Samba e funk proibidão: tentativas de diálogo da criminologia com as manifestações culturais periféricas
Abstract:
A proposta deste trabalho é usar da música marginal, expressão cultural periférica, mais especificamente o samba e o funk “proibidão”, para fazer um diálogo com a construção do fenômeno crime, contrapondo-se as representações dos grupos que produzem e reproduzem os referidos estilos com o discurso dos empreendedores morais, que buscam criminalizar estes grupos. Busca-se possibilidades de se fazer criminologia cultural, utilizando-se, quando possível, da linguagem própria dos indivíduos que compõe os grupos estudados através para deixar a pesquisa mais viva e menos autoritária, praticando o exercício do deixar falar. A música é sem dúvidas uma das expressões culturais mais singulares, utilizada desde o início da humanidade em rituais religiosos, e que tem o poder de nos mostrar, além do que é simplesmente escrito ou falado. Ao compreendermos o crime como um empreendimento essencialmente cultural, encontra-se na música um material que nos faz compreender este fenômeno de forma muito mais complexa, principalmente ao considerarmos que a sociedade está em constante embate de forças para a construção da “realidade”.