A educação ambiental no ensino da contabilidade nos cursos de Ciências Contábeis de Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul.

Abstract

A Educação Ambiental, em sua vertente crítica, tem raízes nos ideais democráticos e emancipatórios do pensamento crítico aplicado à educação, opondo-se a uma compreensão de mundo que, hegemonicamente, constitui a sociedade contemporânea. Nesse contexto, a Contabilidade Ambiental, componente curricular dos cursos de Ciências Contábeis, trata das questões relativas à interação de empresas e meio ambiente. A epistemologia que vem conduzindo os saberes da literatura que orienta esta disciplina carrega uma forte vinculação com a riqueza acumulada pelos detentores dos meios de produção em exploração dos recursos naturais e da mão-de-obra humana. Esta pesquisa circunscreve-se nessas complexas questões as quais reverberam na formação do contador. No método conceitual e filosófico do materialismo histórico e dialético, sedimentou-se a base teórica que orientou esta pesquisa na realização do objetivo de problematizar as concepções da Educação Ambiental presentes (ou não) em disciplinas dos cursos de Ciências Contábeis das Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul. A Análise Textual Discursiva, metodologia proposta por Moraes e Galiazzi, foi determinante para realizar o processo de análise, o qual possibilitou dar- se um novo significado para o corpus produzido nas entrevistas com os docentes colaboradores da pesquisa. Os metatextos construídos a partir do diálogo do campo empírico com o campo teórico que incluiu, entre outros, autores como Carvalho, Gray, Guimarães, e Sauvé, sintetizam o movimento de desconstrução e (re)construção das narrativas, em um processo de aprender e de comunicar. As categorias: Educação Ambiental – da consciência crítica à sensibilização para uma prática transformadora; o currículo dos cursos de ciências contábeis: lacunas que dificultam a compreensão dos fenômenos socioambientais e que reverberam na formação do contador; sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: compreensões reducionistas da educação ambiental que distorcem as questões fundamentais da relação do ser humano e o meio ambiente, que emergem da análise, apontam para o fato de que a educação contábil ambiental carece de uma fundamentação teórica de Educação Ambiental, revelando-se atrelada aos (des)conceitos de sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável, portanto, distante da perspectiva crítica. Da mesma forma, o currículo emerge, na análise, corroborando o desafio de incorporar em sua proposta educativa mudanças necessárias às compreensões da educação ambiental crítica. As discussões contidas nos metatextos sinalizam que o egresso dos cursos de Ciências Contábeis está desprovido, em sua formação acadêmica inicial, das concepções da Educação Ambiental Crítica. Os argumentos construídos no processo de pesquisa possibilitam a defesa da tese de que a atividade profissional do contador com responsabilidade socioambiental implica em uma formação que contemple compreensões da Educação Ambiental numa perspectiva crítica. Torna-se imperativo que para atuar de forma ética, consciente do papel que o cidadão, como indivíduo no mundo e o contador, em sua atuação profissional, transgrida os limites estabelecidos pelo discurso altamente contestável da sustentabilidade que recompensa, para o prestar conta do verdadeiro patrimônio da humanidade – a natureza. Para isso, os postulados da Educação Ambiental Critica apressam-se a indicar caminhos nos quais a consciência social, em sendo crítica, emancipatória e libertadora, enseja a transformação da sociedade.

Critical Environmental Education is based in democratic and emancipatory ideals applied to education, opposing the dominant world view in contemporary society. In this context, Environmental Accounting, which is part of undergraduate accounting curriculum, discusses interactions between companies and environment. The epistemology behind the literature about Environmental Accounting is strongly influenced by the wealth accumulated by the owners of the means of production through exploitation of natural resources and human labor. This study investigates the effects of these complex issues in accounting students.Dialectical and historical materialism provided the theoretical basis which guided this research in investigating the concepts of Environmental Education present (or not) in Accounting programs disciplines in Federal Higher Education Institutions in Rio Grande do Sul. Discourse analysis, as proposed by Moraes and Galiazzi, was fundamental to the process which took on a new meaning to the corpus produced in interviews with teachers who cooperated to this study. The meta-texts built from the dialogue between empirical and theoretical fields, which included authors like Carvalho, Gray, Guimarães, and Sauvé, among others, synthesize the deconstruction and (re)construction of those narratives, in a learning and communication process. Categories: Environmental Education – from critical awareness to transformed practice; Accounting programs curriculum: gaps that hinder understanding of socio-environmental phenomena and influence accountant education; sustainability and sustainable development: reductionist understandings of Environmental Education distorting the fundamental questions of the relationship between mankind and environment, emerging from the analysis point to the fact that Environmental Accounting education lacks a theoretical foundation of Environmental Education, revealing linked to the (mis)conceptions of sustainability and sustainable development, far from critical perspective. Similarly, the curriculum emerges from the analysis, confirming the challenge of incorporating in its educational proposal changes necessary to understanding critical Environmental Education. Discussions included in the meta-texts point that former Accounting programs students lack concepts of critical Environmental Education in their initial academic training. The arguments built in this study process support the idea that the professional activity of an environmentally responsible accountant implies an educational background which includes understanding of Environmental Education in a critical perspective. To act ethically and aware of the role that the citizen, as an individual in the world, and the accountant in their professional practice, it is imperative to push boundaries of a highly questionable speech of sustainability reward, to account for the real mankind heritage - nature. In order to do this, the principles of Critical Environmental Education rush to indicate ways in which social consciousness, being critical, emancipating and liberating, calls for society transformation.