Abstract:
O presente estudo refere-se a uma dissertação de mestrado em Educação, a qual
teve como finalidade problematizar a constituição de subjetividades docentes no
âmbito do Curso PARFOR Pedagogia, ofertado pela Universidade do Rio Grande
(FURG). O foco teórico que alimenta este trabalho segue alguns elementos dos
estudos foucaultianos que se detêm na perspectiva da governamentalidade e, por
esse viés investigativo, as problematizações foram se constituindo, basicamente, a
partir de três ferramentas analíticas: discurso, governo e subjetivação. Através desta
perspectiva de estudo, proponho compreender as políticas de formação docente
como uma questão de governo das condutas e o PARFOR, como uma tecnologia de
governo que conduz o modo como as professoras que vivenciam essa formação
atuam e se pensam nessa sociedade. A partir das narrativas de algumas
professoras formadoras e acadêmicas deste curso, foi possível evidenciar o currículo
como um espaço de controle e produção de subjetividades. Argumentei que as
professoras-acadêmicas, ao justificarem as suas escolhas pelo PARFOR, foram
capturadas pelo discurso das faltas com a profissão, tendo suas condutas orientadas
a buscar o ensino superior como meio de qualificação e ascensão social. Após,
discuti que as práticas realizadas no projeto de formação seguem um ciclo que leva
à conversão. Sustentei esta ideia mostrando que as docentes são convocadas a se
confessar por meio das escritas dos memoriais e TCC’s, reconhecendo-se como
sujeitos da educação - avaliando, julgando, comparando, criando resistências,
produzindo verdades sobre si – e assim convertendo-se a uma nova postura que, de
alguma forma, venha assegurar o sucesso do seu fazer docente. Por fim, chamo a
atenção para as relações de poder imbricadas no equilíbrio dos interesses e forças
que envolvem o currículo de formação e seus efeitos na constituição dos sujeitos
que vivenciaram este processo. Defendo que as professoras-acadêmicas, ao não
terem suas expectativas contempladas no curso, promovem, em diferentes
momentos, ações ou resistências, entrando em conflito com as professoras
formadoras. Os efeitos dessa forma de subjetivação vão gerando negociações,
indicando rumos diferentes aos pré-estabelecidos inicialmente.
The present study is about a master’s dissertation in education which aimed to
problematize the constitution of teaching subjectivities in the scope of the course
PARFOR – Pedagogy, offered by the University of Rio Grande (FURG). The
theoretical focus that feeds this work follows some elements from the studies of
Michel Foucault that focus on the perspective of governmentality and through this
investigative bias these tasks were basically constituted from three analytical tools:
discourse, government and subjectivity. Through this perspective of study, I propose
an understanding of teaching formation policies as a matter of governing the
conducts and PARFOR as a governmental technology that determines the way
teachers who have had this formation act and think in this society. From the
narratives of some teacher trainers and some undergraduate students it was possible
to the curriculum as a space for the production and the control of subjectivities. I
discussed that the professors, when justifying their choices for PARFOR were all
caught by their lack of care for the profession, being advised to search for academic
qualification as a mean to qualify themselves and to climb the social ladder.
Afterwards, I discussed that practices carried out in the formation projects follow a
cycles that lead us to conversion. I supported this idea showing that teachers are
called to confess through their writing productions and final papers, recognizing
themselves as subjects of education – evaluating, judging, comparing, creating
resistances and producing truths about themselves – thus, assuming a new posture
that, somehow, assures the success of their teaching formation. Finally, I draw the
attention for the relations of power tangled in the balance of interests and forces that
involve the curriculum and its effects in the constitution of subjects that lived this
process. I defend the idea that, when the professors don’t have their expectations
fulfilled in the course, they promote, in different moments, actions or resistances that
conflict with their teacher trainers. The effects of this form of subjectivity generate
negotiations that point to different routes other than the ones pre-established initially.