IE - Doutorado em Educação Ambiental (Teses)
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- ItemAs ações afirmativas no contexto da FURG mediante a perspectiva da educação ambiental e do pensamento complexo(2020) Jardim, Daniele Barros; Calloni, HumbertoA presente tese buscou analisar as Ações Afirmativas na FURG, entre os anos de 2009 e 2019, mediante a seguinte questão de pesquisa: no contexto universitário da FURG, como se constituem as Ações Afirmativas para a comunidade acadêmica e quais significados e sentidos da Educação Ambiental e do pensamento complexo permeiam esses processos educativos e formativos? Como estratégia metodológica, foi utilizada a Inserção Ecológica, uma vez que essa tem como objetivo avaliar os processos de interação das pessoas com o contexto. Os procedimentos utilizados consistiram em entrevistas individuais com servidores, grupos focais com os estudantes, bem como observações ativas na FURG, mediante a utilização do diário de campo em todas as instâncias. Quanto à apreciação dos dados foi empregada a Análise de Conteúdo, porque a mesma ofereceu as condições necessárias para explorar a gama de informações levantadas na pesquisa. Durante a classificação dos elementos, foram constituídas três grandes categorias para inferência e interpretação: Constituição das Ações Afirmativas no Ensino Superior; Significados e sentidos das questões socioambientais; e Contribuições do Pensamento Complexo para os Fundamentos da Educação Ambiental. O referencial teórico das Ações Afirmativas reconhece a diversidade, desconstrói discursos e práticas e constitui-se em um novo processo de pensar nos indivíduos em geral e na coletividade em especial (FERES JUNIOR e ZONINSEIN, 2006; FONSECA, 2009; MUNANGA, 2005). O referencial da Educação Ambiental auxiliou na reflexão sobre as ações que se destina assegurar, mediante a educação, a integração das múltiplas dimensões como: ambiental, social, ética, cultural, econômica, espacial e política (LAYARGUES, 2000, 2004, 2012; GUIMARÃES, 2004; LOUREIRO, 2004, 2016 e TREIN, 2008). E o referencial do pensamento complexo nos levou a esse profundo processo de reflexão, da crise à solidariedade, dos conceitos às ações, descortinando novos modos de pensar a realidade, com sua complexidade inerente, através de novos modos de dialogar com o mundo (ALMEIDA, 2004 e MORIN, 1998, 2000, 2002, 2005, 2006, 2012). Logo, defende-se a tese que a perspectiva da Educação Ambiental e a dimensão do pensamento complexo colaboram para a compreensão das Ações Afirmativas na FURG, enquanto uma das inúmeras ações que podem cooperar para as reparações sócio históricas no Brasil, uma vez que essa ação política contribuirá para a Universidade repensar sua articulação com o currículo, este enquanto ambiente inclusivo nas relações sócio-culturais-ambientais, em prol de qualificar as relações e a formação de cidadãos críticos, capazes de transformar a crise socioambiental vigente, desarticulando os fatores que desmoralizam essas conquistas. As Ações Afirmativas buscam garantir o desenvolvimento integral do humano, que consequentemente desenvolve o crescimento local e global em todos os aspectos que possamos imaginar. Outrossim, contribui para a reflexão com o objetivo de uma educação mais integradora da condição humana em harmonia com a vida e com o planeta, a partir de uma compreensão de mundo complexa. Reforça-se, assim, a importância de entender e viver a Universidade como espaço de reivindicações e de luta, compreendendo que a mesma tem um papel social relevante, com o potencial de transformar a história da sociedade e a trajetória das Ações Afirmativas.
- ItemO agir do movimento ecológico como fonte de Educação Ambiental: a contribuição do centro de estudos ambientais para a crítica e transformação(2019) Soler, Antonio Carlos Porciuncula; Machado, Carlos Roberto da SilvaA EA contemporânea se constitui em tendências em disputa, produzida e reproduzida a partir de concepções politica-ideológica, inseridas na materialidade de um processo histórico, dinâmico, com permanentes conflitos, os quais podem ser superadas em prol da sociedade e da natureza, conforme o enfrentamento popular travado. A pesquisa pretendeu desvelar esse processo histórico, particularmente em relação às origens da EANF contemporânea e sua relação com práxis do movimento ecológico, identificando e expondo o processo das primeiras lutas ecológicas do Centro de Estudos Ambientais (CEA) e sua contribuição para a construção de uma EA Critica e Transformadora. A investigação partiu da hipótese que a luta ecológica do CEA foi fonte pioneira de EA e que sua pratica social é predominantemente voltada para mudança de modelo societário. O objetivo da pesquisa foi: analisar criticamente a contribuição do movimento ecológico, na produção da EANF, além de aportar reflexões e problematizar o papel legitimador do antropocentrismo na produção e reprodução do capitalismo; provocar o debate sobre complementariedade possível entre visão não antropocêntrica de mundo e mudança societária, com a necessária aproximação dos movimentos ecológicos, sociais e sindicais; colaborar para o resgate de parte da história ambiental e apontar caminhos para fortalecer o movimento ecológico e a democracia ambiental, além de colaborar para o aporte de elementos teóricos e práticos para tal EA Critica. É uma pesquisa qualitativa, se valendo do método dialético crítico. Concluiu que, os temas priorizados pelo CEA, impostos pela materialidade das relações sociais, como suas bandeiras de lutas ecológicas, em que pese sua estrutura institucional precária, levaram a materialização de uma EA tendente a ser critica e transformadora no espaço não formal.
- ItemA alfabetização na idade certa e a educação ambiental como práticas de governamento: deslocamento nas políticas públicas para os três primeiros anos do ensino fundamental(2014) Gonçalves, Ana do Carmo Goulart; Dias, Cleuza Maria SobralEsta tese objetiva compreender quais os deslocamentos que estão sendo operados nas políticas públicas concernentes ao ciclo da infância. O estudo busca respaldo na perspectiva pós-estruturalista e procura estabelecer algumas aproximações com os pensamentos de Michel Foucault, entre outros autores. No que concerne às ferramentas analíticas, utilizei os conceitos foucaultianos de biopoder, biopolítica e governamento. Destaco o conceito de governamentalidade enquanto ferramenta potente, capaz de oferecer pistas para problematizar as implicações das políticas públicas abordadas neste trabalho. Desenvolvi, no presente estudo, uma análise a partir da documentação oficial relativa aos três primeiros anos do Ensino Fundamental e, para compor o corpus analítico, selecionei documentos que se referem ao ciclo da infância, os que apontam direcionamentos para o ciclo da alfabetização, em especial a campanha criada pela Portaria Nº 867, de 04 de julho de 2012, que instituiu o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e o Projeto Dinheiro Direto na Escola ? PDDE Escolas Sustentáveis. Organizei este trabalho em três eixos de análise: "A escola de hoje: da infância para a aprendizagem", em que discuto questões relacionadas aos deslocamentos que estão sendo operados nas políticas públicas dos três primeiros anos do Ensino Fundamental; o "Alargamento das funções da escola: educação ambiental e sustentabilidade", em que argumento que os modos de ser e de estar em um contexto contemporâneo parecem, cada vez mais, pautados por formas de viver "sustentáveis e ecologicamente corretas" e "A avaliação em tempos neoliberais e seus atravessamentos: invenções, endereçamentos e implicações", no qual discuto a avaliação enquanto um "direcionador" que aponta para caminhos previamente pensados e traçados com o intuito de conduzir os indivíduos e a coletividade. Assim, considero importante compreender como as políticas públicas aqui abordadas, em consonância com outros discursos contemporâneos, ao operar deslocamentos, fabricam uma infância voltada a um mercado desenhado por uma racionalidade política: a razão governamental neoliberal.
- ItemAmbientalização sistêmica na gestão e na educação ambiental: estudo de caso com o ensino profissional marítimo – EPM.(2009) Kitzmann, Dione Iara Silveira; Asmus, Milton LafourcadeEste trabalho tem por objetivo propor meios para integrar a Educação Ambiental (EA) à capacitação de trabalhadores portuários avulsos através da ambientalização curricular e sistêmica, seguindo referenciais e princípios da EA e da gestão ambiental. Para isto, foram considerados os níveis da macroescala (o sistema nacional de capacitação portuária), da mesoescala (o local da oferta) e da microescala (a sala de aula), com ênfase nesta última. A base teórica é multireferencial, com aportes das áreas da Educação e da Educação Ambiental, priorizando a discussão curricular, a ambientalização e a avaliação em Educação Ambiental. A metodologia emprega diferentes abordagens, utilizando como procedimentos e técnicas o estudo de caso (o Curso Básico do Trabalhador Portuário, aplicado em Rio Grande-RS); a aplicação de entrevista (com entrevistado de referência); a aplicação de questionários (a professores-instrutores) e a análise de documentos (registros de atividades em sala de aula com os trabalhadores portuários e documentos dos órgãos gestores do sistema). A estratégia escolhida constou de três fases: Fase I - o Diagnóstico do sistema e do triângulo interativo (professor, aluno, curso); Fase II - Estudo de Caso: o Curso Básico do Trabalhador Portuário – CBTP; Fase III: Elaboração das propostas. Os resultados indicam que, sob a ótica dos princípios da EA, o sistema de capacitação portuária tem pontos fracos (é pouco democrático e participativo; os cursos têm ênfase no saber-fazer, não são regionalizados; sua avaliação é classificatória; a EA é disciplinar, de baixa carga horária) e fortes (sistema em rede, bem organizado, com políticas contínuas e gestão estável, facilitando a implantação de mudanças; há uma cultura de sala de aula; há um espaço de avaliação permanente). A participação dos trabalhadores nas ofertas da disciplina “Meio Ambiente” trouxe importantes subsídios, dentre os quais as suas representações sobre meio ambiente, impactos ambientais cotidianos, e impactos ambientais portuários. O perfil dos professores-instrutores indica que este é semelhante ao nacional, tendo sido classificados como “instrutor portuário” e “instrutor técnico”, de acordo com as categorias de habilitação, experiência, conhecimento e formação. Os instrutores ouvidos são favoráveis à integração dos temas ambientais, mas indicam a falta de conhecimento e de capacitação ambiental como a principal limitação para tratá-los em suas disciplinas. A partir dos resultados obtidos, foi estruturada uma proposta metodológica de ambientalização curricular (a sequência: diagnóstico → critérios direcionadores → conceitos integradores → temas e conteúdos → ambientalização curricular) e três propostas de operacionalização: Estratégia de Ambientalização Curricular; Capacitação Ambiental do Docente Portuário; e Sistema de Indicadores Ambientais Portuários – SIAAP, que buscam integrar as mudanças curriculares à ambientalização institucional, a estratégias de capacitação ambiental de professores-instrutores e à definição dos indicadores de avaliação destas mudanças. Deste processo, concluímos que as oportunidades e forças identificadas permitirão que tais propostas sejam efetivadas no sistema de capacitação portuária, possibilitando uma ambientalização sistêmica, e abrangendo, além da microescala (os cursos), também a macroescala (o espaço portuário e ambiental adjacente).
- ItemO artesanato como processo político do trabalho: reconstruindo os caminhos da atividade criadora pelo viés da educação ambiental transformadora(2014) Pagel, Thaís Guma; Veras Neto, Francisco QuintanilhaO presente trabalho apresenta-se através da importância da atividade criadora tensionada ao trabalho alienado, seja nas relações sociais ou nas relações com o meio ambiente. Nele, busquei enfocar a questão da atividade criadora como contribuição ao processo político do trabalho atrelada aos princípios de uma Educação Ambiental crítica, transformadora e emancipatória ao visar a superação da alienação proposta pela sociedade do capital. Seu objetivo principal é a investigação de recortes de realidades simbolicamente construídos pelos artesãos do “Brique na Estação”, especialmente relacionados às transformações sociais e ambientais que priorizem a emancipação dos sujeitos e de suas gerações futuras no que se refere ao cuidado ambiental. Trago, como proposta teórica e metodológica, uma pesquisa participativa e qualitativa a partir da análise de conteúdo, através de categorias analíticas e empíricas, de acordo com Maria Cecília Minayo, de entrevistas com sujeitos artesãos da cidade de Montenegro/RS – a chamada “Cidade das Artes”. A fundamentação teórica que contribui para a compreensão do tema e do objeto de pesquisa apresenta-se, principalmente, a partir da atividade criadora em Fayga Ostrower e da Educação Ambiental crítica, transformadora e emancipatória em Carlos Loureiro, por meio de sua busca pela superação da alienação numa sociedade que valoriza formas de reprodução do conhecimento e da conservação da realidade. A pesquisa possibilitou enfocar a problemática da alienação na contemporaneidade do pensamento de István Mészáros e Ricardo Antunes, como forma de suprir a necessidade da problematização da realidade historicamente construída. Marx, em seu tempo, reflete muito dos problemas da nossa atualidade e, com o auxílio de Mészáros, é possível desvelar a realidade a partir de sua historicidade. Busquei pesquisar, nas entrevistas com os sujeitos artesãos, a relação entre atividade criadora e trabalho alienado, bem como suas repercussões socioambientais, como forma de Educação Ambiental não formal, na expectativa de que tal processo não pode existir sem sujeitos pensantes e na complexidade de suas relações dialógicas com outros sujeitos e com o mundo. Assim, as tensões que encontrei satisfazem a pesquisa enquanto possibilidade de Educação Ambiental não formal na medida em que contribuem com a criticidade e a problematização da realidade. Portanto, considero que esta tensão esteve sempre presente nas entrevistas, e possibilitou o desvelamento da realidade a partir de sua problematização, principalmente através dos diversos problemas vividos pelos protagonistas das entrevistas, seja na busca por maior divulgação de seu trabalho criativo, seja na busca por transformações socioambientais.
- ItemAvaliação do processo de descontinuidade da implantação da agenda 21 em Pelotas, sob o olhar da educação ambiental ecomunitarista e das políticas públicas(2009) Silva, Neuza Maria Corrêa da; Velasco, Sírio LopezEsta pesquisa desenvolve uma análise do processo de implantação e descontinuidade da Agenda 21 de Pelotas, entre os anos de 2003 e 2006, sob a perspectiva da Educação Ambiental Ecomunitarista e das políticas públicas. Para tal, foram coletados e interpretados dados referentes ao processo, avaliando a funcionalidade das políticas públicas, da metodologia do projeto, das ações da Educação Ambiental, assim como a responsabilidade e o interesse dos partícipes, desde a elaboração do projeto até as últimas consequências que levaram a sua não efetivação. Problematiza as concepções de políticas públicas através de embasamentos teóricos, procurando aferir a ausência de um efetivo processo de governança que seria possível na medida em que contemplasse elementos de EAEcomunitarista. Compara as responsabilidades e ações dos dois governos municipais, durante o processo de implantação e descontinuidade da Agenda local. A pesquisa está ancorada nos referenciais teóricos da Agenda 21 Nacional, na concepção de educação problematizadora, dialógica e libertadora de Freire (1978,1996), na definição de Educação Ambiental proposta pelo Programa Nacional de Educação Ambiental – PNEA (Lei 9795/99), na percepção de políticas sob múltiplos olhares e nos fundamentos da EA Ecomunitarista sugerida por Velasco (2003,2008). A pesquisa desenvolve-se através de uma abordagem qualitativa, exploratória de estudo de caso, utilizando-se de instrumentos como questionários, relatos, documentos e aporte teórico. O estudo apresenta fatos e consequências, realizando uma análise crítica, mostrando falhas e apontando possíveis caminhos e viáveis soluções embasadas na prática ecomunitarista.
- ItemC osntituinte escolar do RS como práxis político-pedagógica e sua dimensão ambiental.(2010) Cunha, Álvaro Luís Ávila da; Velasco, Sirio LopezA presente tese apresenta a Constituinte Escolar, política pública do governo do estado do Rio Grande do Sul 1999-2002, como um processo significativo para entendermos os limites e as possibilidades de transformar as relações curriculares nas escolas públicas do Brasil, não somente por sua abrangência, mas pelo método participativo em que foi alicerçada. Revela também como a Educação Ambiental emergiu enquanto dimensão importante nessa caminhada. Para tanto, escolhi como fonte preferencial de pesquisa meus registros-relatórios escritos na época em que atuei na 18ª Coordenadoria de Educação em Rio Grande. Utilizo-me de um recurso metodológico pouco convencional, qual seja, a crônica da leitura desses registros-relatórios, refletindo, atualizando e teorizando aquela experiência, o que levou a um texto que prima pelo rigor subjetivo e por uma escrita que, como a própria CE, configura-se como práxis político-pedagógica. A perspectiva Ecomunitária de Velasco, que integra os paradigmas dialético, lógico-formal e sistêmico, além dos teóricos de Frankfurt, em especial a escrita de Benjamin, me acompanharam nessa tarefa.
- ItemA caminhada solitária da Comunidade Ceval e a Educação Ambiental Ecomunitarista – Pelotas/RS: período 2006/2011.(2011) Silva, Paulo Ricardo Granada Corrêa da; Velasco, Sirio LopezEste trabalho de tese teve por fim analisar a situação social e infraestrutural da Comunidade Ceval na Cidade de Pelotas/RS, à luz da teoria ecomunitária, proposta por Velasco. No ano de 2005, a Universidade Católica de Pelotas deu por encerrado o projeto denominado Ecomunitarismo, desenvolvido junto à Comunidade Ceval, a qual vivia, à época, às margens do Canal Santa Bárbara em condição de lumpesinato. Nosso problema de tese consistia em saber como se comportou a comunidade Ceval no período compreendido entre os anos de 2006 e 2011, no que tange à maneira de como foi capaz de se articular para concretizar suas necessidades comunitárias. Partimos da hipótese de que a Comunidade Ceval conseguiu manter-se unida, lutando por seus interesses comunitários e praticando alguns preceitos do ecomunitarismo, mesmo que empiricamente. Este trabalho de tese objetivou, assim, investigar a realidade desta comunidade, seu desenvolvimento social e humano à luz do ecomunitarismo, no referido período, ou seja, após o encerramento do projeto Ecomunitário da UCPel. A metodologia utilizada partiu da construção de uma base teórica referente ao Ecomunitarismo, na qual estão expostas suas três normas da ética. Verificamos, a partir dessa base teórica, as ações realizadas pela Comunidade Ceval, constatando, por conseguinte, quais as atuais condições de infraestrutura e condições sociais da mesma. Para levantamento dos dados, foram realizadas entrevistas – a partir de um questionário previamente elaborado – com seis pessoas, todas moradoras da comunidade, sendo elas: dois líderes comunitários, duas trabalhadoras da Cooperativa Ceval e duas donas de casa. As entrevistas foram realizadas no ano de 2011. Verificamos, após a investigação, que a comunidade Ceval conseguiu, apesar das dificuldades enfrentadas, obter conquistas importantes ao longo do período estudado, como moradias, água, luz e esgoto. Conseguiram, também, a construção de seu centro comunitário e a concretização de sua cooperativa de reciclagem. Concluímos, dessa forma, que mesmo diante das vicissitudes, a comunidade conseguiu manter-se unida e lutando por seus interesses. Constatamos, outrossim, que a UCPel encerrou precocemente seu projeto, pois a comunidade ainda não estava pronta para sua caminhada solo. A falta do aporte teórico da Educação Ambiental Ecomunitária, que se fazia a tônica do projeto da UCPel, impediu que a comunidade conseguisse desenvolver a prática consciente das três normas da ética, base do ecomunitarismo – tendo tal prática sido encontrada apenas empírica e embrionariamente na cooperativa de reciclagem –, e, consequentemente, da ordem socioambiental ecomunitária, perfeitamente descrita em UCRONIA de Velasco.
- ItemCaminhos e descaminhos da educação ambiental nos saberes e fazeres da escola do campo : um estudo de caso na escola da comunidade do Barranco em São José do Norte(2013) Coelho, Mônia Gonçalves; Minasi, Luis FernandoNessa Dissertação de Mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande, apresentamos nossa problematização buscando compreender que saberes e fazeres as educadoras da escola do campo, da Escola Municipal Dom Frederico Didonet, localizada no interior de São José do Norte, desenvolvem e como estes se manifestam em suas práticas educativas como busca de uma Educação Ambiental do Campo. Frente à emergência em se conceber a Educação do Campo como um espaço-tempo de formação humana com propósitos de emancipação dos sentidos, foi concebido a Pesquisa Qualitativa comomovimento de descoberta e anúncio. O uso da Teoria Materialista Dialética nos favoreceu para a compreensão mais justa da realidade estudada e dapossibilidade de desenvolvimento de uma outra forma de estar no e com o mundo, tendo como fundamento a prática educativa das educadoras do campo como critério de verdade. Compreendemos, por meio deste estudo, a necessidade de processos formativos continuados de professores que seembasem em teorias fortes, concretas, e que denuncie os movimentos contraditórios da educação no geral e da educação do campo no seu particular, assim como, também seja capaz de anunciar que outra de educação é possível, para além da que estamos desenvolvendo nesse modo de existir sociambientalmente.A escolha, para o Estudo de Caso da Escola Dom Frederico Didonet, se deu em virtude de apresentar o Ensino Fundamental Completo no campo, como também não estar organizada em turmas multisseriadas. Assim, dentro do escopo deste trabalho, objetivamos conhecer, compreender e analisar as contradições das pratica educacionais da Escola Municipal Dom Frederico Didonet, assim como identificar, analisar o desenvolvimento dos saberes e os fazeres das educadoras da Escola do Campo dentro da Proposta Pedagógica da Escola. Neste estudo se tornou possível compreender as limitações dos conhecimentos e saberes desenvolvidos na escola do campo/rural Dom Frederico Didonet, na medida em que as práticas lá existentes expressam contradições que resolvidas sem a luz de uma teoria, dificultam um entendimento das causas geradoras dos limites que a condicionam, no seu todo, um fazer pedagógico revolucionário das professoras que nela atuam. Constatamos também a inexistência de uma proposta de Educação Ambiental nos programas das disciplinas que forma o currículo da escola descaracterizando o Campo da Natureza e o homem como seu interlocutor.. Em nosso entendimento, apenas por meio de práticas fundadas na Teoria Marxista é que podermos conseguir desvelar estas contradições. Para além de revelar as práticas pedagógicas da escola, buscamos propor ações que estejam vinculadas a um projeto social mais amplo, de transformação da sociedade, no qual é necessário que os educadores desenvolvam um pensar crítico e revolucionário capaz de articular diferentes conhecimentos, saberes e fazeres no espaço escolar do meio rural, em que os princípios e fundamentos da Educação Ambiental crítica e transformadora estejam impregnados no cotidiano das práticas pedagógicas, possibilitando a promoção de uma Educação Ambiental do e no Campo.
- ItemCativeiros de animais para exibição e a Educação Ambiental: implicações éticas contemporâneas(2018) Sanchez, Karine Ferreira; Calloni, HumbertoA presente pesquisa teve por escopo um estudo de caso acerca da vida e permanência de animais em cativeiros, verificando e problematizando em que medida a noção de Educação Ambiental, assim entendida nesses ambientes, pode nos despertar certa perplexidade ao constatarmos a manutenção de ambientes cativos que insistem em servir a uma cultura antropocêntrica que já não se coaduna com os novos paradigmas em curso na atualidade que presumem, dentre outros entendimentos, a responsabilidade moral para com os demais seres vivos, bem como e especialmente, a salvaguarda da ética e dos Direitos Animais. Com efeito, o presente estudo teve como questão central o seguinte enunciado: Como se justifica a permanência do domínio humano sobre a natureza no comportamento contemporâneo de manutenção dos animais em cativeiro e qual a função da Educação Ambiental neste tema? A partir do problema/questão da pesquisa formulou-se a hipótese/Tese de que a Educação Ambiental pode/deve desconstruir noções e conceitos que normatizam/normalizam tanto a permanência quanto a exploração de animais vivos em cativeiros. Para confirmar a referida hipótese, este estudo de caso valeu-se de uma metodologia compatível com os seus propósitos: mapeamento e seleção dos locais a serem estudados; formação de um banco de imagens; observações presenciais; entrevistas com os responsáveis pelos locais; análise dos projetos de Educação Ambiental existentes com suas justificativas e políticas internas. Neste sentido, foram realizados registros de ambientações animais em cativeiros situados no estado do Rio Grande do Sul, tais como zoológicos e criadouros legalizados a seguir discriminados: o Criadouro Conservacionista São Braz, em Santa Maria; o Criadouro Conservacionista da Quinta da Estância, em Viamão; o GramadoZoo, em Gramado e a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, em Sapucaia do Sul. A hipótese da pesquisa foi confirmada no sentido de que não existem justificativas que estabeleçam a legitimidade da manutenção da cultura de animais em cativeiro para entretenimento, pesquisa, conservação ou Educação Ambiental, sempre que levarmos em conta a consideração ética. Os resultados demonstram que a justificativa de manutenção dos animais cativos, que escape à pura salvaguarda destes animais, ou se aproveite dela para outros fins, ignorando a natureza dos animais, permanece como um “retrocesso moral” na nossa sociedade, sendo agravada pela cumplicidade de determinados enfoques de Educação. Desta forma, postula-se a abolição progressiva desses locais de cativeiro como atitude ética pertinente e adequada ao nosso século. Por outro lado, o referencial teórico foi estabelecido com os conceitos de Ética de Edgar Morin, Albert Schweitzer e Carlos Naconecy; Estudos sobre o Homo sapiens, e sua relação com outros seres a partir de Yuval Harari, Charles Darwin e Keith Thomas, além das considerações fundamentais de Peter Singer, Gary Francione, Tom Reagan e Fernanda de Medeiros acerca dos Direitos Animais. A justificativa da pesquisa se dá na preocupação com a vida de outros seres sencientes – e não somente os humanos – que diariamente se encontram em estado de grande sofrimento.
- ItemCativeiros de animais para exibição e a educação ambiental: implicações éticas contemporâneas.(2018) Sanchez, Karine Ferreira; Calloni, HumbertoA presente pesquisa teve por escopo um estudo de caso acerca da vida e permanência de animais em cativeiros, verificando e problematizando em que medida a noção de Educação Ambiental, assim entendida nesses ambientes, pode nos despertar certa perplexidade ao constatarmos a manutenção de ambientes cativos que insistem em servir a uma cultura antropocêntrica que já não se coaduna com os novos paradigmas em curso na atualidade que presumem, dentre outros entendimentos, a responsabilidade moral para com os demais seres vivos, bem como e especialmente, a salvaguarda da ética e dos Direitos Animais. Com efeito, o presente estudo teve como questão central o seguinte enunciado: Como se justifica a permanência do domínio humano sobre a natureza no comportamento contemporâneo de manutenção dos animais em cativeiro e qual a função da Educação Ambiental neste tema? A partir do problema/questão da pesquisa formulou-se a hipótese/Tese de que a Educação Ambiental pode/deve desconstruir noções e conceitos que normatizam/normalizam tanto a permanência quanto a exploração de animais vivos em cativeiros. Para confirmar a referida hipótese, este estudo de caso valeu-se de uma metodologia compatível com os seus propósitos: mapeamento e seleção dos locais a serem estudados; formação de um banco de imagens; observações presenciais; entrevistas com os responsáveis pelos locais; análise dos projetos de Educação Ambiental existentes com suas justificativas e políticas internas. Neste sentido, foram realizados registros de ambientações animais em cativeiros situados no estado do Rio Grande do Sul, tais como zoológicos e criadouros legalizados a seguir discriminados: o Criadouro Conservacionista São Braz, em Santa Maria; o Criadouro Conservacionista da Quinta da Estância, em Viamão; o GramadoZoo, em Gramado e a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, em Sapucaia do Sul. A hipótese da pesquisa foi confirmada no sentido de que não existem justificativas que estabeleçam a legitimidade da manutenção da cultura de animais em cativeiro para entretenimento, pesquisa, conservação ou Educação Ambiental, sempre que levarmos em conta a consideração ética. Os resultados demonstram que a justificativa de manutenção dos animais cativos, que escape à pura salvaguarda destes animais, ou se aproveite dela para outros fins, ignorando a natureza dos animais, permanece como um "retrocesso moral" na nossa sociedade, sendo agravada pela cumplicidade de determinados enfoques de Educação. Desta forma, postula-se a abolição progressiva desses locais de cativeiro como atitude ética pertinente e adequada ao nosso século. Por outro lado, o referencial teórico foi estabelecido com os conceitos de Ética de Edgar Morin, Albert Schweitzer e Carlos Naconecy; Estudos sobre o Homo sapiens, e sua relação com outros seres a partir de Yuval Harari, Charles Darwin e Keith Thomas, além das considerações fundamentais de Peter Singer, Gary Francione, Tom Reagan e Fernanda de Medeiros acerca dos Direitos Animais. A justificativa da pesquisa se dá na preocupação com a vida de outros seres sencientes - e não somente os humanos - que diariamente se encontram em estado de grande sofrimento.
- ItemComunidades tradicionais em movimento: modos de vida e educação ambiental para o desenvolvimento territorial sustentável em uma unidade de conservação marinho-costeira no litoral de Santa Catarina.(2015) Foppa, Carina Catiana; Veras Neto, Francisco QuintanilhaEsta pesquisa teve o objetivo de aval iar as perspectivas da construção de uma abordagem de educação ambiental para o desenvolvimento territorial sustentável em áreas marinhas protegidas. A perspectiva territorial adotada contribuiu para compreender a dimensão histórica dos modos de vida e as estratégias adaptativas resultantes de territórios ocupados tradicionalmente e que são afetados pela criação de unidades de conservação. Parte-se da hipótese de que as transformações socioecológicas na zona costeira e as políticas existentes afetam os modos de vida. De tal forma, a diversificação dos modos de vida historicamente uti l izados nos territórios tradicionalmente ocupados constituem-se como importantes fatores para garantir a sustentabi l idade, mas têm sido desconsiderados e, sobretudo, alterados com transformações significativas nos elementos que o constituem. O desenho domodelo analítico da pesquisa combinou duas abordagens assentadas na perspectiva sistêmica: os Modos de Vida Sustentáveis (MVS) e o Desenvolvimento Territorial Sustentável (DTS). Dos modelos inicialmente independentes foram traçados elos comuns, numa perspectiva de complementariedade das abordagens, trazendo para o conjunto analítico aproximações entre o sistema socioecológico e o território. Incorporou, ainda, a ideia de incertezas e imprevisibi l idade, o foco nas pessoas, dimensões endógenas e exógenas, de escala e o avanço de um olhar setorial para um olhar integrado das dinâmicas territoriais. A unidade de anál ise foi del ineado pelo território afetado pela criação de Unidade de Conservação de Proteção Integral no l itoral de Santa Catarina - Território Acaraí, valorizando o espaço-tempo da comunidade tradicional, integrando nosmodelos analíticos a composição sistêmica dos ativos e recursos (para o modelo MVS) e dos fatores em potencial e de recusas do território (do DTS). A reconstrução da trajetória de desenvolvimento possibi l itou construir, em conjunto com os grupos tradicionais e usuários de recursos, vetores de transformação, suas consequências, bem como identificar a reconversão criativa dos modos de vida por eles vivenciados. Com auxíl io da história oral e da micro-história, a reconstrução da trajetória permitiu compreender as dinâmicas territoriais, considerando as dimensões sociopolítica, socioeconômica, sociocultural e socioecológica incidentes, a partir do que os grupos percebem comomarcantes. Os resultados demonstraram asmudanças nos sistemas produtivos da pesca artesanal, agricultura e extrativismo, a partir de transformações oriundas de vetores internos e externos do território. Adaptação e mecanismos de aprendizagem individual e coletiva foram evidenciados para l idar com choques e incertezas, fortemente marcados pela diversificação das estratégias de modos de vida. Os diferentes contextos de vulnerabil idade associados aos ativos e políticas incidentes auxi liaram a compreender as impl icações da criação de áreas protegidas e outras políticas ambientais para a resil iência dosmodos de vida tradicionais. Para além de uma perspectiva setorial, outros elementos, como do patrimônio imaterial foram colocados em evidência, indicando a ampl itude do sistema de conhecimento dos comunitários. O território estudado se revelou pela inter-relação entre distintos grupos com diferentes recursos, marcados por arranjos institucionais específicos. A diversidade étnica, de grupos e de relações com os recursos naturais (material e imaterial) traduzem as territorial idades, exigindo uma compreensão cuidadosa, a f im de que a tradução das políticas públicas incluam a diversidade e possam concil iar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento dos grupos associados. Muito embora, as relações mais diretas estejam vinculadas ao estuário e aos subsistemas que o constituem, diferentes dinâmicas e fatores de mudança do território estão vinculados a uma conf iguração espacial ampl iada, correlacionando-se diretamente com outros municípios, com o entorno maior da Baía da Babitonga, quiçá do próprio contexto de desenvolvimento do litoral catarinense. A categoria de UC de Proteção Integral não acomoda os direitos multiculturais das comunidades tradicionais e, somadas às demais políticas de ordenamento e gestão da zona costeira, criam situações de perda de resiliência dos modos de vida sustentáveis. A educação ambiental contribui para desenhar um novo compasso para o impasse territorial resultante da criação de unidade de conservação, mas exige uma atuação transversal e transdisciplinar entre as organizações que operam no nível local, as organizações-ponte e a comunidade.
- ItemAs concepções de homem, natureza e trabalho de alunos dos cursos de técnico em meio ambiente e tecnólogo em gestão ambiental do campus pelotas - visconde da graça do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense(2015) Nogueira, Christiano; Molon, Susana InêsEste trabalho objetivou compreender a questão de pesquisa sobre como são construídas no processo formativo dos alunos as concepções de homem, de natureza e de trabalho, que implicam em perspectivas de Educação Ambiental e Educação Profissional, do curso Técnico em Meio Ambiente e do curso Tecnólogo em Gestão Ambiental do campus Pelotas-Visconde da Graça do Instituto Federal Sul-rio-grandense. Trata-se de uma investigação de perspectiva qualitativa e se configura como um estudo de caso. A hipótese foi a de que esses cursos estejam formando profissionais com concepções em que o homem, através das relações sociais, trata a natureza de forma isolada de si mesmo. Participaram doze alunos do curso Técnico em Meio Ambiente e onze alunos do Tecnólogo em Gestão Ambiental. Na coleta de dados foram utilizadas entrevistas e documentos. Foram analisados os projetos pedagógicos dos cursos, documentos oficiais do Ministério da Educação que apresentam as diretrizes para estes cursos. As entrevistas foram submetidas à Análise de Conteúdo. Na análise e discussão dos dados emergiram três categorias gerais: homem, natureza e trabalho, para os dois cursos e suas respectivas unidades de análise. Para ambos os cursos emergiram as unidades: Homem produz impactos à natureza, Relação trabalho emprego e natureza; Perspectiva interdisciplinar e também a unidade Foco de formação do curso para educador ambiental no curso Técnico em Meio Ambiente. Os resultados mostram compreensões no curso Técnico em Meio Ambiente de uma cisão entre o homem e a natureza em que o trabalho humano é um processo de exploração da natureza pelo homem, causando impactos; compreensões de uma formação relacionada aos interesses do mercado; e compreensões em que a formação estaria voltada para educadores ambientais. Estas concepções de homem, natureza e trabalho implicam perspectivas de Educação Ambiental que permitiriam a conscientização para diminuir impactos ambientais, e de Educação Profissional voltada às necessidades do capitalismo. No curso Tecnólogo em Gestão Ambiental há compreensões de cisão entre o homem e natureza; compreensões de que o gestor ambiental atua diminuindo impactos ambientais, relacionandoos com a lucratividade das empresas; compreensões de trabalho e emprego com foco no mercado segundo suas demandas; e compreensões de uma empresa se utilizar de práticas que seriam ecologicamente corretas como marketing, ou seja, uma compreensão do marketing ambiental como uma das estratégias para a manutenção da lógica capitalista. As perspectivas de Educação Ambiental verificadas permitiriam a conscientização para diminuir os impactos ambientais, e as de Educação Profissional qualificariam para um “mercado de trabalho”, segundo o processo produtivo. Este estudo contribui para o direcionamento de uma formação de trabalhadores que desenvolvam a capacidade de tomadas de decisão democraticamente no trabalho e na sociedade, com vistas à superação das necessidades impostas pelo mercado para as necessidades básicas do homem.
- ItemCondições socioambientais do trabalho e a saúde ocular do trabalhador: um estudo da síndrome de disfunção lacrimal sob a perspectiva da educação ambiental(2014) Karam, Cinara Menegotto Cavalheiro; Vaz, Marta Regina CezarEm decorrência da significativa prevalência e correlação da Síndrome de Disfunção Lacrimal (SDL) com os fatores/condições de risco ao trabalhador, reconhecidos ou reproduzidos, no processo de trabalho, registrados em pesquisas científicas e documentados, entre outros, na dissertação "Fatores ambientais ocupacionais internos e Síndrome de Disfunção Lacrimal: estudo da prevalência e ações de Educação Ambiental", em 2011, no Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (FURG), surge o problema de pesquisa que origina esta tese. Que contradições existem na relação entre as condições socioambientais de trabalho e o desencadeamento/agravamento da SDL? Partimos da hipótese da provável relação entre a SDL e as condições socioambientais no processo de trabalho. A partir da compreensão da causalidade multifatorial, os objetivos gerais centraram-se em: Explicar as contradições existentes entre as condições socioambientais de risco existentes no processo de trabalho e o desencadeamento/agravamento da SDL, como síndrome ocular do trabalhador e; Indicar possibilidades estratégicas de abordagem preventiva e promotora, com base na perspectiva da educação ambiental, a partir das correlações encontradas entre as condições socioambientais de risco no processo de trabalho e a SDL. Atendendo aos objetivos previstos, focamos, além da quantidade de sujeitos afetados pela SDL, na ligação entre a síndrome e as condições socioambientais no processo de trabalho, considerando a relevância social da investigação. A pesquisa foi desenvolvida por meio da revisão sistemática da literatura, realizada entre o período de 2011 a 2014. A análise e interpretação buscaram identificar e selecionar a produção existente relativa à tese apresentada, sustentando-se na perspectiva do materialismo histórico-dialético. O estudo deu-se em dois momentos: no primeiro momento, analisamos documentos normativos e legislação, utilizando-nos do Manual de Procedimento para os Serviços de Saúde, Normas Regulamentadoras, Política Nacional do Meio Ambiente, Política Nacional de Educação Ambiental; no segundo momento, procedemos à revisão sistemática da literatura que foi dividida em duas fases. Na primeira fase realizamos a identificação dos fatores/condições de risco à SDL e a ligação das condições socioambientais e a SDL no processo de trabalho. Nesta fase, utilizamo-nos dos bancos de dados da National Library of Medicine, Scientific Electronic Library Online e Rede de Medicina Informatizada. Foram selecionados cerca de 250 artigos entre 1990 e 2013, estabelecendo, como critério de inclusão, a ligação estabelecida entre a SDL e as condições socioambientais inseridas ou não no processo de trabalho. Na segunda da fase investigamos a ligação das condições socioambientais e a SDL no processo de trabalho na perspectiva da EA. Procuramos identificar as perspectivas teóricas que discutissem questões relacionadas à saúde e ambiente de trabalho. Concluímos que os processos de trabalho na atualidade apresentam uma multiplicidade de fatores/condições de risco à SDL. Os aspectos conclusivos, mesmo que de grande impacto para as questões tratadas nesta tese, devem ser entendidos como possibilidades para novos temas de pesquisa e de propostas de EA que determinem medidas preventivas e promotoras, ações que necessitam ser empreendidas no intuito de minimizar a SDL, reafirmando ao ser humano seus direitos fundamentais como ser humano (social).
- ItemA constituição de Educadores Ambientais no campo das Ciências do Mar: um estudo de caso do Curso de Oceanologia da Furg.(2018) Krug, Luiz Carlos; Minasi, Luis FernandoO curso de graduação em Oceanologia da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, fenômeno material social concreto sensível, é a centralidade deste estudo. O objetivo geral da pesquisa consistiu em identificar, analisar, compreender e descrever as contradições existentes no desenvolvimento do currículo oficial do curso, que, mesmo não estando previsto, tem possibilitado a formação de Educadores Ambientais. Criado em 1970, o curso tem referenciado a organização curricular dos demais que compõem a modalidade. Neste estudo, os levantamentos realizados e interpretados sobre o fazer profissional dos egressos foram efetuados com o auxílio da Plataforma Lattes, das redes sociais e do banco de dados da FURG, abrangendo o universo de graduados. Os resultados mostram que as políticas públicas de pessoal e a situação econômica têm influência na quantidade relativa de egressos inseridos no mercado de trabalho, indicando o setor público como principal empregador. Os egressos atuam na quase totalidade das unidades da federação, especialmente no Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, assim como em diversos países. Em 2013, os egressos atuavam em 51 das 57 áreas que integram as Ciências do Mar, com destaque para Avaliação de Impactos Ambientais, Conservação de Recursos Naturais e Cultivo. A pesquisa revelou que a atuação em Educação Ambiental - EA, como parte da prática profissional, contradiz a proposta de formação, uma vez que até 2012 o tema não integrava o currículo oficial do curso. Na busca pelo lócus em que se dá a constituição de Educadores Ambientais, utilizou-se como corpus de pesquisa os conteúdos das disciplinas (obrigatórias), a produção dos estudantes (relatórios de Estágios Curricular e Trabalho de Conclusão de Curso - TCC) e referências da rede mundial de computadores (Currículo Lattes, Linkedin e outros). O Estágio Curricular e o TCC foram os componentes curriculares que ao serem realizados propiciaram a formação inicial dos sujeitos de pesquisa como Educadores Ambientais, se não na totalidade, pelo menos em parte. Cursos de extensão, realizados no transcurso da vida acadêmica, também deram início à constituição de Educadores Ambientais. Parcela dos sujeitos de pesquisa, que ingressaram antes da implantação do TCC e do Estágio Curricular, iniciou sua constituição como Educadores Ambientais através de cursos de especialização e mestrado ou pela atuação prática em empresas e outras organizações. Não foi possível, para um terço dos sujeitos de pesquisa, precisar qual teria sido o primeiro contato com a EA. A compreensão do meio ambiente em sua totalidade, integrado pelos elementos naturais e socioculturais e suas inter-relações, é considerada nesta tese como fundamental na constituição do Educador Ambiental capaz de levar a cidadania ambiental à totalidade dos seres humanos, condição essencial para alcançar a sustentabilidade e a preservação do planeta. A formação precisa ocorrer de forma integrada e interdisciplinar, contemplando saberes das ciências naturais e das ciências sociais, além de conceitos e métodos de EA. O estudo revela que a formação do corpo docente do curso de Oceanologia é especializada em ciências naturais, inapropriada para a abordagem interdisciplinar do meio ambiente em sua totalidade. Aponta, como possibilidade concreta para viabilizar a constituição de Educadores Ambientais no campo das Ciências do Mar, a inclusão de componentes específicos nas grades curriculares. O estudo revelou ao pesquisador a necessidade de propor a inclusão das disciplinas de Antropologia, Sociologia e Meio Ambiente, Fundamentos de Educação Ambiental, Metodologias de Pesquisa Qualitativa e Pedagogia Freiriana nas Ciências do Mar, além da manutenção das práticas de Estágio Curricular e TCC. O estudo também recomenda prosseguir o acompanhamento do fazer profissional dos egressos, capacitar os docentes em EA e realizar pesquisa buscando interpretar, compreender e descrever a representação social que os egressos apresentam de EA.
- ItemConstrução de políticas para a gestão dos resíduos em uma instituição de ensino superior na perspectiva da educação ambiental.(2009) Corrêa, Luciara Bilhalva; Lunardi, Valéria LerchOs resíduos resultantes das diferentes atividades existentes nas instituições de ensino superior – IES quando gerenciados de maneira inadequada, causam riscos à saúde e degradação ao ambiente. Nesse sentido, torna-se necessário e urgente a construção de políticas de gestão integrada dos resíduos nesses âmbitos, o que requer a vinculação a um processo educativo na perspectiva da educação ambiental, de forma a potencializar envolvimento e a participação da comunidade universitária na construção da sustentabilidade. Com o objetivo de construir políticas para a gestão dos resíduos em uma Instituição Federal de Ensino Superior - IFES, a partir de sua implementação no Hospital de Clínicas Veterinária - HCV na perspectiva da educação ambiental e do pensamento complexo foi realizado um estudo de cunho qualitativo, aproximando-se da modalidade pesquisa-ação. A partir da análise temática dos dados coletados das reuniões com grupos focais – Grupo Desencadeador, composto por 28 sujeitos de diferentes setores da instituição e Grupo Construtor, composto por 36 sujeitos pertencentes ao HCV; da análise documental acerca do Estatuto, Regimento, Portarias e Missão da Instituição e da observação do ambiente institucional, emergiram duas categorias: a) “A educação ambiental no caminhar para a reforma do pensamento: a aparente invisibilidade do processo de construção de políticas para a gestão dos resíduos na instituição de ensino superior” – enfocando a necessidade de conhecer o todo e a parte: o contexto do ambiente e da estrutura institucional; a geração de resíduos e situação do seu manejo na Instituição; a realidade de um dos Campus da Instituição quanto ao manejo de resíduos; o processo de gestão dos resíduos de serviços de saúde; vivências na própria instituição e em outras, referentes à programas de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde; e b) “A educação ambiental no caminhar para a reforma do pensamento: a visibilidade presente do processo de construção de políticas para a gestão dos resíduos na instituição de ensino superior” – enfocando o processo de construção da política, o plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde na parte – HCV, porém de forma inter-relacionada com o todo, compreendendo a Identificação da problemática dos resíduos; o Planejamento e implantação de metas e ações; e o Programa de educação continuada. Os dados permitem afirmar que, a construção de políticas para a gestão dos resíduos na IFES mediante prática pedagógica na perspectiva da educação ambiental e na dimensão do pensamento complexo, potencializa a comunidade universitária para a reforma do pensamento, possibilitando pensar a realidade institucional como um sistema complexo todo/parte/todo integrado e articulado, contribuindo para um agir ético, responsável e comprometido com a sustentabilidade do meio ao qual pertencemos.
- ItemContexto, relato e possibilidades de uma experiência socioambiental educativa.(2011) Gonçalves, Isabel Cristina; Freitas, José Vicente deAtualmente, a sociedade contemporânea está mergulhada numa crise de relações socioambientais decorrente da nossa imersão no paradigma da ciência e do mercado, que está assentado na valoração do ser humano pelo que ele consome e pode exibir em detrimento do ser. O paradigma vigente valoriza o consumismo fundamentado na exploração de recursos naturais e do trabalho humano, e na crença do poder da tecnologia e do conhecimento científico para remedição de problemas que se originam nesse processo. A inexistência de repertório de significações reduziu esta profunda crise civilizatória a crises desconexas e disjuntas, as quais chamamos de crise da saúde, transporte, segurança, ambiental, entra tantas outras crises que possamos mapear. Neste contexto, esta tese busca analisar os processos que acreditamos serem os responsáveis por esta visão hegemônica de mundo que é descontextualizada, redutora e disjunta. Traçamos uma linha histórica dos processos e relações que nos levaram, enquanto sociedade, a acreditar que vivemos uma crise ambiental (usando, como tema gerador, as mudanças climáticas) e não uma crise civilizatória. Intentou-se evidenciar que nossas relações sociais, numa sociedade voltada para o consumo, é a grande gestora desta sociedade de risco, determinada pelos paradigmas dominantes que nos levam a crer no poder determinístico da ciência e na edificação de uma sociedade em equilíbrio. Em contraposição a este pensamento afirmamos com base em diversos autores, que vivemos em um mundo que não é estático, não está em equilíbrio e nem é determinado a priori, mas sujeito a processos termodinâmicos, caóticos e irreversíveis que desencadeiam desestabilizações nos ambientes e consequentes processos de auto-organização, compondo os sistemas complexos adaptativos de aprendizagem, tanto nos organismos de Gaia, quanto nos sujeitos, nas relações entre os sistemas bióticos e abióticos, nas sociedades, na economia, na política e em nossa cultura. Como resistência a esta visão hegemônica de mundo propomos um método de abordagem contextualizado deste problema, através da construção de campos de significados que retratem esta crise de forma contextualizada associando este tema ao cotidiano do sujeito. Este processo foi desenvolvido através da abertura de ambientes de convivência relacionais baseados no compartilhamento de experiências. Mostramos também a importância da abordagem teórica ser associada ao dia-a-dia do sujeito, pois cada indivíduo vê seu mundo através de suas experiências, história de vida, seu background. Abrimos possibilidades de provocar estímulos no limite do caos capazes de desestabilizar este sujeito ao ponto de tirá-lo do equilíbrio e provocar novas emergências, que ressignifiquem este sujeito em relação a seu mundo. Ativa-se sua vontade de potência para atuar significativamente em seu meio, compartilhando o campo organizacional com as demais esferas da sociedade, para juntos construírem um ambiente, uma cidade sustentável, entendida como um sistema complexo adaptativo de aprendizagem.
- ItemCooperar no enatuar de professores e tutores.(2011) Novello, Tanise Paula; Laurino, Débora PereiraA Educação a Distância (EaD) surge no cenário educacional como uma nova forma de ensinar e aprender em diferentes tempos e espaços. Todavia, a expansão dessa modalidade de ensino não pode ser reduzida unicamente ao instrumental da tecnologia a que se aporta, uma vez que a EaD envolve questões específicas que necessitam ser pesquisadas e avaliadas. Nesse sentido, o entendimento dessa modalidade de ensino compreende uma prática pedagógica que se diferencia nas ações educativas, e que parte de outra organização do sistema educativo que prevê a construção de práticas pedagógicas e de gestão, mas que, da mesma forma de outros sistemas educacionais, tem por finalidade promover a aprendizagem. As ações em EaD se diferenciam pelo seu potencial de inclusão e expansão no ensino superior, que caracteriza a permanência e continuidade no processo educativo, princípio este expresso no Programa Nacional de Educação Ambiental. Em vista disso, esta pesquisa tem como objetivo discutir as articulações recorrentes nas relações estabelecidas entre professores e tutores a distância. Para tanto, parte-se da hipótese explicativa de que a relação pedagógica entre professores e tutores na modalidade a distância se estabelecerá no respeito, na aceitação mútua e na recorrência dos processos interativos, que ocorrerão no enatuar da práxis pedagógica, quando essas forem compreendidas como singulares e cooperativas. Assim, para subsidiar o estudo, busca-se estabelecer um diálogo das conversas analisadas, com autores do campo empírico, a EaD, e do campo conceitual, a Educação Ambiental (EA), para compreender o fenômeno que está sendo investigado. Com esse fim, realiza-se uma discussão sobre alguns dos cenários e autores da EaD, pela articulação conceitual e experiencial, com base em leituras, experiências e estudos desenvolvidos. Entre esses cenários e autores, são abordados produção de material didático digital, gestão e formação de professores e tutores. Para alcançar o objetivo dessa pesquisa, realizaram-se conversas individuais com professores e tutores que atuaram em disciplinas de cursos na modalidade a distância, tais conversas foram analisadas com base na Análise Textual Discursiva e, a partir desse processo, foram definidos três domínios de ação: articulação pedagógica, organização da disciplina e avaliação, e seis relações que são recorrentes nesses domínios: trabalho coletivo, coordenação de condutas, compreensão dos papéis, fazer na ação, trocas experienciais e experiência vivida. Dessa maneira, o fenômeno é compreendido através da elaboração de dois metatextos com foco nos conceitos de cooperação e enação, nos quais essas conversas são discutidas, identificando as relações ocorridas nos diferentes domínios. Os conceitos de cooperação e enação são abordados a partir de autores que discutem a EA articulados às conversas e ao campo empírico. Os metatextos geraram a explicação científica do fenômeno e potencializaram outras formas de olhar, interpretar e compreender o fenômeno em sua plenitude. Pelas narrativas, fica evidente a necessidade de superação do trabalho individualizado, o reconhecimento da diferença como complementaridade e o desenvolvimento de ações de capacitação de professores e tutores que fomentem formas de realizar um trabalho em conjunto e que leve a coordenação das práxis pedagógicas. Realizar esta pesquisa, que discute as práticas e as ações na EaD com base na EA permitiu suspender algumas certezas e superar limitações bem como encaminhar a EaD, na perspectiva aqui discutida, como um princípio da EA.
- ItemDesculpe o transtorno, estamos em obras para melhor servi-lo! a educação ambiental no contexto da apropriação privada da natureza no licenciamento ambiental(2014) Dias, Eugênia Antunes; Machado, Carlos Roberto da SilvaA apropriação privada e degradante da natureza é desigual, pois exclui as classes oprimidas, fenômeno denominado de injustiça ambiental. A natureza é privatizada via licenciamento ambiental, mediante atuação articulada entre Estado e capital, respaldados pelo mito do Desenvolvimento Sustentável promotor da aliança impossível entre crescimento e proteção ambiental, discurso amortecedor de resistências e maquiador de impactos e conflitos ambientais, processo que desenha a crise ecológica e sua relação direta com o modelo hegemônico capitalista. Valendo-se do método dialético, mediante revisão bibliográfica e pesquisa documental em documentos públicos relativos ao processo licenciamento ambiental da duplicação da rodovia BR-116/392 no RS, de informativos produzidos pelo licenciado (DNIT) e de jornais locais, a pesquisa objetivou identificar limites e potencialidades da Educação Ambiental (EA) na gestão ambiental pública como medida mitigadora e compensatória de impactos ambientais e sociais, e suas implicâncias na participação das comunidades atingidas para o controle social do Estado e na distribuição do ônus e do bônus de obras e/ou atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, na perspectiva do enfrentamento da injustiça ambiental. Para tanto, especificidades da EA neste cenário foram identificadas e relacionadas com a sua potência em manter (EA Conservadora) ou superar a injustiça ambiental e a degradação na natureza (EA Transformadora) aproveitando-se do caráter contraditório do Estado. Destacou-se a influência do Liberalismo e do Neoliberalismo no arcabouço legal brasileiro, apontando o papel contraditório e atuante do Estado frente aos ímpetos da acumulação do capital concluindo-se que as políticas ambientais, onde está inserida a EA, em geral não tem obtido êxito em mitigar e/ou compensar a crise ecológica na escala necessária, mas tão somente regular a degradação e a apropriação privada da natureza, reificando quem ganha e quem perde neste processo. Por fim, são apontados aperfeiçoamentos a EA vinculada ao licenciamento ambiental.
- ItemO diário em roda, roda em movimento: formar-se ao formar professores no Proeja.(2011) Lima, Cleiva Aguiar de; Galiazzi, Maria do CarmoEste trabalho apresenta uma pesquisa sobre formação de formadores no âmbito do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica, na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA). A pesquisa foi desenvolvida com oito professores formadores em formação que se reuniam semanalmente no Campus Rio Grande do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) para planejar e executar um curso de formação continuada – Encontros Dialógicos com o PROEJA. Alguns pressupostos orientaram a pesquisa: a concepção freireana do homem e da mulher como seres inconclusos, portanto, em processo de construção e do registro como subsídio para a reflexão sobre a prática; a possibilidade de propostas de formação em Roda, a partir da qual, é possível exercitar o diálogo, a partilha, a escuta; a necessidade do professor assumir a escrita como um exercício para pensar na perspectiva de Galiazzi (2003) e Marques (2008). A Pesquisa Ação Participante foi construída no movimento da Roda dos Formadores com os professores, incluindo esta pesquisadora e envolveu uma ação e a participação dos sujeitos investigados, na perspectiva política de transformação como propõe Brandão (2003). O Diário em Roda foi, ao mesmo tempo, dispositivo de formação e de investigação. Dispositivo em movimento em que a mediação pedagógica, processo construído na Roda, orientou os rumos da escrita e dos registros. Com isso, o Diário configurou-se em três momentos: descrição da Roda, registro de como nos tornamos professores nessa Roda e elaboração de episódios com base nos encontros da Roda dos Formadores. A análise do Diário em Roda, realizada mediante a Análise Textual Discursiva proposta por Moraes e Galiazzi (2007), possibilitou a produção de significados a partir da organização das unidades de significado e da emergência de categorias. Assim, a compreensão do processo investigado ocorreu num movimento recursivo de interpretação que permitiu perceber a necessidade do Diário em Roda ser pesquisado durante a sua elaboração. Ao mesmo tempo, a pesquisa aponta para a necessidade desse dispositivo formativo ser lido e problematizado em Roda, por meio da mediação pedagógica, para ampliar a compreensão da formação docente e da constituição de educadores ambientais. A Roda dos Formadores, entendida como um espaço coletivo e colaborativo constituiu-se num espaço de formação, potencializado pela leitura, pelo diálogo e pela escrita. Esse modo de formar-se ao formar, concebido como uma re(invenção) dos Círculos de Cultura (FREIRE, 2006b), propôs um modo de formação que rompe com estruturas tradicionais de formação permanente. Ao superar modelos individualistas e solitários, pressuposto da Educação Ambiental, a Roda vivenciou uma proposta formativa que valorizou o grupo, a parceria, a partilha, com o objetivo de construir coletivamente aprendizagens, sobre ser professor e formador, registradas em um Diário. A tese defendida é que escrever num Diário em Roda potencializa processos de formação docente porque possibilita a aprender a ser Roda ao aprender a elaborar o Diário, ao aprender o que registrar, ao aprender a formar-se em Roda e assim formar a Roda. Com tudo isso se aprende sobre o significado do Diário e, repito, a ser Roda.
