EENF - Escola de Enfermagem
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- ItemO exercício da parresía por enfermeiros da Atenção Básica no cuidado a mulheres em situação de violência doméstica(2019) Amarijo, Cristiane Lopes; Barlem, Edison Luiz DevosA violência doméstica contra a mulher consiste em uma manifestação de relações desiguais de poder entre homens e mulheres, fruto da educação machista que a sociedade patriarcal perpetua ao longo dos séculos. No âmbito privado, determina padrões de relacionamento podendo desencadear a violência. As Unidades Básicas de Saúde constituem a porta de entrada para mulheres que sofrem violência doméstica e a equipe de enfermagem, muitas vezes, é que presta os primeiros cuidados à mulher. Acredita-se que os(as) enfermeiros(as) atuam como parresiasta, ou seja, que falam a verdade fornecendo subsídios para que elas transformem suas vidas. Através de seus diálogos, auxiliam-nas a transformar suas realidades, construir estratégias de poder e modificar a situação de violência. Nesse sentido, objetivou-se “Compreender o exercício da parresía por enfermeiros da Atenção Básica no cuidado a mulheres em situação de violência doméstica”. Os objetivos específicos: “Identificar os dispositivos de poder envolvidos na ocorrência da violência doméstica contra a mulher”; “Analisar o exercício da parresía por enfermeiros da Atenção Básica que prestam assistência a mulheres em situação de violência doméstica”; “Analisar as principais dificuldades e facilidades do atendimento e cuidado a mulheres em situação de violência doméstica”; “Descrever os fatores que interferem no exercício da parresía e no cuidado à mulher em situação de violência doméstica” e “Identificar o conhecimento dos enfermeiros atuantes na Atenção Básica acerca da tipificação da violência doméstica contra a mulher”. Participaram 20 enfermeiros atuantes em 13 Unidades Básicas de Saúde do munícipio do Rio Grande/RS. Pesquisa exploratória, descritiva, qualitativa, apoiada nos preceitos foucautianos. Para a coleta de dados empregou-se a técnica de entrevista, realizada entre abril a junho de 2018, cujo conteúdo foi inserido no Software NVivo e tratado à luz da Análise Textual Discursiva. Os resultados indicam que os(as) enfermeiros(as) possuem conhecimento da tipificação da violência; que exercitam a parresía quando assistem mulheres em situação de violência doméstica; que a assimetria nas relações de poder é um dispositivos empregado na ocorrência da violência; que a consulta de enfermagem é um momento oportuno ao exercício da parresía; que os entraves para o exercício da parresía são: confiabilidade nos relatos de violência, necessidade de provas físicas, dependência afetiva, desejo de manter o relacionamento, crença na mudança de comportamento do agressor, manutenção do status social de mulher casada e manipulação do agressor para que a mulher se sinta culpada pela violência sofrida. Não foram encontradas facilidades no atendimento a mulher em situação de violência doméstica. Confirma-se, portanto, a tese que “os(as) enfermeiros(as) atuantes na Atenção Básicas buscam exercer a parresía no cuidado à mulher em situação de violência doméstica através da informação, da busca pela garantia dos direitos da mulher, do estímulo ao exercício de poder e da coragem para denunciar”. Conclui-se que diagnosticar a violência doméstica e agir como parresiasta é uma tarefa árdua que requer conhecimentos objetivos e subjetivos, bem como sensibilidade para interpretar o não dito. A enfermagem é uma profissão que pode gerar transformações sociais uma vez que está sempre engajada em ações de promoção da saúde.
- ItemRepresentações sociais acerca da violência doméstica contra a mulher, dos profissionais da enfermagem atuantes nas Unidades de Saúde da Família(2015) Amarijo, Cristiane Lopes; Gomes, Vera Lúcia de OliveiraMulheres em situação de violência frequentam com maior assiduidade os serviços de saúde, principalmente na atenção primária, o que proporciona aos profissionais uma maior aproximação com esses casos. Nesse contexto, destaca-se a importância das Unidades de Saúde da Família para a detecção precoce de situações de violência. Questões pessoais ou mesmo a representação que o profissional tem sobre a violência podem influenciar no atendimento prestado às vítimas. A Representação Social consiste em um conjunto de pensamentos, ideias e crenças resultantes das interações sociais, comuns a um dado grupo de indivíduos. Revela o saber do senso comum e determina as condutas consideradas aceitáveis e toleráveis pelo grupo, para um determinado contexto. Pressupõe-se, assim, que a Representação Social pode influenciar as práticas assistenciais, motivo pelo qual foi adotada para fundamentar este estudo. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande sob o parecer nº 03/2013. Trata-se de uma pesquisa social, exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa. Com ela objetivou-se analisar as representações sociais de profissionais de enfermagem que trabalhavam em Unidades de Saúde da Família do Município do Rio Grande/RS acerca da violência doméstica contra a mulher. Considera-se a Teoria das Representações Sociais adequada, pois o conhecimento de tais representações pode contribuir significativamente para o planejamento de ações e intervenções de prevenção e combate a essa problemática. A coleta de dados ocorreu no período de julho a novembro de 2013 a partir de um questionário com questões fechadas, referentes à situação pessoal e socioprofissional dos informantes, de Evocações Livres e de uma entrevista direcionada por roteiro previamente estabelecido. A análise das evocações foi realizada com o software Ensemble de Programmes Permettant L’analyse des Evocations - EVOC 2005. O material coletado nas entrevistas foi inserido no software NVivo versão 10. A provável centralidade dos elementos que integram o núcleo central revelou uma representação estruturada da violência doméstica contra a mulher, com conotação negativa. Um dos achados mais importantes deste estudo foi que, ao contrário do que apregoa a literatura, os cuidados prestados pelos profissionais da enfermagem não se restringiram ao aspecto físico. Eles se preocuparam em acolher as vítimas e estabelecer com elas um vínculo de confiança a partir do diálogo, com esclarecimentos sobre a necessidade de continuidade do atendimento, bem como dos encaminhamentos a outros serviços. A apreensão das representações sociais de técnicos de enfermagem e enfermeiros permite compreender o cuidado prestado às vítimas, além de contribuir para fomentar discussões acerca da violência doméstica contra a mulher junto aos profissionais envolvidos no cuidado, bem como facilitar o delineamento de estratégias de combate e prevenção da violência.
