Abstract:
Esta dissertação foi produzida no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde, na linha de pesquisa "Educação científica: implicações das práticas científicas na constituição dos sujeitos", com o objetivo de analisar os significados sobre as vivências trans presentes na primeira temporada da série Liberdade de Gênero, que estreou no dia 19 de outubro de 2016 e foi exibida semanalmente no canal de televisão brasileiro por assinatura GNT, até 21 de dezembro do mesmo ano. A ancoragem teórica a partir da qual desenvolvemos esta pesquisa situa-se no campo dos Estudos Culturais, em suas vertentes pós-estruturalistas. Como metodologia, utilizamos pressupostos da análise cultural por permitirem que se faça uma análise das mídias, considerando a linguagem como produtora de significados. Contendo dez episódios, com cerca de 22 minutos cada um, a série Liberdade de Gênero apresenta algumas histórias de pessoas que não se identificam com o gênero designado para elas ao nascerem, negando qualquer determinismo biológico. Mulheres-trans, homens-trans e não-binários relatam suas trajetórias de vida até assumirem a posição de gênero com a qual se identificam. Percebemos a série como uma pedagogia cultural que ensina outros modos de ser e de viver neste mundo, provocando discussões sobre as diferentes identidades de gênero, provocando questionamentos as normas de gênero, que reduzem as experiências entre homem/mulher ou masculino/feminino. Com base em nossos estudos, negamos que exista uma gênese para os gêneros, entendendo que esses são produzidos culturalmente de acordo com as normas que regem cada cultura, tempo e lugar, legitimando, assim, modos de ser mulher e modos de ser homem. As experiências aqui analisadas borram as fronteiras do regime de inteligibilidade corpo-gênero-sexualidade. Logo, salientamos que existem muitas formas de se vivenciar as identidades de gênero, independentemente de intervenções cirúrgicas e hormonais. Nossos estudos apontam que as vivências analisadas foram sendo produzidas através de relações de dominação, em que os ditos "normais", tentam conduzir as condutas dos sujeitos que estão transgredindo com as normas de gênero, visando controlar os modos de ser e estar no mundo desses sujeitos.
This dissertation was produced in the Graduate Program in Science Education: Chemistry of Life and Health, in the line of research "Scientific education: implications of scientific practices in the constitution of subjects", with the objective of analyzing the meanings about trans present in the series "Liberdade de Gênero", which premiered on October 19, 2016 and was shown weekly on the Brazilian GNT television subscription channel until December 21 of that year. The theoretical anchorage from which we develop this research is in the field of Cultural Studies, in its poststructuralist aspects. As a methodology, we use assumptions of cultural analysis to allow an analysis of the media, considering language as a producer of meanings. Containing ten episodes, each about 22 minutes each, the Gender Freedom series features some stories of people who do not identify with the gender assigned to them at birth, denying any biological determinism. Women-trans, trans-men and non-binaries report their life trajectories until they assume the gender position with which they identify. We perceive the series as a cultural pedagogy that teaches other ways of being and living in this world, provoking discussions about the different gender identities, provoking questions about gender norms that reduce the experiences between male / female or male / female. Based on our studies, we deny that there is a genesis for the genres but that they are produced culturally according to the gender norms that govern each culture, time and place, thus legitimizing ways of being a woman and ways of being a man. The experiences analyzed here blur the boundaries of the body-gender-sexuality intelligibility regime. Therefore, we emphasize that there are many ways to experience gender identities, regardless of surgical and hormonal interventions. Our studies point out that the experiences analyzed were produced through relations of domination, in which the so-called "normal", try to conduct the conduct of the subjects who are transgressing with the norms of gender, aiming to control the ways of being and being in the world of these subjects.