O ensino de filosofia da ciência : algumas contribuições de Thomas Kuhn

Abstract

Analisando o ensino da Filosofia da Ciência, indagamos: Qual é a compreensão de docentes quanto à Filosofia da Ciência, sua metodologia de ensino, ciência, método e possíveis formas de colaborar com sua evolução? Qual é a caracterização daquele domínio de conhecimentos em sua perspectiva moderna e pós-positivista? Como as principais diretrizes e orientações curriculares posicionam-se em relação à mesma? Para tanto, a mesma desenvolveu um estudo de caso sobre o ensino daquela disciplina ministrada nos campis de uma rede federal de ensino. E contou com três corpus empíricos: 1) a pesquisa bibliográfica; 2) a entrevista semiestruturada; 3) a pesquisa documental. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida sobre a definição, a origem acadêmica e um dado recorte da Filosofia da Ciência moderna e pós-positivista. Para a metodologia de coleta de dados empíricos, utilizamos a entrevista semiestruturada. Após termos convidado os professores dos campis, que possuíam conteúdos daquela disciplina em seus planos de curso, entrevistamos os que aceitaram participar desse estudo. Eles foram indagados pela compreensão que tinham sobre: a) definição de Filosofia da Ciência; b) ciência e método científico; c) metodologia de ensino; d) possíveis contribuições à evolução da ciência. Recentemente normatizada como disciplina obrigatória no ensino médio, por meio da pesquisa documental, identificamos os Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio): Ciências Humanas e suas Tecnologias, o Parecer das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica e as Orientações curriculares para o ensino médio: Ciências humanas e suas tecnologias como os que trazem a sugestão do ensino de seus conteúdos aplicados à cientificidade (BRASIL, 2005, 2008d, 2013c). Por meio de uma pesquisa qualitativa, quanto ao resultado das entrevistas realizadas, para a maior parte deles, a Filosofia da Ciência foi definida como um espaço de reflexões sobre a cientificidade e sua metodologia de desenvolvimento. Sobre a percepção do conceito ciência, há um grupo menor de entrevistados que a defendem como sendo um conhecimento necessário e universal e que, para alcançá-la, deve-se aplicar necessariamente um determinado método em questão. De outro modo, outro grupo maior de entrevistados já entende a ciência como uma evolução cognitiva dada num espaço e tempo. Portanto, um conhecimento que se transforma e se modifica com o passar do tempo e não segue apenas a aplicação de um método preciso e rigoroso, mas que também se adapta e se ajusta às necessidades reais das pesquisas. Há também um grupo maior que defendeu o emprego de uma metodologia plural no fazer ciência e uma metodologia de ensino que atraia as novas gerações pelo uso dos mais variados recursos didáticos. Quanto a possíveis contribuições para a evolução da cientificidade, parte dos professores defendeu o desenvolvimento de projetos de iniciação científica e outra parte sugeriu o fomento pela reflexão e a autonomia do conhecimento pelo pensamento crítico, investigativo, analítico e reflexivo. De nosso aprofundamento no pensamento de Thomas Kuhn, ressaltamos significativos elementos filosóficos que possam colaborar com um contexto intuitivo, possivelmente indutor da passagem de uma ciência normal a uma ciência extraordinária a partir de problematizações e novas intuições.

Analyzing the teaching of Philosophy of Science, we inquired: what is the understanding teachers have about the Philosophy of Science, its teaching methodology, science, method, and possible ways of collaborating with its evolution? What is the characterization of the knowledge domain in its modern and post positivist approach? How do the main guidelines and curricular guidelines stand in relation to it? To this end, a case study was developed on the teaching of that discipline at campi of a federal education network. It featured three empirical corpora: 1) the bibliographical research; 2) the semi-structured interview; 3) the documentary research. The bibliographical research was developed about the definition, the academic origin and a clipping of modern and post positivist Philosophy of Science. For the methodology of empirical data collection, we used the semi-structured interview. After inviting teachers from the campi where the contents from that discipline were developed, we interviewed those who agreed to participate in this study. They were asked about the understanding that they had about: a) the definition of Philosophy of Science; b) the science and scientific method; c) the teaching methodology; d) the possible contributions to the evolution of the science. Recently standardized as a compulsory subject in high schools, through documentary research, we identified in the National Curricular Parameters (High School): Humanities and its Technologies, the Judgment of the National General Curriculum Guidelines of Basic Education and Curricular Guidelines for High School: Humanities and their technologies as the ones bringing the suggestion of teaching contents applied to scientific theories (BRAZIL, 2005, 2008d, 2013c). Through a qualitative research, as to the result of the interviews, for most of them, the Philosophy of Science has been defined as room for reflections on Science and its methodology development. On the perception of the concept of science, there is a smaller group of respondents that advocate it as universal needed knowledge, and, for reaching it, one must necessarily apply a set method. Otherwise, another large group of respondents understand the science as cognitive evolution at a given space and time. Therefore, knowledge that transforms and changes over time and does not just follow the application of an accurate and strict method, but that also adapts and adjusts to the real needs of researches. There is also a larger group that advocates the use of a plural methodology in science and a teaching methodology to attract the new generations through the use of various resources. For possible contributions to the evolution of science, part of the faculty defend the development of scientific initiation projects and another part suggest the encouragement of reflection and knowledge autonomy by critical, analytical, investigative and reflective thinking. From our digging deep in the thoughts of Thomas Kuhn, we emphasize significant philosophical elements that may collaborate with an intuitive context, possibly inducing the passage from an ordinary to an extraordinary science from the analysis of problems and new insights.