IE - PPGEC -Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências
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- ItemInclusão, feminismo e violência: problematizando as experiências das mulheres indígenas na FURG(2022) Molina, Karina da Silva; Ribeiro, Paula Regina CostaEsta tese de doutorado, foi desenvolvida no âmbito da linha de pesquisa “Discursos, culturas e subjetividades na Educação em Ciências”, do Programa de Pós-Graduação de Educação em Ciências – PPGEC, da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Objetiva tecer interlocuções com as experiências das mulheres indígenas da FURG, a fim de problematizar seus processos de constituição enquanto mulheres indígenas universitárias. Por meio de uma pesquisa narrativa, entrevisto nove estudantes indígenas matriculadas nos cursos de graduação da Universidade, partindo da ideia de que estar na universidade representa um importante passo na luta das mulheres indígenas por igualdade de gênero, considerando os aspectos culturais das sociedades indígenas. Levando em conta que as mulheres indígenas saem de suas aldeias e conhecem possibilidades outras de existência, para além daquelas presumidas para uma mulher, voltadas ao casamento e à maternidade, tomo por base um referencial teórico baseado nos estudos feministas e de gênero e apresento dois eixos de análise: a invisibilidade das mulheres indígenas e a sua cidadania limitada, acionando conceitos de feminismo indígena, decolonialidade e interseccionalidade e discutindo a presença feminina em espaços políticos públicos, estranhando tudo que está posto e naturalizado para a condição de mulher, em especial, de indígena, duplamente invisibilizada pelo discurso masculino e colonizador da inferioridade feminina, como indígena e como mulher. Nesse sentido, abordo o eixo analítico da questão da violência contra as mulheres indígenas, evidenciando padrões culturais que envolvem a aplicação da Lei Maria da Penha no contexto indígena. Numa perspectiva teórico- metodológica pós-estruturalista dos estudos de Michel Foucault, a partir dos conceitos de problematização, subjetivação e governamentalidade, apresento o eixo analítico das ações afirmativas e a governamentalidade neoliberal democrática, buscando problematizar a presença das mulheres indígenas no ensino superior e compreender como esta possibilidade outra oferecida a essas mulheres vem se constituindo, contornando as verdades produzidas pelo discurso das políticas públicas inclusivas, de igualdade de oportunidades a minorias historicamente excluídas no Brasil. Ainda, apresento o último eixo de análise desta pesquisa, os deslocamentos no imperativo de inclusão e a formação neofascista da governamentalidade, a partir do cenário político de discursos fascistas de gestão pela morte, mesmo que social, diante de práticas de exclusão que se fortalecem nos dias atuais, contra os povos indígenas, discutindo as noções de in/exclusão, de racismo de Estado e necropolítica, enquanto elementos que caracterizam a racionalidade política neoliberal contemporânea brasileira. A partir dessas discussões, finalizo a escrita da tese, apresentando o conceito foucaultiano de reproblematização como uma possibilidade de resistência a situações que insistem em se fazer presentes, ainda que no contexto acadêmico, como o machismo e a violência doméstica, que acompanham os homens indígenas até a universidade, evidenciando a necessidade de se problematizar o seu próprio comportamento, num trabalho de si sobre si mesmo, enquanto uma estratégia política de existência, na qual existir significa resistir, abrangendo uma exi(resis)tência para além das questões de gênero, mas de toda uma população.
