Abstract:
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa de mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Educação Ambiental, da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, na linha de pesquisa Fundamentos da Educação Ambiental (FEA). A trajetória da pesquisa sobre a escrita africana Adinkra, revelada a partir dos gradeamentos e entalhes presentes nas ruas e igrejas da cidade do Rio Grande – RS, interpela como enfrentar as relações de (in)visibilidade e (des)pertencimento ancestral sob a luz da complexidade Adinkra. Essas relações históricas, filosóficas, éticas e epistemológicas da/com a ancestralidade africana são abordadas por um viés autobiográfico, porque se pauta nas “escrevivências”, termo cunhado por Conceição Evaristo, onde o texto nasce a partir das vivências da mulher negra e escritora, que não cabe na homogeneização da escrita acadêmica, levando em conta o enfrentamento com o (des)pertencimento e a (in)visibilidade que estão imbricadas nesse processo. O foco desta pesquisa, a escrita africana Adinkra - no contexto da invisibilidade e (des)pertencimento dos descendentes da cultura afro de um modo geral e de modo particular no Brasil - pertencente ao povo Acã, na África, faz parte de uma dinâmica social NEGRA coletiva, na qual estão inseridas a orixalidade, as memórias e a ancestralidade, cujas ausências são cicatrizes históricas da escravização. Como metodologia de trabalho, além dos registros fotográficos desta escrita em vários lugares, em Rio Grande, por onde costumo caminhar, foram oferecidas oficinas a distintos segmentos educacionais, para as quais criei carimbos em lixa, vislumbrando a possibilidade de visibilizar essa cultura, também, para os cegos. No desenvolvimento deste trabalho, a epifania da minha própria cegueira com relação às minhas origens apontou à necessidade da criação do Grande Louva-a-deus - Adinkra da Invisibilidade - que se faz presente em toda essa “escrevivência” autobiográfica – dispositivo colocado em diálogo com os demais encaminhamentos da pesquisa - que pretende ser crítica e transformadora no campo da Educação Ambiental.
The present study reports the result of a masters final research on Environmental Education Principles line of research developed in the graduate program in Environmental Education, at Federal University of Rio Grande - FURG. Thus, it is questioned if the research path on the African writing called Adinkra, which was revealed through railings and carvings on streets and churches in the city of Rio Grande-RS as well as workshops developed regarding this theme and purpose queried how to deal with the (in)visibility and ancestral (dis)belonging relation underneath Adinkra complexity. The African ancestry and its historical, philosophical, ethical and epistemological relations are adressed by an autobiographical bias since based on escrevivências, a term established by Conceição Evaristo. Since these escrevivências the text arises from the experiences of black women and writers who has no place in the homogenization of the academical writing, considering her confrontation with the (dis)belonging and (in)visibility closely linked inside this process. This research focuses on the African writing Adinkra belonging to the African Akan people taking into account the (in)visibility and (dis)belonging of African culture descendants mainly in Brazil for whom this writing is part of a collective BLACK and social performance in which orixalidade, memories and ancestry absences are historical scars of eslavery process. A work methodology was adopted based on bibliographic research and photographic records of the writing Adrinka in several locations in Rio Grande where I usually used to walk, workshops for different educational sectors for which I have designed stamps on sandpaper in order to glance a possible visibility to this culture to non-seers people too. During the development of present work, the epiphany of my own blindness concerning my origins pointed out the need of creating of the Great Praying Mantis - invisibility Adinkra symbol - which is present in all this autobiographical escrevivência* - sort of device linked to other parts of the research development - aiming being critical and transforming inside the Environmental Education field.