Abstract:
O presente trabalho procurou investigar o Fenômeno da Feminização da Pobreza e a
Injustiça Ambiental a partir de um estudo do bairro Cidade de Águeda considerando a
atuação do CRAS no referido bairro. Para tanto, a metodologia utilizada para pesquisa
foi uma abordagem qualitativa, pesquisa teórica, de viés metodológico materialista
histórico, especificamente o feminismo materialista, o qual consolidou todo o processo
de coleta e análise de dados. O local escolhido o Bairro Cidade de Águeda por ser um
bairro com grande incidência de famílias em vulnerabilidade social formado a partir de
ocupações irregulares, remoções compelidas e ocupações regulares, que tinham
como critério prioritário para receber as casas, famílias unilaterais com mulheres
responsáveis pela prole. O Cidade de Águeda foi o primeiro bairro a receber os
serviços do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS do município do Rio
Grande - RS. Compreender esse espaço como um local onde o Fenômeno da
Feminização da Pobreza e a relação com a Injustiça Ambiental se processa
demonstrou a concentração dos danos ambientais no Cidade de Águeda e em
consequência a concentração das famílias com grande vulnerabilidade econômica e
social, mantendo a lógica da exploração capitalista. O perfil dessas famílias foi
analisado a partir dos relatórios de atendimento do CRAS Cidade de Águeda e da
Vigilância Socioassistencial da Secretaria de Município de Cidadania e Assistência
Social -SMCAS o que validou o gênero e a etnia da pobreza. A pesquisa se justifica
pelo resgate acadêmico da história do Bairro Cidade de Águeda, com destaque aqui
para o CRAS Cidade de Águeda como um espaço onde corroboram-se os princípios
da Educação Ambiental Crítica, buscando-se a emancipação dos sujeitos
historicamente oprimidos pelo sistema racista, machista e patriarcal. Ao final,
verificouse que a pobreza, no bairro Cidade de Águeda, é feminina, negra, mãe e
periférica e que mesmo com cento e trinta e dois anos de abolição da escravatura
continua escravizada por um sistema que a oprime diariamente.
This dissertation aimed to investigate the phenomenon of feminization of poverty
and environmental injustice through the study of the neighborhood Cidade de
Águeda, in Rio Grande, considering the Center of Reference in Social Assistance’s
(CRAS) work in the aforementioned neighborhood. To achieve this objective, a
qualitative methodology was employed, a theoretical research based on a historical
materialist approach, specially that of materialist feminism which supported the
gathering and the analysis of data. The choice of location considered the existence
of socially vulnerable families, since the neighborhood Cidade de Águeda was
formed in consequence of irregular occupations, people forcibly evicted and regular
occupations, the families of the latter which were favored for housing if they
consisted on a monoparental family with a woman as the offspring’s sole
responsible. Cidade de Águeda was the first neighborhood to receive the services
of CRAS at the municipality of Rio Grande, Rio Grande do Sul. To discern this space
as a place where the feminization of poverty manifests itself alongside environmental
injustice demonstrated the concentration of environmental damage and, therefore,
the concentration of families with great economic and social vulnerabilities,
corroborating the logic of capitalist exploitation. These families’ profiles were
examined with the help of reports made by CRAS Cidade de Águeda and by the
Municipal Office of Citizenship and Social Assistance’s (SMCAS) monitoring of
social assistance, documents which validated poverty’s gender and ethnicity. This
research is justified by the recovery of Cidade de Águeda’s history, particularly in
regard to the CRAS Cidade de Águeda acting as a place where the principles of
Critical Environmental Education are corroborated, namely to pursue the
emancipation of individuals historically oppressed by the racist, sexist and
patriarchal system. At the end of this research, it was verified that poverty has a
female, black, maternal/mother-like and marginalized personification. Regardless of
a hundred and thirty-five years since de abolition of slavery, this woman, this identity
continues to be enslaved daily by an oppressive system.