Abstract:
O hábito de comer carne torna-se cada vez mais eticamente questionável
considerando que, com os avanços da ciência, há diversas provas de que todos os
animais possuem capacidade de sentir, tanto prazer como dor, ou seja, são seres
sencientes. O comum é se pensar que os animais que não são dotados de
raciocínio são utilizáveis para o desfrute do ser humano, sendo para alimentação,
vestuário, testes de produtos ou qualquer outro capricho deste. Ocorre que, mesmo
não possuindo a capacidade de raciocinar, estes animais podem sofrer, e este
sofrimento é ignorado, pois encarado como uma simples reação mecânica, não
como um modo de demonstração de dor. O carnismo é uma ideologia baseada em
um sistema invisível, que condiciona a pessoa a comer alguns animais, mas outros
não. É um sistema que está na sociedade como o normal, o comum– configurando a
chamada “normose especista” –, não sendo tal hábito encarado como uma opção
(como o vegetarianismo o é), pois foi historicamente imposto que comer carne é
necessário, fazendo parte da natureza do ser humano, pois este está no topo da
cadeia alimentar. Ainda passíveis de observação, pelos impactos que geram, são os
efeitos colaterais da produção de carne. A pecuária está extremamente ligada ao
desmatamento, à poluição e a outros problemas que atingem o meio ambiente e o
bem-estar humano. No presente trabalho tratar-se-á sobre a invisibilidade – social,
psicológica e física -, deste sistema e seus efeitos. O objetivo é desvendar o porquê
desta ideologia arraigada na sociedade permanecer invisível por tanto tempo. Além
disto, procurar-se-á demonstrar a importância da percepção de todos os animais
como seres sencientes, devendo estes serem incluídos no ordenamento jurídico
brasileiro como sujeitos de direito. Não obstante, será tratado acerca da indústria da
carne e seus malefícios para o meio-ambiente, para os animais humanos e,
principalmente, para os animais não-humanos.
The habit of eating meat becomes increasingly ethically questionable considering
that, with advances in science, there are several tests that all animals have the
capacity to feel both pleasure and pain, that is, are sentient beings. The common
thinking is that animals are not endowed with reasoning are usable for the enjoyment
of the human being, to food, clothing, product testing or any other man's whim. It
happens that, while not having the ability to reason, these animals can suffer, and
this suffering is ignored, as seen as a simple mechanical reaction, not as a way to
show pain. The carnism is an ideology based on an invisible system, which
determines the person to eat some animals but not others. It is a system that is in
society as normal, common – setting called "normosis speciesist" – not in the habit
seen as an option (such as vegetarianism is) because it was historically tax that
eating meat is necessary, make is the nature of man, for this is at the top of the food
chain. Still subject to observation, the impacts they generate, are the side effects of
meat production. Livestock is closely linked to deforestation, pollution and other
problems affecting the environment and human well-being. In this study will be
treated on the invisibility – social, psychological and physical – of this system and its
effects. The goal is to discover why this ideology rooted in society remain invisible for
so long. In addition, it will be made to demonstrate the importance of perception of all
animals as sentient beings, which must be included in the Brazilian legal system as
subjects of law. Nevertheless, it will be treated on the meat industry and its harm to
the environment, humans and animals, mainly for non-human animals.