Contaminação no extremo sul do Brasil e leste uruguaio, ontem e hoje: agronegócio, conflitos e educação ambiental

Farherr, Ramsés Mikalauscas

Abstract:

 
O atual modelo de desenvolvimento agropecuário/agrícola, denominado agronegócio, tem se colocado, desde o final dos anos 70 do século passado até os dias atuais, como a principal base de influência nas formas de ser, estar e pensar a natureza, consolidando-se como um “super-setor”. Assim, expressa desde cedo, via discursos e propaganda, um sentindo fatalista e evolucionista, de que é ele próprio a forma mais bem-acabada, por isso insuperável, de se relacionar com a natureza. Contudo, dois eventos de contaminação hídrica, ocorridos no extremo sul do Brasil e Leste do Uruguai, no final dos anos 70 e início dos 80, apontavam já cedo o ônus mal distribuído e pouco divulgado do setor: a contaminação por agrotóxicos e objetos de produção agroindustrial indispensáveis. Tais eventos marcaram o início do movimento ambientalista desses países. Já o paradigma da Revolução Verde, que marcou a época, foi introduzido e consolidado em comunhão com as ditaduras militares dos respectivos países, junto a multinacionais, cujos próprios militares tinham íntima relação. De lá pra cá, o agronegócio se articulou e se aprofundou em todas as esferas da vida social desses países, ao mesmo tempo em que se tornou químico-dependente, impulsionando a criação de variados novos elementos que constituem os agrotóxicos. Seus impactos, ainda que tacanhamente conhecidos, devido à recente preocupação sobre o tema, já começam a ser divulgados e estudados através de diversos grupos e pesquisas. A área de recorte da pesquisa, a saber o sistema lacustre-costeiro do extremo sul do Brasil e Leste Uruguaio, destacando-se a Bacia Hidrográfica da Lagoa Mirim e o complexo arrozeiro transfronteiriço, que vem sendo, desde o século passado, um dos principais responsáveis pela contaminação e degradação ambiental da região. Ao mesmo tempo, o agronegócio contemporâneo vem contando com novos atores e filosofias, que se apropriam de diversos pensamentos e práticas em Educação Ambiental (EA), para legitimar sua expansão e reprodução. Assim, o objetivo geral deste trabalho foi identificar, a partir dos Fundamentos da Educação Ambiental (FEA), qual a concepção/paradigma de relação sociedade x natureza do agronegócio no Brasil e Uruguai, como parte de um modelo de desenvolvimento econômico que tem suas raízes históricas mais imediatas na Revolução Verde, com o uso intensivo de venenos e sua contaminação nas águas, e hoje, na produção de commodities, problematizando-os desde os fundamentos/paradigma da educação ambiental. Para tanto, utilizamos autoras e autores que trabalham genericamente sobre o tema, a partir de diferentes áreas (geografia, história, antropologia, toxicologia, educação ambiental, saúde pública), e especificamente aqueles que tratam desses problemas na região de estudo. A fim de entender os sentidos dos discursos, nos apoiamos na Análise do discurso de Eni Orlandi, entendendo que estes são não apenas palavras soltas, mas relacionais, intencionais e históricos, isto é, produtos de determinados contextos e escritos para determinado público, para produzir determinados sentidos. Finalmente, procuramos contribuir para a superação da injustiça ambiental local e global, propondo, desde uma pedagogia dos conflitos na educação ambiental, o diálogo intercultural para um novo tipo de ciência e métodos conectados aos saberes e demandas populares.
 
El modelo actual de desarrollo agropecuario, denominado agronegocio, ha sido, desde finales de los años 70 del siglo pasado hasta la actualidad, como la principal base de influencia en las formas de ser, vivir y pensar la naturaleza, consolidándose como un “super-sector". Así, expresó, desde temprana edad, a través de discursos y propaganda, un sentido fatalista y evolucionista, de que él mismo es la forma más completa, y por tanto insuperable, de relacionarse con la naturaleza. Sin embargo, dos eventos de contaminación del agua, ocurridos en el extremo sur de Brasil y este de Uruguay a fines de la década de 1970 y principios de la de 1980, señalaron la carga mal distribuida y poco publicitada del sector: la contaminación por plaguicidas y objetos de producción agroindustrial indispensable. Estos eventos marcaron el inicio del movimiento ambiental en estos países. El paradigma de la Revolución Verde que marcó la época se introdujo y consolidó en comunión con las dictaduras militares de los respectivos países, junto con las multinacionales, cuyos propios militares tenían una estrecha relación. Desde entonces, el agronegocio se ha articulado y profundizado en todos los ámbitos de la vida social de estos países, al mismo tiempo que se ha vuelto dependiente de los químicos, promoviendo la creación de diversos elementos nuevos que constituyen los plaguicidas. Sus impactos, aunque poco conocidos, debido a la reciente preocupación por el tema, ya están comenzando a ser divulgados y estudiados a través de varios grupos e investigaciones. El área de investigación, a saber, el sistema lacustre-costero del extremo sur de Brasil y el leste uruguayo, destacando la Cuenca Hidrográfica de Lagoa Mirim y el complejo arrocero transfronterizo, que ha sido, desde el siglo pasado, uno de los principales responsables de la contaminación. y degradación ambiental de la región. Al mismo tiempo, el agronegocio contemporánea ha venido apoyándose en nuevos actores y filosofías, que se apropian de diversos pensamientos y prácticas en Educación Ambiental (EA), para legitimar su expansión y reproducción. Así, el objetivo general de este trabajo fue identificar, a partir de los Fundamentos de la Educación Ambiental (FEA), cuál es la concepción / paradigma de la relación entre sociedad x naturaleza de la agroindustria en Brasil y Uruguay como parte de un modelo de desarrollo económico que ha Sus raíces inmediatas acontecimientos históricos en la Revolución Verde, con el uso intensivo de venenos y su contaminación en el agua, y hoy, en la producción de commodities, problematizándolos desde los fundamentos / paradigma de la educación ambiental.. Por lo tanto, utilizamos autores que trabajan de manera genérica sobre el tema, de diferentes áreas (geografía, historia, antropología, toxicología, educación ambiental, salud pública), y específicamente aquellos que abordan estos problemas en la región de estudio. Para comprender los significados de los discursos, nos apoyamos en el análises de discurso de Eni Orlandi, entendiendo que estas no son solo palabras simples, sino relacionales, intencionales e históricas, es decir, productos de ciertos contextos y escritos para que un determinado publico produzca ciertos sentidos. Finalmente, buscamos contribuir a la superación de la injusticia ambiental local y global, a partir de propuestas que apuntan al diálogo intercultural, la pedagogía de los conflictos como acervo histórico y estratégico y un nuevo tipo de ciencia y métodos vinculados a los saberes y demandas populares.
 

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Dissertação (mestrado)

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  • IE - Mestrado em Educação Ambiental (Dissertações)