strategies and change the situation of violence. In this sense, the objective was “To understand the exercise of parresia by nurses of Primary Care in the care of women in situations of domestic violence”. Specific objectives: “Identify the power devices involved in the occurrence of domestic violence against women”; “To analyze the exercise of parresia by primary care nurses who assist women in situations of domestic violence”; “Analyze the main difficulties and facilities of care and care for women in situations of domestic violence”; “Describe the factors that interfere with the exercise of parresia and care for women in situations of domestic violence” and “Identify the knowledge of nurses working in Primary Care about the typification of domestic violence against women”. Participants were 20 nurses working in 13 Basic Health Units of Rio Grande / RS. Exploratory, descriptive, qualitative research, based on Foucautian precepts. For data collection was used the interview technique, held between April and June 2018, whose content was inserted in NVivo Software and treated in the light of Discursive Textual Analysis. The results indicate that nurses have knowledge of the typification of violence; who exercise parresia when assisting women in situations of domestic violence; that asymmetry in power relations is a device employed in the occurrence of violence; that nursing consultation is an opportune moment to exercise parresia; The obstacles to the exercise of parresía are: reliability in reports of violence, need for physical evidence, affective dependence, desire to maintain the relationship, belief in the behavioral change of the aggressor, maintenance of social status of married woman and manipulation of the aggressor to that the woman feels guilty for the violence suffered. No facilities were found to assist women in situations of domestic violence. Therefore, the thesis is confirmed that “nurses working in Primary Care seek to exercise parresia in the care of women in situations of domestic violence through information, the search for the guarantee of women's rights, the encouragement the exercise of power and courage to denounce”. It is concluded that diagnosing domestic violence and acting as a parasiast is an arduous task that requires objective and subjective knowledge, as well as sensitivity to interpret the unsaid. Nursing is a profession that can generate social transformations since it is always engaged in health promotion actions.
La violencia doméstica contra las mujeres es una manifestación de relaciones desiguales de poder entre hombres y mujeres, fruto de la educación chovinista que la sociedad patriarcal ha perpetuado a lo largo de los siglos. En el ámbito privado, determina los patrones de relación que pueden desencadenar la violencia. Las Unidades Básicas de Salud son la puerta de entrada a las mujeres que sufren violencia doméstica y el personal de enfermería a menudo brinda la primera atención a las mujeres. Se cree que las enfermeras actúan como parásitos, es decir, dicen la verdad al proporcionarles ideas para transformar sus vidas. A través de sus diálogos, los ayudan a transformar sus realidades, construir estrategias de poder y cambiar la situación de violencia. En este sentido, el objetivo era "Comprender el ejercicio de la parresia por parte de las enfermeras de Atención Primaria en la atención de mujeres en situaciones de violencia doméstica". Objetivos específicos: "Identificar los dispositivos de poder involucrados en la ocurrencia de violencia doméstica contra las mujeres"; "Analizar el ejercicio de la parresia por parte de las enfermeras de atención primaria que ayudan a las mujeres en situaciones de violencia doméstica"; "Analizar las principales dificultades e instalaciones de atención y atención para mujeres en situaciones de violencia doméstica"; "Describa los factores que interfieren con el ejercicio de la parresia y la atención a las mujeres en situaciones de violencia doméstica" e "Identifique el conocimiento de las enfermeras que trabajan en Atención Primaria sobre la tipificación de la violencia doméstica contra las mujeres". Los participantes fueron 20 enfermeras que trabajan en 13 Unidades Básicas de Salud de Rio Grande / RS. Investigación exploratoria, descriptiva, cualitativa, basada en preceptos foucautianos. Para la recopilación de datos se utilizó la técnica de entrevista, realizada entre abril y junio de 2018, cuyo contenido se insertó en el software NVivo y se trató a la luz del análisis textual discursivo. Los resultados indican que las enfermeras tienen conocimiento de la tipificación de la violencia; quienes ejercen la parresia cuando ayudan a mujeres en situaciones de violencia doméstica; que la asimetría en las relaciones de poder es un dispositivo empleado en la ocurrencia de violencia; que la consulta de enfermería es un momento oportuno para ejercer la parresia; Los obstáculos para el ejercicio de la parresía son: confiabilidad en los informes de violencia, necesidad de evidencia física, dependencia afectiva, deseo de mantener la relación, creencia en el cambio de comportamiento del agresor, mantenimiento del estatus social de la mujer casada y manipulación del agresor para que la mujer se siente culpable por la violencia sufrida. No se encontraron instalaciones para ayudar a las mujeres en situaciones de violencia doméstica. Por lo tanto, se confirma la tesis de que "las enfermeras que trabajan en Atención Primaria buscan ejercer la parresia en el cuidado de las mujeres en situaciones de violencia doméstica a través de la información, la búsqueda de la garantía de los derechos de las mujeres, el estímulo el ejercicio del poder y el coraje para denunciar ". Se concluye que diagnosticar la violencia doméstica y actuar como un parásito es una tarea ardua que requiere conocimiento objetivo y subjetivo, así como sensibilidad para interpretar lo no dicho. La enfermería es una profesión que puede generar transformaciones sociales, ya que siempre se dedica a acciones de promoción de la salud.
Domestic violence against women is a manifestation of unequal power relations between men and women, the fruit of the chauvinistic education that patriarchal society has perpetuated over the centuries. In the private sphere, it determines relationship patterns that can trigger violence. The Basic Health Units are the gateway to women who suffer domestic violence and the nursing staff often provides the first care to women. Nurses are believed to act as a parasiast, that is, they speak the truth by providing insights for them to transform their lives. Through their dialogues, they help them transform their realities, build power strategies and change the situation of violence. In this sense, the objective was “To understand the exercise of parresia by nurses of Primary Care in the care of women in situations of domestic violence”. Specific objectives: “Identify the power devices involved in the occurrence of domestic violence against women”; “To analyze the exercise of parresia by primary care nurses who assist women in situations of domestic violence”; “Analyze the main difficulties and facilities of care and care for women in situations of domestic violence”; “Describe the factors that interfere with the exercise of parresia and care for women in situations of domestic violence” and “Identify the knowledge of nurses working in Primary Care about the typification of domestic violence against women”. Participants were 20 nurses working in 13 Basic Health Units of Rio Grande / RS. Exploratory, descriptive, qualitative research, based on Foucautian precepts. For data collection was used the interview technique, held between April and June 2018, whose content was inserted in NVivo Software and treated in the light of Discursive Textual Analysis. The results indicate that nurses have knowledge of the typification of violence; who exercise parresia when assisting women in situations of domestic violence; that asymmetry in power relations is a device employed in the occurrence of violence; that nursing consultation is an opportune moment to exercise parresia; The obstacles to the exercise of parresía are: reliability in reports of violence, need for physical evidence, affective dependence, desire to maintain the relationship, belief in the behavioral change of the aggressor, maintenance of social status of married woman and manipulation of the aggressor to that the woman feels guilty for the violence suffered. No facilities were found to assist women in situations of domestic violence. Therefore, the thesis is confirmed that “nurses working in Primary Care seek to exercise parresia in the care of women in situations of domestic violence through information, the search for the guarantee of women's rights, the encouragement the exercise of power and courage to denounce”. It is concluded that diagnosing domestic violence and acting as a parasiast is an arduous task that requires objective and subjective knowledge, as well as sensitivity to interpret the unsaid. Nursing is a profession that can generate social transformations since it is always engaged in health promotion actions.
La violencia doméstica contra las mujeres es una manifestación de relaciones desiguales de poder entre hombres y mujeres, fruto de la educación chovinista que la sociedad patriarcal ha perpetuado a lo largo de los siglos. En el ámbito privado, determina los patrones de relación que pueden desencadenar la violencia. Las Unidades Básicas de Salud son la puerta de entrada a las mujeres que sufren violencia doméstica y el personal de enfermería a menudo brinda la primera atención a las mujeres. Se cree que las enfermeras actúan como parásitos, es decir, dicen la verdad al proporcionarles ideas para transformar sus vidas. A través de sus diálogos, los ayudan a transformar sus realidades, construir estrategias de poder y cambiar la situación de violencia. En este sentido, el objetivo era "Comprender el ejercicio de la parresia por parte de las enfermeras de Atención Primaria en la atención de mujeres en situaciones de violencia doméstica". Objetivos específicos: "Identificar los dispositivos de poder involucrados en la ocurrencia de violencia doméstica contra las mujeres"; "Analizar el ejercicio de la parresia por parte de las enfermeras de atención primaria que ayudan a las mujeres en situaciones de violencia doméstica"; "Analizar las principales dificultades e instalaciones de atención y atención para mujeres en situaciones de violencia doméstica"; "Describa los factores que interfieren con el ejercicio de la parresia y la atención a las mujeres en situaciones de violencia doméstica" e "Identifique el conocimiento de las enfermeras que trabajan en Atención Primaria sobre la tipificación de la violencia doméstica contra las mujeres". Los participantes fueron 20 enfermeras que trabajan en 13 Unidades Básicas de Salud de Rio Grande / RS. Investigación exploratoria, descriptiva, cualitativa, basada en preceptos foucautianos. Para la recopilación de datos se utilizó la técnica de entrevista, realizada entre abril y junio de 2018, cuyo contenido se insertó en el software NVivo y se trató a la luz del análisis textual discursivo. Los resultados indican que las enfermeras tienen conocimiento de la tipificación de la violencia; quienes ejercen la parresia cuando ayudan a mujeres en situaciones de violencia doméstica; que la asimetría en las relaciones de poder es un dispositivo empleado en la ocurrencia de violencia; que la consulta de enfermería es un momento oportuno para ejercer la parresia; Los obstáculos para el ejercicio de la parresía son: confiabilidad en los informes de violencia, necesidad de evidencia física, dependencia afectiva, deseo de mantener la relación, creencia en el cambio de comportamiento del agresor, mantenimiento del estatus social de la mujer casada y manipulación del agresor para que la mujer se siente culpable por la violencia sufrida. No se encontraron instalaciones para ayudar a las mujeres en situaciones de violencia doméstica. Por lo tanto, se confirma la tesis de que "las enfermeras que trabajan en Atención Primaria buscan ejercer la parresia en el cuidado de las mujeres en situaciones de violencia doméstica a través de la información, la búsqueda de la garantía de los derechos de las mujeres, el estímulo el ejercicio del poder y el coraje para denunciar ". Se concluye que diagnosticar la violencia doméstica y actuar como un parásito es una tarea ardua que requiere conocimiento objetivo y subjetivo, así como sensibilidad para interpretar lo no dicho. La enfermería es una profesión que puede generar transformaciones sociales, ya que siempre se dedica a acciones de promoción de la salud.
Descrição
Tese (doutorado)
Palavras-chave
Violência contra a mulher, Violência doméstica, Relações de poder, Gênero e saúde, Práticas profissionais, Violence against women, Domestic violence, Power relations, Gender and health, Professional practices, Violencia contra la mujer, La violencia doméstica, Relaciones de poder, Género y salud, Prácticas profesionales
Citação
AMARIJO, Cristiane Lopes. O exercício da parresía por enfermeiros da Atenção Básica no cuidado a mulheres em situação de violência doméstica. 2019. 199f. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2019.
