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Federal do Rio Grande
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IO - Mestrado em Oceanografia Física, Química e Geológica - (Dissertações)

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    Moluscos Bivalves como Sentinelas da Contaminação por Microplásticos no Extremo Sul do Brasil
    (2024) Jankauskas, Laura Marquis; Castro, Ítalo Braga; Pinho, Grasiela Lopes
    A contaminação de ambientes naturais por partículas de microplásticos tornou-se uma crescente preocupação para a comunidade científica. Suas propriedades físico-químicas possibilitam que esses microplásticos tenham uma maior prevalência no ambiente, aumentando, assim, sua biodisponibilidade e provocando efeitos adversos nos organismos. Dentre esses organismos, destacam-se os moluscos bivalves, que, devido à sua natureza sésseis e ao hábito de se alimentarem por meio da filtração, convertem-se na melhor matriz ambiental para analisar a presença de microplásticos no ambiente marinho costeiro. Nesse contexto, o presente estudo teve como objetivo utilizar a amêijoa Amarilladesma mactroides para avaliar a incidência de microplásticos em substratos não consolidados distribuídos em extensas regiões costeiras do sul do Brasil. Ao todo, 16 pontos amostrais foram distribuídos ao longo da costa gaúcha, levando em consideração diferentes níveis de urbanização, a distância da foz de rios e a hidrodinâmica da região. Essa abordagem permitiu testar suas influências sobre o acúmulo de microplásticos ao longo da costa. Como resultado, 1296 partículas foram encontradas, demonstrando moderadas concentrações médias de microplásticos (3.09 ± 2.11 itens g-1). Um total de 17,5% (227) de todas as partículas encontradas foram analisadas em relação à composição polimérica demonstrando uma predominância de poliamida (29,5%), seguida por polietileno (19,8%) e polietileno tereftalato (9,7%). Além disso, as fibras se mostraram o formato mais presente, representando cerca de 75,94%, seguidas dos fragmentos (21,62%) e pellets (2,44%). De todos os microplásticos, cerca de 56% eram incolores, 43,79% eram coloridos e 0,21% possuíam duas tonalidades. Os pontos amostrais próximos a áreas urbanizadas ou à foz de rios mostraram maiores concentrações, o que é uma tendência observada globalmente. Não foi observada influência da hidrodinâmica costeira. Considerando os resultados obtidos, A. mactroides apresenta um bom potencial para ser usada como uma ferramenta valiosa para avaliar a contaminação por microplásticos em substratos não consolidados de áreas de praia.
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    Diversidade de raias (Myliobatiformes) fósseis da planície costeira do Rio Grande do Sul (Quaternário)
    (2024) Rodrigues, Thiago Britto; Francischini, Paula Dentzien Dias; Oddone, Maria Cristina
    Os Condrictes, grupo de peixes cartilaginosos que engloba tubarões, raias e quimeras, possuem um registro fóssil notadamente limitado em comparação com outros grupos taxonômicos, devido à natureza predominantemente cartilaginosa de sua estrutura esquelética. Entre as estruturas anatômicas com maior propensão à fossilização, destacam-se os dentes, espinhos cefálicos, dentículos dérmicos, nadadeiras e ferrões. Os Myliobatiformes, que constituem um clado derivado das raias, caracterizam-se por serem vivíparos e exibirem um espinho caudal serrilhado distintivo, sendo que algumas espécies também apresentam placas dentárias hexagonais. Estes organismos marinhos são distribuídos em diversas regiões do mundo, predominantemente em zonas costeiras. Este estudo tem como objetivo aprofundar a compreensão da biodiversidade e paleoecologia das regiões costeiras e oceânicas do sul do Brasil durante o Período Quaternário, focalizando a análise de fósseis pertencentes à ordem Myliobatiformes, com especial ênfase nas placas dentárias e ferrões, provenientes dos depósitos biodetríticos das praias dos Concheiros e Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul, Brasil. Inicialmente, realizou-se a localização específica na arcada dentária das raias do referido dente fóssil, distinguindo entre as porções superior e inferior, bem como sua posição relativa na placa dentária, categorizada como anterior ou posterior. Um total de seis táxons foram identificados por meio da análise de dentes fósseis, incluindo espécimes de Myliobatis ridens, Myliobatis freminvillei, Myliobatis goodei e Myliobatis sp., constituindo o primeiro registro fóssil destes táxons para o Pleistoceno do Brasil. A grande maioria dos dentes fósseis analisados não pôde ser identificada a nível de espécie, sendo passível de categorização apenas a nível de gênero. Adicionalmente, foram descritos nove ferrões fósseis cujas características indicam uma associação com os Myliobatiformes. Os resultados deste estudo evidenciaram que os táxons fósseis identificados apresentam semelhanças significativas com suas contrapartes modernas que habitam a região oeste do Oceano Atlântico, atualmente consideradas comuns nesse contexto geográfico. Entretanto, a espécie mais comum em registro fóssil, M. ridens, é de clima subtropical, diferente do que ocorre atualmente. Dessa forma, esta pesquisa contribuiu para a ampliação do conhecimento sobre a ocorrência de espécies fósseis no litoral sul do Brasil, ao mesmo tempo que confirmou a ocorrência das populações de M. ridens, M. freminvillei e M. goodei durante o Quaternário.
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    δ 13CDIC como indicador de processos biogeoquímicos e hidrodinâmicos no verão austral ao longo do estreito de Bransfield, Antártica
    (2024) Weirich, Yasmym Schutz de Vincenzi; Machado, Eunice da Costa; Duarte, Rodrigo Kerr; Cotovicz Junior, Luiz Carlos
    O oceano Austral é uma região sensível às mudanças climáticas, atuando como um importante sumidouro de dióxido de carbono (CO2) atmosférico e responsável pela formação de massas de água e a distribuição das mesmas pelo globo. O carbono inorgânico dissolvido (DIC) nos oceanos é composto principalmente por íons bicarbonato (HCO3-) e carbonato (CO32-), mas também de CO2 e ácido carbônico (H2CO3), e é insumo fundamental para a fotossíntese e produtividade primária marinha. Assim, este trabalho teve como objetivo contribuir para a compreensão da dinâmica do ciclo do carbono e suas interações com variáveis oceanográficas no estreito de Bransfield, norte da Península Antártica. Pela primeira vez, até onde conhecemos, a razão isotópica estável do DIC (δ13CDIC) foi investigado na região. O estreito de Bransfield é caracterizado por propriedades físico-químicas da água do mar dinâmicas, predominantemente influenciadas por duas massas de água de origem principais: Circumpolar Deep Water (CDW); e Dense Shelf Water (DSW). O estudo revelou o papel dominante da CDW, representando cerca de 60% da mistura de massa de água na região e restringindo a contribuição da DSW principalmente para a camada profunda. Este destaque é acentuado por um índice positivo do Modo Anular Sul. As composições isotópicas de δ13CDIC na coluna de água exibem variações nas dimensões verticais e horizontais. Verticalmente, os processos biogeoquímicos predominantemente moldam a distribuição δ13CDIC. A fotossíntese enriquece a água superficial com o isótopo de carbono mais pesado, com composição variando de δ13CDIC variando de 2 a 1,5‰, enquanto a remineralização da matéria orgânica a empobrece abaixo da camada de mistura com composição variando de 0 a –2‰. Horizontalmente, a distribuição do 13CDIC é influenciada pela maior contribuição das massas de água de cada fonte e pela sua dinâmica de transporte. Verifica-se que o fracionamento termodinâmico contribui para o enriquecimento de 13CDIC (~1 a 1,5‰) na CDW no estreito de Bransfield. Por outro lado, a predominância da DSW (mais recente e fria) exibe valores menores de δ13CDIC (–1 a –2‰). Portanto, δ13CDIC pode ser utilizado como traçador para os processos biogeoquímicos e hidrodinâmicos do Estreito de Bransfield.
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    A influência de parâmetros físicos sobre as larvas de peixes mesopelágicos do Atlântico Sudoeste
    (2024) Costa, Verônica Fernandes; Muelbert, José Henrique
    Myctophidae é uma família de peixes com ampla distribuição nos oceanos e predominante no ambiente mesopelágico, que é a porção pouco iluminada da coluna de água localizada entre 200 e 1000 m de profundidade. Este estudo aborda aspectos da ecologia de larvas de Myctophidae no Oceano Atlântico Sul, com base em dados de cruzeiros oceanográficos realizados na costa sul do Brasil entre 1970 e 2011. Foram realizadas 44 expedições e 2094 estações oceanográficas, para investigar a composição, distribuição e associação de larvas de Myctophidae com parâmetros físicos. As larvas amostradas foram identificadas até o nível taxonômico de gênero, analisando a diferença espaço- temporal através de testes Kruskal-Wallis e Wilcoxon. Parâmetros como riqueza, diversidade e equitabilidade foram avaliados a partir de índices de Menhinick, Shannon-Wiener e Pielou. A distribuição espacial foi mapeada através do QGIS, e as massas de água foram identificadas e caracterizadas a partir dos dados de temperatura e salinidade. Para avaliar a influência das variáveis abióticas na abundância larval, foram utilizados PERMANOVA e Teste de Tukey. Exclusivamente para avaliar a relação da temperatura e salinidade com a abundância dos gêneros de Myctophidae, foi utilizado o Modelo Linear Generalizado. A fim de identificar similaridades espaciais entre os gêneros, foram realizados agrupamentos baseados em categorias latitudinais e batimétricas. Foram amostradas 17.209 larvas de Myctophidae, distribuídas em 20 gêneros. Diaphus sp. foi o gênero dominante no estudo. Sazonalmente, o verão apresentou maior abundância larval, enquanto o inverno mostrou a menor. A abundância larval também variou de acordo com a batimetria, sendo maior em regiões com profundidade acima de 1000 m. Evidencia-se, portanto, a importância de se considerar processos oceanográficos, como a ressurgência costeira e a estratificação por alto aporte continental, por exemplo, no planejamento estratégico de conservação da biodiversidade marinha.
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    Influência da descarga fluvial e do vento no transporte de microplásticos na Lagoa dos Patos
    (2024) Gava, Thais Teixeira; Fernandes, Elisa Helena Leão; Pinho, Grasiela Lopes Leães
    A produção global de plásticos cresceu significativamente, tornando-se uma fonte significativa de poluição ambiental. A gestão inadequada desses resíduos resulta na formação de microplásticos (MPs,1 μm a 5 mm), que se acumulam em ambientes aquáticos, impactando a biodiversidade e a qualidade da água. Além disso, fatores como eventos climáticos e o escoamento urbano contribuem para a dispersão dos MPs. Nesse contexto, a Lagoa dos Patos, situada no Sul do Brasil e conhecida como a maior laguna costeira estrangulada do mundo, desempenha um papel crucial devido à sua importância tanto do ponto de vista ecológico quanto econômico, bem como sua conexão direta com o Oceano Atlântico Sul. Portanto, este estudo teve como objetivo investigar como as variações nos padrões de vento e descarga fluvial influenciam a distribuição e o transporte de MPs na região. Para simular a distribuição de MPs, foram utilizados dois modelos: o hidrodinâmico TELEMAC-3D, que calcula as velocidades de corrente e a elevação da superfície, e o TrackMPD, que simula o transporte de MPs, considerando processos físicos e mudanças nas características das partículas ao longo do tempo. Os MPs simulados foram de polipropileno (PP), amplamente identificado nas amostras de campo da região. As simulações abrangeram dois períodos de 30 dias, em novembro e dezembro, representando os anos de 2009 (alta descarga) e 2010 (baixa descarga), com liberação de partículas em três pontos de entrada. Os resultados mostraram que a distribuição dos MPs na Lagoa dos Patos é fortemente influenciada pela hidrodinâmica local. Durante períodos de alta descarga, observou-se uma rápida e abrangente dispersão das partículas de MPs impulsionada pelos ventos predominantes de nordeste, com os possíveis pontos de acúmulo encontradas ao longo das margens leste e oeste da laguna. Em contraste, durante períodos de baixa descarga, as partículas de MPs tendem a se acumular nas proximidades dos pontos de lançamento, especialmente em resposta aos ventos do quadrante sudeste. Durante a alta descarga, constatou-se que aproximadamente 36,3% das 600 partículas de MPs liberadas foram observadas saindo da Lagoa dos Patos, sendo 20% originárias do Canal São Gonçalo. Já durante na baixa descarga, esse número foi de 17,5%, sendo 15% provenientes do Canal São Gonçalo. Observou-se que, independentemente das condições de descarga fluvial, a maioria das partículas de MPs permaneceu retida na Lagoa dos Patos ao longo do período de simulação de 30 dias. A análise sugere que, sob condições constantes de descarga fluvial e vento, o tempo necessário para a completa remoção das partículas da laguna variaria entre 83 e 172 dias, indicando uma significativa retenção dos MPs no sistema. Estes resultados são essenciais para compreender a dinâmica da contaminação por MPs na Lagoa dos Patos, além de fornecer subsídios para a implementação de ações de gestão e mitigação adaptadas às particularidades desse sistema costeiro. Destaca-se a necessidade de considerar as variações nos padrões de vento e descarga fluvial ao formular estratégias de manejo.
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    Processos controladores dos fluxos de O2 e CO2 entre o oceano e a atmosfera na Patagônia Argentina
    (2024) Garcia, Luísa de Moraes; Pereira, Rodrigo Kerr Duarte; Orselli, Iole Beatriz Marques
    A plataforma continental e a quebra de plataforma da Patagônia, no sudoeste do oceano Atlântico, são reconhecidas por sua alta produtividade biológica e como uma região crucial para a absorção de dióxido de carbono (CO2). No entanto, muitos dos mecanismos que controlam as trocas de CO2 entre o oceano e a atmosfera nessa região, especialmente a relação entre os grupos de fitoplâncton e a dinâmica do CO2, permanecem amplamente desconhecidos. Assim, considerando que o oxigênio (O2) e o CO2 estão sujeitos a muitos dos mesmos fatores biológicos e físicos, uma investigação integrada desses gases fornece uma perspectiva abrangente para entender os mecanismos que governam suas trocas entre o mar e o ar. Para investigar os fatores que influenciam essas trocas entre O2 e CO2 no oceano e na atmosfera, analisamos um conjunto de dados que inclui temperatura, salinidade, O2 dissolvido e medições contínuas de CO2 em cada estação oceanográfica coletadas durante a primavera de 2004, 2007 e 2008, e no verão de 2008 e 2009. Além disso, utilizamos a técnica de regressão linear múltipla para desenvolver três algoritmos distintos para a fugacidade de CO2 na superfície do mar. A biomassa de fitoplâncton foi categorizada em diferentes grupos com base nas informações da composição de pigmentos obtidos por cromatografia líquida de alta performance. Um padrão claro que divide as regiões entre norte e sul foi observado, bem como entre as estações de primavera e verão, em relação aos mecanismos que controlam esses gases na área de estudo. Na região mais ao norte da plataforma da Patagônia (36°-40°S), uma ampla variação de temperatura e salinidade está associada a uma maior diversidade da comunidade fitoplanctônica, incluindo haptófitas, diatomáceas e dinoflagelados. Apesar da baixa biomassa de fitoplâncton, dominada por células menores, como haptófitas, a fotossíntese desempenha um papel significativo na regulação das trocas de O2 e CO2 entre o oceano e a atmosfera, resultando em uma emissão de O2 (14 ± 9 mmol m–2 d –1 ) e absorção de CO2 (–4 ± 3 mmol m–2 d –1 ). Entre 40° e 50°S, observamos um aumento na biomassa de fitoplâncton ao longo da quebra de plataforma durante a primavera, dominada principalmente por diatomáceas, correlacionadas com um maior fluxo positivo de O2 (91 mmol m–2 d –1 ) e absorção de CO2 (–46 mmol m–2 d –1 ) em toda a região da plataforma. No verão, os processos térmicos influenciaram significativamente a absorção de CO2 e O2. Ao sul de 52°S, durante o verão, a mudança de um sumidouro de CO2 para uma fonte de CO2 foi associada a uma menor biomassa de fitoplâncton, composta principalmente por diatomáceas, haptófitas e flagelados verdes, juntamente com o aquecimento das águas ricas em O2 e CO2. Portanto, os principais resultados deste estudo podem ser usados para prever as potenciais consequências das mudanças climáticas futuras na desgaseificação de O2 e absorção de CO2 no oceano, especialmente considerando as condições oceânicas de aquecimento associadas a uma mudança para células de fitoplâncton menores e o papel da região de estudo como uma importante zona de absorção de CO2 com acidificação mais rápida do que em áreas circundantes.
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    Fluxos turbulentos de calor na interface oceano-atmosfera associados a vórtices de submesoescala na Bacia de Santos
    (2024) Rizzi, Rafaela; Oliveira, Fabrício Sanguinetti Cruz de; Azevedo, José Luiz Lima de
    Uma combinação de conjunto de dados foi utilizada neste estudo com o objetivo de caracterizar o impacto de vórtices de submesoescala (VSMs) nos fluxos turbulentos de calor (sensível e latente) na interface oceano-atmosfera, na região da Bacia de Santos (BS), assim como realizar a estatística dessas estruturas. A metodologia proposta para atingir esses objetivos foi dividida em três grandes etapas: (i) identificação dos vórtices via critério visual visual em imagens Sentinel1 SAR-C entre 2017 e 2021; (ii) estimativa dos fluxos turbulentos de calor (latente – FCL; sensível – FCS) através de equações bulk, utilizando medições satelitais e saídas numéricas de reanálise de temperatura do ar e da superfície do mar e velocidade do vento; e (iii) extração dos fluxos de calor associados aos vórtices (< 5 dias e < 23 km) por meio da aplicação de filtros temporais e espaciais. Foi identificado um total de 1780 vórtices. A incerteza na determinação das bordas dos vórtices permitiu a medição de 1546 indivíduos e a definição da polaridade de 1773 estruturas. A maioria dos vórtices identificados são ciclônicos, com raios que variaram entre 0,2 km e 18,5 km e um valor médio de 3,0 ± 2,5 km. Os VSMs apresentaram uma distribuição espacial preferencial, tendo sido detectados principalmente na plataforma da BS, com maior concentração nas suas porções central e sul. Além disso, os VSMs foram detectados, em sua maioria, durante os meses de outono e inverno. As estimativas dos FCL e FCS demonstraram uma dependência regional e sazonal na BS, apontando para trocas de calor superficiais mais intensas no setor sul da região e durante o outono e o inverno. Em relação à influência dos VSMs nos fluxos turbulentos de calor, os maiores valores foram encontrados em áreas influenciadas pela Corrente do Brasil, com magnitudes comparáveis ou até mesmo superiores às associadas aos vórtices de mesoescala referenciadas em estudos prévios. Os mapas compostos demonstraram que os fluxos máximos ocorreram próximas ao centro dos vórtices com valores de FCL de −16,6 W/m² (−10,3 W/m²) para os ciclônicos (anticiclônicos), superiores aos de FCS, de −2,3 W/m² (−1,3 W/m²). Ou seja, os vórtices ciclônicos e anticiclônicos contribuíram, em média, para o ganho de calor oceânico. Foi observado também que um mesmo vórtice pode contribuir com sinais opostos nos FCL e FCS. Os resultados aqui encontrados apontam para a importância dos VSMs nas trocas superficiais de calor, mesmo com o baixo número de vórtices analisados.
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    Trajetória, magnitude e caracterização físico-química das descargas continentais de microplásticos para a plataforma interna: estudo de caso da pluma costeira da Lagoa dos Patos
    (2024) Perez, Carolina Rodriguez; Fernandes, Elisa Helena; Pinho, Grasiela Lopes Leães; Garcia-Rodriguez, Felipe
    Os estuários são compartimentos-chave tanto para a dispersão quanto para a fragmentação de macroplásticos (> 25 mm) em mesoplásticos (5 mm - 25 mm) e microplásticos (MPs: 1 µm - 5 mm), que por tanto sofrem mudanças em suas dimensões e densidades, alterando suas propriedades de flutuabilidade. No litoral sul do Brasil, a Lagoa dos Patos é considerada um dos principais pontos de liberação de plástico para o oceano na América do Sul. A hidrodinâmica do estuário da Lagoa dos Patos é modulada principalmente pelo regime de ventos e pelas descargas fluviais, com variabilidade interanual relacionada a modos climáticos de oscilação, como o El Niño Southern Oscillation (ENSO). O sistema estuarino da Lagoa dos Patos é por tanto crucial como fonte e sumidouro de resíduos antropogênicos, que serão potencialmente exportados para a região costeira por meio da pluma costeira. Nesse contexto, foi utilizado o modelo hidrodinâmico TELEMAC-3D acoplado ao modelo TrackMPD juntamente com dados de campo, para avaliar pela primeira vez a capacidade da pluma costeira da Lagoa dos Patos de exportar MPs para a plataforma interna sob diferentes condições hidrodinâmicas. Dois levantamentos de campo foram realizados durante eventos de pluma para validar o modelo e quantificar as concentrações e cargas de MPs, utilizando uma abordagem “bottom-up” de forma a estimar o potencial de exportação de MPs do estuário em direção à plataforma interna. As concentrações de MPs na pluma superficial variaram de 0,20 itens.m-3 a 1,37 itens.m-3 , predominantemente compostos por polipropileno (PP) e polietileno (PE) (73% dos plásticos confirmados por FTIR). A taxa média estimada de exportação de MPs atingiu 9,0 milhões de itens.dia-1 durante eventos de pluma moderados e 47,5 milhões de itens.dia-1 durante eventos de pluma de alta descarga. O padrão de concentração observado no campo foi principalmente no sistema frontal da pluma, (com maior concentração de partículas) consistente com os resultados da simulação. Segundo os resultados simulados, eventos de descarga forte, juntamente com ventos intensos do Nordeste, facilitaram a rápida exportação de MPs para o sudoeste na região costeira. Por outro lado, eventos de descarga moderados a fracos retiveram os MPs mais perto da foz do estuário, permitindo trajetórias mais longas ou deposição mais precoce. Foram identificados hotspots (pontos criticos) de acúmulo de MPs no giro entre os Molhes da Barra e a Praia de Cassino, bem como na frente salina dentro dos limites da pluma. Essas zonas de acúmulo podem funcionar como reservatórios de partículas de MPs, o que pode representar uma ameaça aos ecossistemas locais.
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    Avaliação da Turbidez e do Material Particulado em Suspensão na Lagoa dos Patos por Sensoriamento Remoto
    (2024) Simão, Rafael Avila; Fernandes, Elisa Helena Leão; Salama, Suhyb
    O material particulado em suspensão (MPS) e a turbidez são duas variáveis importantes em ambientes costeiros, dado o seu papel na dinâmica biogeoquímica desses ambientes. Devido às alterações que causam na cor da água, essas variáveis podem ser estudadas por sensoriamento remoto. Destaca-se, porém, que inexiste uma metodologia (correção atmosférica e algoritmo) com desempenho superior às demais em todas as regiões. Assim, torna-se fundamental avaliar as estimativas em cada caso. O presente estudo teve como objetivo trazer recomendações para o sensoriamento remoto da turbidez e do MPS na Lagoa dos Patos (RS, Brasil). Estudos anteriores na área de estudo apontaram que a região possivelmente apresenta características ópticas distintas ao longo de sua extensão. Aqui, foram utilizadas imagens de três satélites (Sentinel-3, Sentinel-2 e Landsat-8) e comparadas diferentes correções atmosféricas (ACOLITE e POLYMER), algoritmos de turbidez e MPS (empíricos ou semi-analíticos; de banda única ou multibanda) e bandas (vermelho ou infravermelho próximo). As estimativas utilizando algoritmos estabelecidos na literatura, porém, apresentaram elevado viés, levando à necessidade de recalibração regional desses algoritmos. Isso foi realizado utilizando dados de campo de turbidez e MPS, aplicados a um método de ajuste de modelos geofísicos (GeoCalVal). As estimativas originais e recalibradas foram, então, classificadas com base em uma nova métrica (goodness of fit — GoF), que agrupa de forma objetiva diversos parâmetros estatísticos (correlação, acurácia, viés e comparação dos resíduos). Com base nessa métrica, recomenda-se a utilização da seguinte combinação para estimativas de turbidez na área de estudo: correção atmosférica do POLYMER, algoritmo de banda única, banda do infravermelho próximo e coeficientes originais. Para o MPS, a seguinte combinação é recomendada: correção atmosférica do ACOLITE, algoritmo de banda única, banda do infravermelho próximo e coeficientes recalibrados. Como recomendações para futuros trabalhos, tem-se a utilização de dados radiométricos de campo, aplicação de modelos de transferência radiativa e construção de séries temporais multissensores.
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    Pinípedes fósseis do Rio Grande do Sul (Quaternário): inferências paleoecológicas e paleoambientais
    (2023) Rocha, Crístian Yan Montana da; Francischini, Paula Dentzien Dias; Botta, Silvina
    Os pinípedes são mamíferos marinhos que iniciaram sua história evolutiva no final do Oligoceno e início do Mioceno, com evidências moleculares partindo por volta de 22,5 milhões de anos. O grupo está distribuído ao longo das costas da América do Sul continental, realizando grandes deslocamentos sazonais, principalmente à costa do Brasil com o intuito de buscar alimentos e descanso. No entanto, fatores como as correntes oceânicas também condicionam a chegada na região. Atualmente, são documentadas sete espécies de pinípedes para a costa brasileira, em contrapartida, os registros fósseis do grupo são raros e compreendem unicamente a família Otariidae. Este trabalho tem como objetivo identificar os pinípedes fósseis do Rio Grande do Sul, sua paleoecologia e relacionar o paleoambiente. A área de estudo está inserida nos depósitos quaternários da Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS), onde os fósseis em maior ocorrência são das espécies Otaria flavescens e Arctocephalus australis. Foram identificados 35 elementos ósseos, em sua maioria pós-cranianos, majoritariamente úmeros (31), também três fêmures e um fragmento de crânio. Através das análises morfológicas, 19 espécimes adultos e um juvenil de O. flavescens foram identificados. Em relação a A. australis houve a identificação de seis espécimes adultos e para o gênero, nove juvenis. O beachrock aderido ao fragmento de crânio de O. flavescens com composição isotópica de δ13C (- 5.01‰) e δ18O (-3.46‰) infere a possibilidade de momentos de exposição e de intensa infiltração de águas meteóricas durante a gênese dos depósitos nos quais os cimentos carbonáticos precipitaram. Os resultados aumentam a ocorrência de espécimes fósseis de pinípedes na costa do extremo sul brasileiro e apresentam um fragmento inédito de crânio de O. flavescens, visto a raridade do material. Sendo assim, o indicativo aponta que não houve uma mudança faunística significativa em comparação com o registro moderno.