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As conquistas históricas no campo dos Direitos
Humanos encontram dificuldades em se consolidar nas
instituições da república brasileira, quando se investiga,
cientificamente, questões de gênero, diversidade e do sistema
prisional, inter-relacionadas ou não. Algumas iniciativas
tentam amenizar o problema frente um ambiente francamente
adverso. A partir dessa realidade, a obra “Direitos Humanos:
uma coletânea pela perspectiva dos estudos de Gênero e
Diversidade”, organizado pela profa. Josiane Petry Faria, pela
Caroline Vasconcelos Damitz e pelo prof. Renato Duro
Dias, traz importantes aportes para a compreensão desse
complexo cenário.
No primeiro capítulo, intitulado Direitos humanos nas
Américas: a trajetória de lutas da proteção do sistema
interamericano, Clóvis Gorczevski e Rodrigo Cristiano Diehl
buscam traduzir os direitos humanos nas Américas sob a
perspectiva da trajetória de lutas na construção e manutenção
do Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos.
A contextualização da realidade do Sistema Prisional
brasileiro é retratada no segundo capítulo, com o título
A desgastante luta pela concretização dos direitos humanos em
instituições punitivas: sistema prisional e as constantes
violações de direitos, escrito por Vinícius Francisco Toazza e
Débora Jaeli Millani da Silva, que discorrem acerca dos direitos
humanos dentro do cárcere, a importância de sua efetividade e
o descaso do Estado em garantir condições mínimas aos
indivíduos que se encontram privados de liberdade.
Com o título A produção de cuidado em saúde mental
à população LGBTI: entre o crime e a loucura, no terceiro
capitulo, Willian Guimarães faz reflexão sobre cuidado
em saúde circunda a realidade das pessoas LGBTs e põe em
discussão a necessidade de novos modos de conceber a
produção do gênero e da sexualidade, para além de um
achatamento das singularidades e patologização da vida.
No quarto capitulo, Edimar Alexandre Rezende propõe
uma reflexão sobre a omissão do Estado ao conceder
benefícios fiscais para iniciativa privada apoiar projetos
culturais, como a principal política pública para a cultura e
ressalta a necessidade de políticas públicas para a área,
como um direito assegurado ao ser humano em A cultura
como direito humano fundamental: a necessidade de políticas
públicas para a transformação social.
A relação de gênero e poder é o tema do quinto
capítulo: Gênero: o paradigma da vulnerabilidade social e os
instrumentos jurídicos de proteção, escrito por Carla Lerin e
Patrícia Grazziotin Noschang, que se ocupa da distinção dos
conceitos entre gênero e sexo e a forma como o poder atua
sobre esta organização, bem como das proteções jurídicas
especificas para efetivação dos direitos humanos
fundamentais.
Na sequência, com o título Violência de gênero no
mundo virtual: o patriarcalismo conectado em rede, Caroline
Vasconcelos Damitz expõe a violência de gênero nos casos
de revenge pornography no ambiente virtual. O capítulo sexto,
assim, propõe-se a discutir se a revenge pornography, como
violência de gênero, é uma demanda de câmbio cultural ou
jurídico-penal, por uma perspectiva feminista.
No sétimo capítulo, A trajetória feminina na política
brasileira é reconstituída pela autora Jovana de Cezaro, com o
propósito de compreender a luta das mulheres pela conquista
de espaço social e político, desde a obtenção do direito ao
sufrágio até a chegada da mulher na Presidência da República.
A situação das mulheres latino-americanas no mercado
de trabalho, frente a sociedade patriarcal é analisada no oitavo
capítulo: Mulheres latino-americanas no mercado de trabalho: a
busca por igualdade, de Leonardo Bonafé Gayeski e Maria
Eduarda Girelli Gonçalves, para compreender a luta das
mulheres em busca de um lugar no mercado de trabalho
ao longo da história, frente aos preconceitos em relação ao
gênero e a classe social que ocupam, bem como, a influência
do feminismo nessa dinâmica.
No capítulo nono, intitulado O tratamento legislativo
igualitário da licença-maternidade e da licença-paternidade:
a busca pela concretização da igualdade material nas relações
trabalhistas, Edgar Luiz Boeira e Karen Cristine Campanha
Massucatto defendem a necessidade de readequação da
licença-maternidade e da licença-paternidade, especialmente
no que se refere ao lapso temporal de cada instituto, com vistas
aos novos arranjos sociais e ao verdadeiro papel do pai no
âmbito familiar e doméstico, objetivando a concretização da
igualdade material.
A inserção feminina no meio castrense é o tema do
décimo capítulo, intitulado O exército brasileiro e as relações
de gênero e poder. As autoras Janiquele Wilmsen e Josiane
Petry Faria discorrem a respeito da possibilidade de
superação das desigualdades para garantir avanços na
perspectiva da igualdade de gênero, com o aumento
quantitativo de mulheres no Exército Brasileiro, apontando
também a necessidade de modificações para afastar
desigualdades no acesso à carreira militar.
O capítulo décimo-primeiro, de autoria de Rafaela
Ferrarese, analisa criticamente O habeas corpus coletivo
n. 143.641/sp do Supremo Tribunal Federal e a proteção da
mulher mãe no sistema carcerário feminino, chamando
atenção quanto a, a par de todo mérito verificado quanto ao
desencarceramento da mulher com filhos, reproduzir o
confinamento da mulher ao espaço familiar e a questões
relacionadas à maternidade.
A aplicabilidade da justiça restaurativa na violência
doméstica e familiar é o tema do décimo-segundo capítulo,
escrito por Graziela Minas Alberti. A autora demonstra que a
justiça restaurativa pode contribuir na solução de conflitos ao
mesmo tempo em que se preocupa com as vítimas e permite
que o agressor entenda consequências do ato praticado,
viabilizando um convívio saudável e harmonioso entre vítima,
agressor e toda comunidade envolvida em torno desta questão.
No capítulo décimo-terceiro, Michelle Ângela Zanatta
expõe A mediação de conflitos realizada pela Polícia Civil
gaúcha nos casos de violência doméstica e/ou familiar contra
a mulher, observando a ótica de Nancy Fraser, com enfoque
na mediação transformativa e na viabilidade da aplicação pela
polícia judiciária da mediação de conflitos nos casos de
violência doméstica contra a mulher.
Encerrando a obra, Joana Silvia Mattia Debastiani e
Valdemir José Debastiani analisam o acesso universal à
educação no ambiente carcerário, no capítulo intitulado
A garantia da educação no cárcere como um dos fatores de
emancipação do indivíduo, onde investigam se a garantia ao
acesso à educação no ambiente carcerário pode ser um dos
fatores de emancipação social para evitar a reincidência? |
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