EENF - Escola de Enfermagem
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- ItemRepresentações sociais de enfermeiras hospitalares acerca da violência doméstica contra a mulher e sua relação com o cuidado(2015) Acosta, Daniele Ferreira; Gomes, Vera Lúcia de OliveiraEstudo fundamentado na Teoria das Representações Sociais com o objetivo geral deanalisar as representações sociais de enfermeiras, acerca da violência domésticacontra a mulher, e sua relação com o cuidado. A pesquisa foi realizada em doishospitais de médio porte do município do Rio Grande/RS. Foram convidadas aparticipar todas as enfermeiras com atuação mínima de dois meses nas unidades que possivelmente internam vítimas de violência doméstica. A coleta de dados ocorreu por meio de Evocações Livres e Entrevista. A primeira consistiu em solicitar que evocassem, espontaneamente, palavras ou expressões frente aos termos indutores "violência doméstica contra a mulher" e "cuidado à vítima". Com a entrevista buscou-se apreender a percepção geral, profissional e pessoal acerca da violência doméstica contra a mulher. Todas responderam às evocações livres. Para as entrevistas convidou-se até três enfermeiras por unidade. As evocações foram submetidas ao software EVOC 2005, que adota como critérios a frequência e a ordem de aparição dos termos evocados para a elaboração do quadro de quatro casas. O conteúdo das entrevistas foi analisado por meio do software ALCESTE 2010. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 80/2014. A análise prototípica da violência doméstica contra a mulher mostrou uma representação estruturada por conter imagem, conteúdo e atitude, evidenciados pelos termos do núcleo central "agressão física", "agressão" e "desrespeito". A "agressão verbal", na zona de contraste, revelou que as enfermeiras com mais de 35 anos, graduadas antes de 2008 ou trabalhadoras da Santa Casa possuem uma variação da representação. A periferia mostrou que o "medo", no quadrante superir direito, refere-se ao sentimento tanto das profissionais quanto das vítimas frente ao agressor, "submissão" faz face com a realidade demonstrando que predominam aspectos históricos e culturais no pensamento coletivo. A estrutura do cuidado à vítima apontou para as dimensões psicossocial, com maior importância; física, educativa, técnica e profissional. Quanto à análise ALCESTE, oito classes fundamentaram os significados da representação, abrangendo conteúdos acerca das vivências, das entrevistadas, sobre a violência no cenário público e privado; os discursos sobre às vítimas e os fatores, relacionados ao agressor, que desencadeiam a violência doméstica; a identificação das vítimas associada às imagens do objeto; a assistência hospitalar as mulheres vitimadas; a articulação jurídica, policial e de saúde no contexto do cuidado; as competências éticolegais das enfermeiras, os limites e as possibilidades no cuidado à vítima. A tese foi confirmada parcialmente, pois evidenciou-se a dimensão relacional do cuidado, fortemente associada ao grau de dependência da vítimas aos cuidados, bem como a preocupação das enfermeiras com a atenção primária e secundária de apoio à vítima. É preciso capacitar as profissionais tanto no que se refere aos aspectos ético-legais sobre o fenômeno, quanto ao preparo emocional para lidar com as vítimas. Cabe expandir as discussões sobre a temática, incluindo a problematização de gênero e as implicações da violência na saúde da mulher, bem como na família.
- ItemViolência contra a mulher: estudo das ocorrências registradas na Delegacia Especializada de atendimento às mulheres – Rio Grande-RS(2012) Acosta, Daniele Ferreira; Gomes, Vera Lúcia de OliveiraIntrodução: no Brasil, a violência contra a mulher foi reconhecida somente com a Convenção Belém do Pará, em 1995. A partir daí, inúmeras medidas para prevenção e combate foram instituídas, entre elas a criação das Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres (DEAM) e a Lei Maria da Penha. No entanto, muitas mulheres ainda são vitimadas, na maioria das vezes dentro do próprio lar. Objetivos: delinear o perfil das mulheres vítimas de violência; identificar as formas de violência registradas na DEAM da cidade do Rio Grande/RS; identificar os motivos que levam à prática da violência e descrever os atos violentos perpetrados, por parceiro íntimo, às mulheres que registraram ocorrência na DEAM. Metodologia: estudo documental, quanti e qualitativo, de natureza exploratória, descritiva e delineamento transversal. Fizeram parte do estudo todas as ocorrências cujas vítimas eram mulheres com 18 anos ou mais. O espaço temporal adotado estendeu-se de agosto de 2009, quando foi implantada a delegacia, a dezembro de 2011. Os dados foram coletados entre outubro de 2011 e março de 2012. Para a coleta, foi elaborado e aprovado, após testagem, um instrumento contendo informações acerca do agressor, da vítima, bem como do tipo de violência praticada. Os dados foram digitados em planilhas do tipo Excel. A análise quantitativa foi efetuada por meio de estatística descritiva e do software estatístico SPSS versão 17.0. Para o estudo qualitativo utilizou-se a análise de conteúdo. Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande sob Parecer no 137/2011. Resultados: estão descritos em dois artigos. Analisaram-se 902 ocorrências policiais evidenciando-se que a maioria das vitimas eram mulheres brancas, jovens, com baixa escolaridade. Ainda foi possível identificar que o Centro da cidade ocupou a segunda posição como local de moradia das vítimas, desmitificando a idéia de que a violência predomina na periferia. A violência física prevaleceu nos registros notificados, seguida do descumprimento de ordem judicial. Além disso, encontrou-se a reincidência de denúncias, o que pode estar atrelado à morosidade judicial. Observou-se também, que existem diversos motivos desencadeadores da violência, no entanto todos eles apresentam como pano de fundo as questões associadas ao gênero. A simultaneidade da violência bem como a extensão aos filhos, família e sociedade retratam a gravidade do fenômeno e a necessidade de se rever a resolutividade das medidas protetivas e das penas atribuídas aos agressores. Conclusões: este estudo expôs, parcialmente, a situação da violência contra a mulher no município, pois se sabe que existem muitos casos velados que não chegam a ser notificados. Entretanto, evidenciou-se o predomínio da violência física cometida por parceiro íntimo repercutindo em graves consequências à vida das vítimas. Assim, julga-se ímpar a implementação de uma rede efetiva de apoio a essas mulheres bem como a atuação de equipe multidisciplinar capacitada, coesa e sensível ao problema, incluindo os profissionais da saúde, que precisam, ainda, estar ciente da obrigatoriedade da notificação compulsória, fundamental para a formulação de novas políticas públicas de combate e prevenção a esse fenômeno.
